quarta-feira, 18 de abril de 2012

Chega de skinheads


CLAUDIA WASILEWSKI


Sim os skins existem. Os cabeças raspadas estão por aí. Penso que deveriam se chamar “sem cabeças”. Longe de mim ofender a mula sem-cabeça.

Só não é risível a existência destas quadrilhas, porque eles espancam e matam. Como podem ser achar superiores? Em um mundo tão deliciosamente miscigenado fica claro que este tipo de ideologia, se pode ser chamada assim, é absolutamente burra. No Brasil é ridícula.

Por aqui perseguem negros, gays, nordestinos e judeus. Soube que alguns também não gostam de gordos. E assim vão cada vez mais incluindo ao acaso ou por conveniência as pessoas. Uma espécie de justificativa maluca.

Será que a cabeça raspada não serve para esconder o cabelo crespo? Estes dias me contaram que o menino preso entrou em pânico quando a mãe chegou na delegacia. Queria a todo custo esconder a mãe negra. Por sua vez, ela não entendia direito o que era o tal grupo. Provavelmente nem ele. Deve ter sido uma decepção imensa para ela saber que gerou e pariu aquela pessoa. Ele devia se atormentar imaginando que passou nove meses dentro de um ser inferior, foi amamentado e cuidado. Tudo isto só pode ser doença. Não é normal.

Os movimentos separatistas tomaram gás e estão voltando. O sul é meu país me embrulha o estômago. Curitiba está pichada de suásticas por todos os lados. O pior é que as pessoas não percebem. Não sei se pela agitação da vida, a pressa ou porque a poluição visual é tão grande que passam despercebidas. Eu pareço o menino do filme Sexto Sentido. “Eu vejo o tempo todo”. Vejo e não me conformo. Não esqueçam que tem Copa do Mundo em Curitiba e isto é um horror. Como uma pessoa não se incomoda com uma suástica na frente de casa ou do seu comércio? Eu pintaria todos os dias se fosse preciso. Se não tivesse dinheiro para tinta usaria cal. A cozinha da minha avó Martha era sistematicamente pintada com cal. Branquérrima.

No ano passado a polícia paulista garantiu a manifestação dos skins no MASP. Não entra na minha cabeça. A mesma polícia que dá porrada na marcha da maconha, na USP, no Pinheirinho e onde mais quiser. Lá estava a PM para fazer o cerco e garantir as palavras de ordem racistas, integralistas e outras istas. O vídeo é nojento.

Em 2005 uma grande quadrilha foi presa no Paraná. Pasmem meus amigos, o filho de dois anos do casal preso apontava a foto de Adolf Hitler e o chamava de “VOVÔ”. Fora todos os crimes, ainda davam este tipo de deformação para a criança. Isto, uma educação deformada.

Já passou da hora de uma nova megaoperação para tirar de circulação estes bandidos. Às vezes me sinto falando sozinha. Denuncio no blog, arrumo confusão, recebo e-mails me xingando, mas não desisto. Adotei para ilustrar tudo que se refere aos skins a figura preta. Na minha cabeça é um pano de luto. Me recuso a usar a suástica com o xis. Nem isto tem vez comigo.

Por favor, fiquem espertos. Prestem atenção como está a cidade. Denunciem.

Um dos lemas deles é “Mistura racial? Não, obrigado.” Como assim? Eu me orgulho de todas as minhas. Acho o máximo. (Revista Ideias)

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