terça-feira, 28 de agosto de 2012

Pagot pediu dinheiro para campanha de Dilma


O ex-diretor geral do Dnit Luiz Antonio Pagot confirmou nesta terça-feira (28), em depoimento àCPI do Cachoeira, ter procurado dezenas de empresas com contratos com o órgão para que elas fizessem doações para a campanha da presidente Dilma Rousseff, em 2010. Ele afirma que as abordagens, e as doações que se efetivaram por parte dessas empresas, foram legais. De acordo com Pagot, as contribuições não tinham relação com eventuais atos administrativos do Dnit, órgão comandado por ele.
Pagot já tinha trazido o assunto à tona em entrevista realizada antes da aprovação de sua convocação para CPI, mas agora apresentou mais detalhes. O ex-diretor do Dnit relatou aos parlamentares ter sido procurado em 2010 pelo então tesoureiro da campanha de Dilma, José de Filippi Júnior. Ele afirma ter mostrado a Filippi uma lista de 369 empresas que tinham contrato em vigor com o Dnit à época.
O tesoureiro então, segundo Pagot, pediu para que ele procurasse "30 ou 40" empresas com contratos no Dnit para que contribuíssem com a campanha de Dilma. Segundo o ex-diretor, o pedido do tesoureiro não envolvia uma conotação de achaque às empresas. "Ele disse: não se preocupe com as maiores, que isso é assunto do comando da campanha, mas se você puder procurar umas 30, 40, peça para fazer doação na conta de campanha", relatou Pagot.
Lula
Pagot afirmou em depoimento que recebeu a determinação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que fizesse "as obras que o Brasil espera". Quando convidado por Lula para ingressar no governo federal, em 2007, a orientação do ex-presidente foi para que ele superasse as burocracias do governo federal e tocasse obras. Segundo ele, Lula "necessitava de um tocador de obras".
"Não se aflija com as adversidades, supere a burocracia e faça as obras que o Brasil espera. Apoio você vai ter", disse o ex-presidente, segundo relato de Pagot aos parlamentares. "Muito obrigado, presidente Lula, principalmente pelo apoio que nunca me faltou."
As declarações foram dadas na exposição inicial de Pagot à CPI. Diferentemente de outros depoentes, Pagot dispensou habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) e a presença de advogados ao seu lado durante o depoimento.

Demóstenes
O ex-diretor também afirmou que se encontrou com o então presidente da Delta Fernando Cavendish em jantar patrocinado pelo ex-senador Demóstenes Torres no qual lhe foi pedido que destinasse obras para a construtora Delta. Pagot contou que em fevereiro de 2011 foi chamado pelo então senador para ir a um jantar em sua casa. Chegando lá, se surpreendeu ao encontrar Cavendish, o diretor da empreiteira no Centro-Oeste Claudio Abreu e outros integrantes da empresa. Em determinado momento, disse Pagot, ele foi chamado por Demóstenes a uma sala reservada, onde o senador o abordou sobre as obras. "Ele disse: tenho dívidas com a empresa Delta, que tem me apoiado nas campanhas, e preciso ter uma obra com meu carimbo", relatou Pagot.
O ex-diretor do DNIT afirmou que respondeu a Demóstenes dizendo que lamentava, mas que não poderia atendê-lo. Segundo Pagot, era impossível reservar uma obra para a Delta. Pagot disse ainda que o senador mencionou duas obras em Mato Grosso, uma na BR 242 e outra na BR 080, que estavam à época em estado de projeto e ainda estão.
Demonstrando mágoa, o ex-diretor do Dnit afirmou, ainda, que deixou o órgão, em julho de 2011, em meio à "faxina" promovida pela presidente Dilma Rousseff no Ministério dos Transportes, "sem qualquer possibilidade de defesa". "O momento de minha saída, sem qualquer possibilidade de defesa, foi sob o prisma de absoluto isolamento, e o cenário que se desenhou foi o de que minha presença no Dnit já não era mais necessária. Deixei o Dnit sem ter medo do meu passado", afirmou.
Outro depoimento
Também está marcado para esta terça-feira (28) o depoimento do empresário paulista Adir Assad, dono das empresas JSM Terraplanagem e SP Terraplanagem, entre outras, que teriam recebido aproximadamente R$ 48 milhões da Delta Construções para pagar propinas e financiar campanhas, segundo a Polícia Federal. Ele obteve habeas corpus no Supremo Tribunal Federal para permanecer em silêncio. (GP)

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