segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Êxodo de brasileiros volta a ganhar força em 2009 e é recorde na década

Da BBC

Apesar da crise nos países ricos, o êxodo de brasileiros para o exterior voltou a ganhar força em 2009 após cair em 2008 e atingiu o maior patamar da década, sugere um levantamento realizado a partir do saldo de entradas e saídas nos aeroportos brasileiros.

Em 2009, o número de passageiros que entraram e saíram do Brasil por via aérea apontou para uma saída líquida de aproximadamente 90 mil pessoas.
No ano anterior, os números revelavam um fenômeno inverso. O saldo foi negativo, indicando que, em 2008, cerca de 28 mil pessoas a mais entraram no país em relação as que saíram.

"(O ano de) 2008 foi claramente um ano especial. A crise veio muito forte e atingiu o mercado de trabalho, principalmente nos países para onde a migração estava se dirigindo. Em 2009, a saída líquida voltou a aumentar. Foi uma velocidade surpreendente", considera Victor Hugo Klagsbrunn, autor do levantamento que aponta para o que o autor chama de "saldo migratório", calculado com base em dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Desinformação

O saldo positivo de 2009 após a queda em 2008 surpreende quando se compara o desempenho das economias ricas com a brasileira. Enquanto o Brasil começava a sair da crise em 2009, registrando um crescimento de 0,2% no Produto Interno Bruto (PIB), a crise atingia em cheio os países ricos. A economia da União Europeia, por exemplo, principal destino de brasileiros em busca de uma vida melhor no exterior, teve queda de 4,2% em 2009. Nos Estados Unidos, a queda no PIB foi de 2,4%, e no Japão, de 5%.
De acordo com Williams Gonçalves, professor de relações internacionais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), um dos fatores que podem explicar essa aparente contradição é a falta de informação sobre a gravidade da crise entre os novos imigrantes.

"Estive recentemente em Portugal e encontrei gente arrumando as malas para voltar, dizendo que a situação econômica está muito ruim. Ao mesmo tempo, encontrei muita gente chegando. São pessoas que formam a ideia de que o mercado lá fora é melhor e vão, sem nem saber direito da crise", conta.

Klagsbrunn aponta ainda uma outra explicação para o fenômeno. A despeito do crescimento da economia brasileira, para muitos, tentar a vida no exterior ainda parece uma opção melhor. Para ele, a redistribuição de renda com o Bolsa Família e o aumento do salário mínimo beneficiou a classe baixa, mas uma grande parcela da classe média permanece sem perspectiva de crescimento no Brasil.

"Perguntam por que o pessoal continua saindo se o Brasil está bombando. Não é bem assim. Muita gente, por exemplo, tentou a ascensão social por meio do curso universitário, mas não conseguiu e ficou sem perspectiva", diz.

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