segunda-feira, 22 de novembro de 2010

AMÉRICA DO SUL: Mineração ilegal põe em risco rios e florestas


Opinião e Notícias

A riqueza das minas de ouro é um dos motivos pelos quais a economia do Peru deve crescer 9% em 2010. Mas o preço elevado do ouro, do qual o Peru é o sexto maior produtor do mundo, também trouxe uma consequência negativa: mineiros ilegais estão destruindo a floresta tropical do país e poluindo os rios com toneladas de mercúrio, usado para separar o ouro dos minérios.

Em Madre de Dios, no sudeste do país, exploradores solitários deram lugar a mineiros ilegais em escala industrial que utilizam escavadeiras e barcaças, e – de acordo com o Conservation International, um grupo sediado em Washington – extraem cerca de 16 toneladas anualmente (avaliadas em mais de US$ 690 milhões, de acordo com os preços atuais). O ministro do meio ambiente, Antonio Brack, afirma que os mineiros derrubaram mais de 150 mil hectares de floresta, e pesquisadores encontraram altos níveis de mercúrio nos peixes pescados em Madre de Dios.

O governo recentemente convocou uma unidade policial antiterrorista para combater os mineiros. Mas Brack acredita que apenas o exército pode realizar a missão. Outros membros do governo afirmam que o exército não pode ser usado contra cidadãos armados sem uma nova lei que proteja as tropas de acusações de abusos contra os direitos humanos.

Essas preocupações não impediram que outros países da América do Sul usassem seus exércitos contra os mineiros ilegais. Em outubro, o presidente boliviano, Evo Morales, enviou tropas às planícies baixas da região de Santa Cruz para combater a mineração do ouro. Lima afirma que a soberania também corre riscos: muitos dos mineiros são paraguaios ou brasileiros, e mais de 50 mineiros estrangeiros já foram presos pelos soldados.

Na Colômbia existem temores de que guerrilhas e milícias paramilitares estejam lucrando com a mineração ilegal. O Equador e a Venezuela também colocaram seus exércitos para agir contra os mineiros. Talvez as Forças Armadas tenham descoberto seu novo papel – até que os preços do ouro voltem ao normal.


Por toda a Amazônia brasileira a realidade não é diferente, um exemplo:

A reportagem é de Kátia Brasil e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 03-10-2010.

Aberto no início de 2007, o garimpo do Juma atraiu mais de 10 mil pessoas de várias partes do país ao sul do Amazonas. Uma comissão coordenada pela Casa Civil, então chefiada por Dilma Rousseff, tentou viabilizar a exploração sustentável do garimpo após pedido do ex-governador Eduardo Braga (PMDB).

Mas com o desmatamento e assoreamento dos rios descontrolados, o Ibama barrou a atividade na Justiça Federal. O licenciamento do garimpo seria autorizado pelo governo do Amazonas.

Imagens áreas mostram o resultado da ação devastadora contra a floresta em uma das regiões mais intocadas da Amazônia. Na busca de ouro, os garimpeiros abriram crateras na mata virgem, a maior com 50 metros de largura. Com picaretas, eles escavaram encostas e fizeram nelas galerias e trincheiras.

Nas galerias abriram buracos de oito metros de profundidade, o que lembra o garimpo de Serra Pelada, no Pará. "É uma degradação grande, só recuperável com projetos realizados pelo órgão estadual", afirma Santos.

Ao menos 500 pessoas continuam no garimpo de forma clandestina, Por isso, diz oIbama, o dano ambiental pode ser maior - o que é negado pela cooperativa dos garimpeiros do Juma.

A entidade diz que 40 quilos de ouro chegaram a ser tirados por mês. "Agora eles tiram dois, três quilos, mas o garimpo só tem associados da cooperativa, não entra mais ninguém", diz o garimpeiro Paulo César Lourenço.

O DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), órgão federal que autoriza a lavra, diz que o garimpo do Juma está totalmente irregular, contaminando com mercúrio o rio que dá nome à região. "Por que não mandam fechar o garimpo?", questiona o geólogoFred Cruz, chefe de serviço do DNPM, órgão que faz parte da comissão da Casa Civil.

À Folha o Ipaam (Instituto Proteção Ambiental do Amazonas), órgão estadual de combate o desmatamento, disse que o dano ambiental provocado pelo garimpo do Jumaestá em fase de dimensionamento e que o objetivo do governo é reabrir a lavra.

O órgão, diz o Ipaam, está orientando os garimpeiros sobre o licenciamento da atividade e instruindo-os a evitar a contaminação: "Está sendo delineado um projeto de recuperação da área por meio de viveiro de mudas diversas a ser executado pelos próprios garimpeiros".

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