terça-feira, 4 de outubro de 2011

MP do Pará entra com 12ª. ação contra Usina de Belo Monte

Não respeitam as populações tradicionais da região de Volta Grande do Xingu no Pará, que são afetadas pelo empreendimento

O Ministério Público Federal do Pará (MPF/PA) entrou com a 12ª ação contra a Usina Hidrelétrica de Belo Monte. O novo processo, conforme nota divulgada nesta terça-feira (4) pelo órgão, pede novamente a suspensão das obras para que sejam resolvidas as "arbitrariedades e ilegalidades" cometidas pela Norte Energia - consórcio responsável pelas obras - contra agricultores da região da Transamazônica que deverão perder suas terras para dar lugar à usina.

O MPF/PA acusa o consórcio de expropriar as terras sem ter elaborado o cadastro socioeconômico da população atingida. Segundo o órgão, os agricultores não sabem quando terão que deixar suas casas, para onde serão removidos nem os critérios que serão usados no processo de indenização.

Segundo o Ministério Público, a situação é tão crítica que a Norte Energia vem sendo acusada seguidas vezes de invadir a residência de trabalhadores rurais e já há um caso de uma casa derrubada sem que tenha ocorrido acordo entre o consórcio e a família de agricultores.

Outro complicador apontado pelo MPF/PA é a recusa do Ministério do Desenvolvimento Agrário em fazer a regularização fundiária na região afetada, conforme estava previsto no programa Terra Legal. "O MDA informou que, já que a região será alagada, decidiu não implantar o programa", diz a nota. Para o MPF, isso deixa os agricultores em posição de total fragilidade diante da Norte Energia.

"Tal situação coloca a chamada Volta Grande do Xingu justamente em evidência e com necessidade de máxima prioridade no cronograma do MDA. As ocupações regularizadas pelo MDA terão seu real valor estimado por órgão governamental, fazendo com que a indenização prévia, justa e em dinheiro a ser feita tenha como origem trabalho realizado não apenas pelo maior interessado em estipular o preço a ser oferecido aos ocupantes: a Norte Energia", diz o MPF, por meio da ação judicial.

O MPF quer que as obras sejam suspensas e que a empresa seja obrigada a fazer em 60 dias o cadastro socioeconômico, respondendo: quem será atingido, quando será atingido, quais os critérios de indenização para cada família, os valores que serão recebidos por cada família, quando ocorrerá a indenização e qual o local e a infraestrutura para reassentamento de quem for retirado da área.

O MPF pediu ainda ao juiz federal que proíba a Norte Energia de ingressar nos domicílios e terras dos moradores da Volta Grande do Xingu e que determine ao MDA o início imediato do processo de regularização fundiária na região, para que seja concluído em até 120 dias. (AE)

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