O ministro e relator do processo 470 (mensalão), o
Joaquim Barbosa, homem de honradez inquebratável, foi indicado por Lula, sendo
este um dos grandes atos de seu governo, mas que hoje lhe trás sérios
dissabores.
O Joaquim é o primeiro ministro negro da história do
Supremo Tribunal Federal (STF). Consciente de seu papel enquanto homem e negro
faz mais do que o possível para honrar o cargo de tal magnitude,
sendo um verdadeiro exemplo de cidadania. Ele, tal qual faz o ministro e revisor,
o Ricardo Lewandowski, poderia se submeter ao grande poder do grupo que o
indicou para a função, mas não o faz.
O ministro tem
consciência de que exerce o seu papel em nome de toda a sociedade brasileira,
ainda submetida a mazelas imperiais, neste enorme senzala que continua sendo o
Brasil.
Ontem, como já era esperado9 por todos que confiam nele,
o relator do processo, Joaquim Barbosa, chamou de "desleal" o
revisor, Ricardo Lewandowski.
O ex-ministro do governo Lula e advogado, o Marcio Thomaz
Bastos, que foi advogado do Cachoeira, mas que abandonou o cliente para que a
sua imagem não ficasse ainda mais contaminada durante o julgamento do mensalão,
cumpriu o seu papel de defensor. Com a intenção de atrasar o julgamento, pediu
o desmembramento do processo no começo da sessão de julgamento. Está atitude o
plenário passou à tarde de ontem julgando se faria isso ou não, mesmo que este
tipo de pedido já tivesse sido negado anteriormente a outros.
Pelo cronograma o procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, deveria ter tomado a palavra para acusar os réus. A programação foi
adiada para hoje.
O escândalo do mensalão, que tinha sido com o passar dos
anos diluído em outros escândalos, tal quais os que levaram a quedo sete
ministros, foi reavidado com o outro envolvendo a Delta e o
Cachoeira. O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, em conversa
com amigos, disse “A CPI (Cachoeira) foi uma burrada”, . Antes defensor da
estratégia traçada por Lula para estimular a criação da CPI do Cachoeira, e
fulminar adversários, o mais conhecido réu do mensalão já admite que o plano
deu errado por criar um clima de hostilidade prejudicial ao julgamento do
Supremo, como por ter exposto os bilhões em contratos da Delta com o governo
federal.
A avaliação dominante no partido (PT) é que Lula caiu na
própria “armadilha”, assim com a CPI Cachoeira e acabou
contribuindo, perto do julgamento do mensalão, para acirrar os
ânimos por todo o meio político, e na sociedade em geral.
A CPI do mensalão e a disputa em Curitiba
O Gustavo Fruet, antes o principal algoz do PT durante
todo o trâmite do mensalão, hoje aliado a este passa enquanto candidato
por difícil situação.
Perante as camadas mais humildes da população, o
ex-PSDB e hoje PDT, encontra dificuldades de penetração, já que os
dependentes dos programas sociais, que veem o Lula como "o herói que
salvou o povo da miséria", não tem nele confiança.
Na classe média alta a mesma situação começa a
ocorrer, mas pelo inverso, está, conservadora, não consegue aceitar a sua
aliança com o PT, que consideram "corrupto e de esquerda".
Os segmentos da esquerda marxista, como outros
segmentos da esquerda mais radical, que embora minoritária também faz parte do
PT, como outros desta abrigados em outras legendas, o enxergam como um
"tucano arrependido", portanto inimigo declarado.
O julgamento do mensalão está apenas no começo e o
Gustavo Fruet não tem como ficar calado fingindo que não é com ele. Se
calar perde grande parte da classe média, que já começa a se afastar por
causa da aliança com o PT, e se falar se isolará ainda , mais dos segmentos
mais populares e de grande parte da direção nacional petista.
A sua mais recente fala já lhe causou dissabores dentro da
trincheira petista, ele disse: “..não me arrependo de nada. Estou fazendo
uma aliança comandada hoje pela Gleisi, que não tem relação nenhuma com o
mensalão, não tem participação nenhuma do PT de Curitiba com o mensalão. Eu
estou em paz”. Como será que soou este discurso nos ouvidos de Lula, José
Dirceu, Genôino, Pizzolato, etc.?
Enquanto o Fruet se isola de grande e importante parte da
direção nacional do PT o Ratinho Junior ocupa este espaço. O candidato do PSC é
só elogios ao Lula e seu grupo, que hoje passa por grandes dificuldades.
Um importante ex-dirigente da juventude do PT, que hoje é
dirigente municipal do PC do B, partido que está na campanha do Ratinho, disse: “Em
pleno período de linchamento midiático movido pela imprensa golpista contra a
era Lula e importantes dirigentes da esquerda brasileira, Ratinho Junior,
aliado do PCdoB, dá mais uma prova de caráter e lealdade ao projeto de
transformação do Brasil que está em curso. O bom companheiro se conhece
nas horas difíceis". É que ontem no debate o Ratinho Junior citou elogiosamente
diversas vezes o nome do Lula e da Dilma.
Na última pesquisa Datafolha apareceu que a maioria do
eleitorado do PT tem grande simpatia pelo Ratinho Junior: “Ratinho tem 38% da
preferência dos eleitores que se dizem simpatizantes do partido, frente a 21%
de Fruet, de acordo com matéria do jornal Folha de S. Paulo.”
Como o Fruet irá conseguir reverter este quadro, que o
leva ao isolamento e com isto a queda nas pesquisas, é a maior interrogação que
surgiu nesta campanha!
Se atacar o Ratinho o Gustavo perde o apoio deste caso a sua
candidatura consiga ir para o segundo turno, e caso não ataque corre o risco de
ver este ir em seu lugar, já que é muito difícil que a oposição consiga levar
as duas candidaturas para o segundo. O mais provável é que o Ducci, que cresce
nas pesquisas, o que indica quer conta com apoio popular, em disputa com um dos
dois oposicionistas, venha a disputar a reta final da campanha!
“Se correr o bicho pega, e se ficar o bicho come”!
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