sábado, 9 de abril de 2011

Ao fim de 100 dias, Dilma começa a imprimir sua marca

A presidenta Dilma Rousseff fez uma solicitação expressa aos seus assessores e ministros nas últimas semanas: ninguém deve se manifestar com avaliações sobre seus primeiros 100 dias de Presidência, que se completam no domingo. A tese por trás da ordem é de que seu governo é de continuidade em relação ao do antecessor Luiz Inácio Lula da Silva, e não de ruptura. Na prática, entretanto, a presidenta já começa a imprimir sua marca no novo governo, seja no estilo administrativo ou nas decisões de impacto internacional. De quebra, já lida com seus próprios fantasmas no comando do mais alto cargo do Executivo.

Embora o pragmatismo de Dilma ainda não tenha sido posto à prova, suas nuances pessoais já se traduzem em mudanças na rotina do governo. A chefe durona da Casa Civil, que distribuía broncas pelos corredores do Palácio do Planalto, começa a dar lugar a uma presidenta mais discreta, rígida e exigente, que delega aos auxiliares de sua confiança a tarefa de cobrar resultados. Claramente orientados sobre o estilo que passou a pautar o dia-a-dia do governo, todos os 37 integrantes da Esplanada conseguiram manter seus cargos até agora. Dentro da equipe, entretanto, os primeiros meses de governo deram margem para altos e baixos, na medida em que Dilma foi abandonando a postura de colega de Esplanada para se transformar na “chefa”.
Para os que enxergam o governo do lado de fora, o estilo da Dilma também já é visível. Seu histórico de perseguição política vem se traduzindo em uma diplomacia mais alinhada à defesa dos direitos humanos do que à temática social. Já sua visão econômica, de maior intervencionismo estatal, resultou em decisões como a saída do presidente da maior companhia privada do País, a Vale. Demonstra ainda a disposição de tomar medidas rígidas como a elevação da tributação sobre operações financeiras diante da preocupação com o risco inflacionário, principal desafio a rondar o novo governo. Ainda assim, Dilma tem sido capaz de surpreender ao empresariado.

Ao desafio de manter a coesão no Congresso, soma-se a tarefa de garantir a satisfação dos partidos aliados também nos Estados. Dentro de sua própria legenda, o PT, nomes como o governador da Bahia, Jaques Wagner, já depositam na presidenta as esperanças que antes lançavam sobre Lula para garantir seu futuro político. Há ainda nomes como Tarso Genro, que tenta replicar o modelo do ex-presidente no Rio Grande do Sul, mas já enfrenta as primeiras resistências.

No Mato Grosso, o governador Silval Barbosa (PMDB) trilha um caminho parecido com o da presidenta enquanto está empenhado em se livrar da sombra do antecessor Blairo Maggi, que o elegeu. Enquanto isso, Roseana Sarney (PMDB) tenta cumprir no Maranhão as promessas que fez ao longo da campanha.

No aliado PSB, Dilma assiste ao empenho do governador do Ceará, Cid Gomes, de contornar os altos e baixos neste início de segundo mandato e consolidar as conquistas feitas durante os primeiros quatro anos de governo. E deixa o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à espera de uma visita, enquanto acompanha nos bastidores sua movimentação por uma candidatura futura ao Palácio do Planalto.

Em outros Estados, por outro lado, as atenções se voltaram a outra direção. É o caso do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que chega ao cabo de pouco mais de três meses no cargo empenhado em se livrar da marca do antecessor José Serra na administração do maior colégio eleitoral do País. Ou ainda do também tucano Beto Richa mostra nos primeiros meses de sua administração uma linha de ação semelhante à do antecessor Roberto Requião (PMDB), seu inimigo político. (iG)

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