quarta-feira, 13 de julho de 2011

Conflito no campo: brasiguaios X sem terras paraguaios= exodo




Êxodo de brasiguaios

Os brasiguaios, acampados há mais de um ano na BR-163, em Itaquiraí, extremo Sul do estado, deixaram nesta terça-feira o local, mas o destino deles ainda não é um assentamento definitivo. Cerca de 500 famílias foram retiradas do local. Por determinação da Justiça, deveriam ir para um assentamento provisório em Itaquiraí, mas as famílias não foram. Todos decidiram acampar à beira da BR-487, que dá acesso ao Paraná.

Os líderes do movimento afirmam que a área onde eles seriam instalados é destinada a construir escola e infraestrutura de saúde aos assentados de Itaquiraí e que os brasiguaios precisam de terra para plantar.

- As familias iriam ficar encurraladas - afirma um deles.

A desocupação da área na BR-163 foi feita após acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, que informou que fará obras na estrada. O Ministério Pùblico argumentou que a permanência à beira da estrada representava risco constante às famílias.

Na década de 70, muitos brasileiros foram para o Paraguai em busca de terra barata e emprego. Muitos formaram famílias e cultivavam terras no país vizinho. Nos últimos três anos, conflitos com sem-terra do Paraguai trouxeram vários de volta. As lavouras foram destruídas e eles se disseram ameaçados. Entre os que vieram para o Brasil, vários são analfabetos e vieram até mesmo sem documentos, pois nunca foram registrados. (O Globo)

Brasiguaios em alerta no Paraguai


Sem terras paraguaios

Decididos a pressionar o governo paraguaio, agricultores brasileiros dos estados de Alto Paraná e Canin­deyú começam hoje um tratoraço em duas das principais rodovias de acesso a Encarnación, na fronteira com a Argentina, e à capital Assun­ção. A manifestação, que já vinha sendo estudada pelos líderes de agremiações agrícolas, foi decidida no final da tarde de ontem, em resposta às agressões sofridas pelo pro­­dutor Ademir Rickli, atacado por um grupo de sem-terra que ha­­via sido desalojado há uma semana. Por volta das 10 horas, Rickli, irmãos, filhos e funcionários pretendiam limpar a área antes ocupada por pelo menos 40 famílias de sem-terra, agora acampadas às margens da rodovia. Assim que começaram o trabalho foram atacados por um grupo de 15 homens armados com paus, pedras e facões. “Foi uma emboscada. Meu pai acabou atingido no rosto e na cabeça por golpes de facão e pedra”, contou o Ademir Rickli Júnior. O agricultor passa bem. Revoltados, cerca de 20 produtores rurais bloquearam a via por quase quatro horas.

Há quase três meses impedidos de plantar, proprietários que tiveram as terras invadidas denunciam uma série de arbitrariedades sustentadas por instituições ligadas ao próprio governo paraguaio. “Os campesinos [sem-terra paraguaios] chegam, acampam e exigem que a gente saia da propriedade, dizendo que são os verdadeiros donos”, afirmou Rickli Júnior, há 12 anos em San Rafael del Paraná, no país vizinho. De acordo com o brasileiro, os campesinos são auxiliados por falsificadores de títulos que têm como alvos as propriedades produtivas.

“Queremos apenas que respeitem os nossos direitos e que possamos trabalhar em paz. Nosso lugar não é aqui protestando, é na terra produzindo”, comentou o agricultor Adair Matei, desde 1979 em Formosa, a cerca de 100 km de Ciudad del Este, na fronteira com Foz do Iguaçu. “Precisamos que o governo paraguaio faça a sua parte e garanta a nossa segurança”, completou o presidente da Associação Agrícola de Alto Paraná, Adir Lui. Um dos mais ricos do país vizinho, o estado reúne cerca de 6 mil brasileiros que plantam soja.

Apoio

Capital da imigração brasileira na década de 1970, Santa Rosa e municípios vizinhos como Santa Rita, Naranjal e Cedrales são responsáveis por quase toda a produção de grãos do Paraguai. “Estamos trabalhando aqui há mais de 30 anos, sempre por conta própria. Do Brasil não recebemos quase atenção nenhuma. Temos o apoio apenas de um ou outro prefeito e governadores paraguaios”, disse o agricultor Luís Zuchi. Manifes­tantes com tratores e máquinas se concentraram em pelo menos cinco localidades da região.

Preocupados com o acirramento dos conflitos por terra em Alto Paraná, prefeitos decretaram estado de emergência. A iniciativa permite que acionem o governo paraguaio e organismos internacionais para que o impasse possa ser resolvido. “Queremos dar uma solução pacífica para essa questão. Estamos esperando uma resposta. Caso nada seja feito, é bom que saibam que temos força para parar o país”, ameaçou o prefeito de Santa Rita, Concepción Rodríguez, adiantando que a partir de amanhã o comércio poderá ser fechado. (AE)


Agricultores paraguaios fazem marcha contra "brasiguaios" e por reforma agrária

Ocupação de fazenda de brasiguaios

Milhares de agricultores ocuparam nesta terça-feira as ruas da capital paraguaia para exigir do governo do socialista Fernando Lugo a implementação das reformas que o presidente prometeu. Este foi o maior protesto do setor desde que o ex-bispo católico assumiu a Presidência.

Cerca de 10 mil agricultores, segundo a polícia, marcharam por Assunção e se reuniram nas praças em frente ao Congresso, onde reivindicaram ações para enfrentar um ano marcado pela crise econômica, seca e baixos preços das matérias-primas no país agroexportador.

Entre as exigências dos agricultores, está um subsídio alimentício por um período de seis meses para as regiões atingidas pela seca, o fornecimento de sementes para o próximo plantio e uma ação regulatória que priorize o crédito.

"Para nós, a mudança nunca chegou, tudo continua como era antes de 20 de abril", disse a jornalistas a dirigente da Federação Nacional Agrícola (FNC), Teodolina Villalba, referindo-se a data em que Lugo venceu as eleições.

O presidente Lugo se comprometeu a analisar os pedidos de subsídios, reforma agrária e combate ao latifúndio entregues hoje por um grupo camponês durante um grande protesto de caráter anual, ocasião em que agricultores brasileiros também foram alvo de reclamações.

Mulheres, idosos e jovens formavam parte do protesto que a FNC conduz desde 1994, na qual manifestantes portavam bandeiras e cartazes exigindo pela reforma agrária.

"Os centros de saúde estão desabastecidos, as escolas não têm carteiras nem livros, e as comunidades continuam sem serviços básicos", acrescentou Villalba durante manifestação que aconteceu sem incidentes, em meio a uma grande operação de segurança feita pela polícia.

Lugo acabou com seis décadas de governo do conservador Partido Colorado com a promessa de lutar contra a pobreza e a corrupção, vencendo com o apoio de grupos agrícolas, sindicalistas e organizações sociais.

Ele adiou uma viagem ao sul do país junto com o presidente do Equador, Rafael Correa, para receber dirigentes que também criticaram o "plano anticrise" elaborado pelo governo por considerarem que não beneficia seu setor.

Lugo deve modificar sua agenda oficial de hoje para receber os agricultores e, posteriormente, prosseguir com as atividades previstas com seu colega equatoriano, Rafael Correa, o qual termina nesta terça-feira uma visita de dois dias ao Paraguai.

"Brasiguaios"

Uma das queixas levadas a Lugo por dirigentes da FNC, a maior do Paraguai, diz respeito ao aumento do número dos chamados "brasiguaios" --apelido dado aos milhares de produtores brasileiros que ocupam a faixa fronteiriça com o Brasil.

Em sua maioria, os "brasiguaios" se dedicam ao cultivo da soja, principal fonte de renda do Paraguai, em grandes extensões de terra. Segundo números extraoficiais, quase 200 mil "colonos" brasileiros residem no país vizinho.

A FNC reúne cerca de 270 mil famílias de pequenos lavradores os quais em sua maioria cultivam algodão e cuja produção se encontra em franco retrocesso devido ao avanço das plantações mecanizadas de soja.

Dirigentes da federação foram recebidos em uma audiência por Lugo na sede do Governo após a manifestação.

Odilón Espínola, secretário-geral da FNC, declarou em entrevista coletiva que os dirigentes expressaram a Lugo a necessidade do pagamento de subsídios para o setor agrícola após a elaboração de uma análise dos efeitos causados pela seca nos cultivos paraguaios nos últimos meses.

Segundo Espínola, a conversa não discutiu quantidades de recursos financeiros para a ajuda. O secretário-geral assegurou que a seca afetou 90% dos cultivos em algumas regiões do Paraguai e explicou que algumas famílias perderam inclusive sua produção de subsistência.

Lugo disse que os subsídios devem incluir o pagamento ou o perdão das dívidas contraídas pelos camponeses para a aquisição de sementes e outras matérias-primas, assim como a assistência alimentar para as áreas mais afetadas. (Uol)

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