segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

SINDROME DE ESTOCOLMO???? Tapeceiro e amante voltam ao "cativeiro" e acusam polícia de truculência


Depois de pagar fiança de R$ 1.237,68 e ser liberado da delegacia de Mariluz, o tapeceiro Francisco Ribeiro, 60 anos, voltou para a casa onde supostamente manteve a amante, Clarice Laura de Oliveira, 45 anos, em cárcere privado por cerca de dez anos, na tarde de sábado (5). O detalhe que mais chamou a atenção é de que a mulher voltou com ele para o “cativeiro” por vontade própria.

Ribeiro foi preso na quinta-feira (3), acusado de mantê-la em cárcere privado. A polícia descobriu o caso depois que uma denúncia anônima foi feita ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). Assim que deixou a prisão, ele passou na casa da cunhada, onde estava a amante, e os dois foram, então, para o “cativeiro”. “Queremos ser felizes neste humilde ‘cativeiro’”, ironizou o tapeceiro.

Quando a Polícia Militar (PM) entrou a casa na quinta-feira (3), Clarice parecia debilitada, mas sem indícios de agressões físicas. A casa estava com portas e janelas trancadas, tinha muros altos e cães de grande porte soltos pelo quintal. Durante a busca na casa, os policiais acharam duas armas de fogo embaixo do guarda-roupa - um revólver calibre 38 (com seis cartuchos) e uma espingarda calibre 36.

Para Ribeiro, a ação da PM foi precipitada. “Ninguém nos chamou na delegacia para perguntar o que de fato estava acontecendo”, reclamou. “Chegaram atirando contra os cães, contra a casa e arrebentando a porta com os pés, como se aqui morasse bandidos de alta periculosidade.”

O tapeceiro acrescentou que a ação dos policiais causou pânico em Clarice. “A mulher quase morreu do coração, pensou que eram bandidos tentando arrombar a casa. Nunca tivemos nenhum problema com a polícia para ser tratados como bandidos”, disse.

O relacionamento

Ribeiro contou alugou a casa há oito anos. Por medo de ladrões, rodeou o terreno com as chapas de aço, com cerca de dois metros de altura cada uma – algumas já estavam podres. “Quem luta para ter um simples talher, protege da forma como o bolso pode. Ela não saia de casa, porque não suporto mulheres que vivem falando mal da vida alheia com as vizinhas. Se cada um cuidasse da própria vida, o mundo poderia estar bem melhor”, afirmou. Para a PM, porém, ele disse que a mantinha trancada porque ela teria transtornos mentais.

Ribeiro acredita que a denúncia partiu de vizinhos e parentes que não aceitam o seu relacionamento com duas mulheres – ele tem outra família. “Se posso sustentar as duas sem depender de ninguém, vizinhos e parentes têm de cuidar da própria vida”, criticou.

Localizada em uma das ruas mais afastadas de Mariluz, a casa de seis cômodos de madeira tem apenas um cadeado em uma das janelas de um dos três quartos. “Todos os cômodos têm janelas e ela tinha a chave de todas as portas, poderia sair à hora que bem entendesse. Como alguém pode passar 10 anos em um ‘cativeiro’ assim? Aqui nunca foi e nunca será a casa dos horrores”, disse Ribeiro.

Ele contou que três vezes por dia fazia visita a amante, mas que não dormia na casa. “Ela tinha um celular para emergência. Durante a noite, cuido da esposa que tem a saúde debilitada”, afirmou. Segundo uma neta , que não quis se identificar, o avô tem os mesmos hábitos de proibir que a avó saia de casa sozinha. “Raramente ela tira os pés de casa. Rádio e televisão nem pensar”.

A família condena a atitude de Ribeiro. “Como é ele que sustenta a casa, não podemos interferir muito. Só que, depois dessa situação, ele não vai mais colocar os pés aqui”, disse a neta.

Antes de retornar ao cativeiro

Ainda na casa da irmã, Clarice, chorando muito, lamentou a prisão de Ribeiro e disse que ficava trancada em casa porque gostava. “Ele nunca me obrigou nada, sempre me tratou bem e nunca deixou faltar comida. Vivia feliz com ele, nunca me senti aprisionada e não estava lá obrigada. O único defeito dele era ser ciumento, mas gosto muito dele, nada vai impedir de voltar a morar na mesma casa. Os cães e as armas eram para me proteger”, disse.

Segundo o Creas, Clarice só podia lavar as roupas dentro de casa. Para estendê-las no varal do quintal, tinha de esperar por Ribeiro. No entanto, ela disse à reportagem da Gazeta Maringá que aguardava o amante para fazer o serviço, porque ele a ajudava. “Eu não achava ruim ele me ajudar”.

De acordo com o escrivão da delegacia de Mariluz, Edson Lima de Almeida, o tapeceiro vai responder em liberdade pelos crimes de cárcere privado e porte ilegal de armas. Clarice vai passar por exames para atestar sua saúde mental.
Família de Clarice
Clarice tem apenas uma irmã que mora em Mariluz. Segundo a psicóloga Débora Stela, que trabalha no Creas, a irmã sabia do cárcere privado, mas não denunciava porque era ameaçada pelo tapeceiro.
Além de Ribeiro, o único contato que Clarice tinha com o mundo exterior era com a irmã, que a visitava, de forma bem restrita, uma única vez por semana.

Fonte: GM


*Sindrome de Estocolmo

As vítimas começam por identificar-se emocionalmente com os sequestradores, a princípio como mecanismo de defesa, por medo de retaliação e/ou violência. Pequenos gestos gentis por parte dos captores são frequentemente amplificados porque, do ponto de vista do refém é muito difícil, senão impossível, ter uma visão clara da realidade nessas circunstâncias e conseguir mensurar o perigo real. As tentativas de libertação, são, por esse motivo, vistas como uma ameaça, porque o refém pode correr o risco de ser magoado. É importante notar que os sintomas são consequência de um stress físico e emocional extremo. O complexo e dúbio comportamento de afetividade e ódio simultâneo junto aos captores é considerado uma estratégia de sobrevivência por parte das vítimas.

É importante observar que o processo da síndrome ocorre sem que a vítima tenha consciência disso. A mente fabrica uma estratégia ilusória para proteger a psique da vítima. A identificação afetiva e emocional com o sequestrador acontece para proporcionar afastamento emocional da realidade perigosa e violenta a qual a pessoa está sendo submetida.

Fonte: WIKIPÉDIA

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