quinta-feira, 28 de julho de 2011

Arqueópterix não era ave primitiva, dizem chineses

Um dos mais famosos fósseis do mundo, que pertenceria à primeira ave conhecida, recebeu um presente ingrato no aniversário de 150 anos de sua descoberta. Uma nova análise de cientistas chineses sugere que o arqueópterix não é uma ave, mas um dinossauro alado.

O arqueópterix viveu há cerca de 150 milhões de anos. Tinha asas e penas, mas também características distintas das aves, como dentes e cauda óssea. Descoberto em 1861 na Alemanha, dois anos após Charles Darwin publicar A Origem das Espécies, ele rapidamente se tornou um ícone da evolução.

A nova análise está na revista Nature, assinada por membros da Academia Chinesa de Ciências, de Pequim. Eles compararam 384 características anatômicas específicas de 89 espécimes para calcular como os animais estavam relacionados. O resultado foi uma linha evolutiva que agrupou o arqueópterix com o deinonychosauro, um carnívoro bípede e primo das aves.

Esse resultado só apareceu quando a análise incluiu um dinossauro até agora desconhecido, semelhante ao arqueópterix, que os pesquisadores apelidaram de Xiaotingia zhengi. Ele tinha o tamanho de uma galinha e viveu há 160 milhões de anos na província chinesa de Liaoning.

O arqueópterix se insere numa seção da árvore genealógica que tem sido reformulada nos últimos 20 anos e segue incompleta. Nela estão dinossauros pequenos e bípedes que teriam sido os primeiros a voar.

Para o ornitólogo Alexandre Aleixo, curador da coleção de aves do Museu Goeldi, em Belém (PA), "esse resultado altera um pouco a visão que tínhamos das cerca de 10 mil espécies de aves já identificadas". Ele recorda que estudos publicados nas últimas décadas já questionavam a ideia equivocada de que todo animal com pena é ave.

Aleixo admite que o trabalho dos chineses conta com margem de erro significativa e poderá sofrer revisões. Mas crê que os resultados são fortes o bastante para questionar o consenso estabelecido. Também mostram como o conhecimento da biodiversidade - presente e passada - engatinha. "O arqueópterix faz 150 anos. Nesse período, o homem foi à Lua e sequenciou seu genoma", compara. (AP)

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