quarta-feira, 12 de maio de 2010

Estudo indica que os humanos atuais se miscigenaram com os neandertais


Segundo cientistas alemães os humanos modernos carregam de 1% a 4% de genes de neandertais.

Um estudo mostrou que todos os humanos, exceto os de ancestralidade puramente africana, tem em seu DNA uma contribuição de 1% a 4% de elementos genéticos de neandertais, indicando que as duas espécies cruzaram entre si e geraram descendentes comuns.

O estudo de quatro anos, liderado pelo instituto alemão Max Planck com colaboração de várias universidades de outros países e divulgado na publicação científica Science, desvendou o genoma, ou código genético, dos homens de Neandertal, espécie extinta há aproximadamente 29 mil anos.

As conclusões surpreenderam especialistas, já que evidências anteriores sugeriam que os neandertais não haviam contribuído para nossa herança genética.

O estudo também confirma que quase a totalidade dos humanos descende de um pequeno grupo de africanos que se espalhou pelo planeta, entre 50 e 60 mil anos atrás.

Traços da contribuição genética do neandertal foram encontrados em populações europeias, asiáticas e da Oceania.

"Eles não foram totalmente extintos, vivem um pouco em nós", disse o professor Svante Paabo do Max Planck em Leipzig.

O professor Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres, disse que "o que realmente nos surpreendeu foram as evidências de que ocorreu algum tipo de cruzamento entre neandertais e humanos modernos".

Outros especialistas se disseram surpreendidos com a relativamente alta quantidade de material genético do neandertal (até 4%) em humanos modernos.

Este cruzamento pode ter ocorrido quando os humanos deixavam o continente africano, talvez no norte da África ou na península arábica.

Segundo a teoria que diz que o mundo foi povoado a partir da África, o homo sapiens substituiu gradativamente as populações indígenas de outras regiões, como os neandertais.

Pesquisas anteriores indicavam a Europa como o local mais provável para as duas espécies terem se encontrado e possivelmente trocado genes.

O genoma sequenciado usou DNA dos restos de três neandertais descobertos em uma caverna na Croácia.

Um dos desafios do projeto foi extrair material genético aproveitável dos ossos, que possuíam dezenas de milhares de anos de idade. (BBC)

Eram ruivos

A temporada de caça aos genes dos neandertais acaba de produzir um fruto, digamos, fashion: ao que tudo indica, pelo menos alguns desses hominídeos troncudos tinham em comum com Julia Roberts uma vasta cabeleira ruiva. O mais curioso é que, ao contrário do que se especulava, essa característica parece ter surgido de forma independente -- uma espécie de evolução convergente do cabelo avermelhado e da pele muito clara.

A pesquisa, publicada online na prestigiosa revista especializada "Science" , achou uma versão do principal gene responsável por essas características em dois neandertais bem separados no espaço e no tempo. "Um dos fósseis vem de Monti Lessini, na Itália, e tem 50 mil anos, enquanto o de El Sidrón, na Espanha, tem 43 mil anos de idade", contou ao G1 por telefone o pesquisador espanhol Carles Lalueza-Fox, da Universidade de Barcelona.

DNA é simplesmente uma desgraça em termos de contaminação. Basta você encostar sua mão numa mesa para que ela fique sujíssima com seu material genético. Isso tem levado muita gente a contestar os resultados das análises de DNA neandertal. "Acho que estamos conseguindo resolver isso. Nesses casos, amplificamos [produzimos cópias] uma série de outras regiões do DNA, e todas elas não têm nenhuma semelhança com humanos modernos", diz Lalueza-Fox.

A equipe ainda se deu ao trabalho de procurar as mesmas alterações do mc1r em todos os pesquisadores do grupo e em 3.000 humanos modernos. Não achou nada parecido -- confirmando que se tratava de uma mutação genuinamente neandertal. Para fechar o cerco, copiaram a versão antiga do gene e a enfiaram em células humanas atuais, para ver o que ela fazia. Ou melhor, não fazia: tratava-se mesmo de uma versão enfraquecida do gene.

"Não sabemos se os neandertais em questão tinham uma cópia ou duas cópias do gene", explica o pesquisador de Barcelona. Em tese, se a pessoa tiver duas cópias -- uma do pai e outra da mãe -- teria realmente pele claríssima e cabelo muito ruivo. "De toda forma, achamos que os neandertais apresentavam toda a variedade de tons de pele e cabelo que existe no norte da Europa hoje."

Existe um longo debate sobre a razão de a humanidade ter desenvolvido olhos e cabelos claros. Há quem fale em seleção sexual -- as características teriam simplesmente sido consideradas "sexies", e por isso se espalhado. Outros apostam na seleção natural: em locais com pouca luz solar ao longo do ano, a pele clara deixa passar mais os raios do Sol e facilita a produção de vitamina D pelo organismo.

"Acho que nosso trabalho dá apoio à seleção natural como causa. Em lugares quentes, havia pressão para se manter a pele escura como proteção, mas assim que você deixa essas regiões a pigmentação fica mais livre", diz Lalueza-Fox.

Ele aposta que esse primeiro vislumbre da aparência viva de nossos parentes extintos é só o começo. "É a primeira vez que conseguimos comparar diretamente a função de um gene neandertal com o nosso, e isso certamente vai trazer muita informação não só sobre eles, mas também sobre nós mesmos", afirma o espanhol.(G-1)

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