sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Fraude em taxímetro é comprovada em dois táxis de Curitiba

Até ontem, dois táxis suspeitos de participar de um esquema de fraude na tarifa foram apreendidos pela Polícia Civil. Os proprietários dos veículos foram indiciados por estelionato e responderão em liberdade. Na quarta-feira, a Urbanização de Curitiba (Urbs) informou que iniciou, desde a semana passada, uma operação para apurar denúncia de fraude em taxímetros na capital. A ação é feita com o apoio da Delegacia de Crimes Contra a Economia e Proteção ao Consumidor (Del­con), Urbs e Instituto de Pesos e Medidas (Ipem).

A fraude foi identificada em taxímetros modelo TKS 56, produzidos pela empresa B&P, com sede na capital paranaense. Ontem, o Ipem enviou correspondência aos 195 taxistas que usam o aparelho (cerca de 10% da frota). Os motoristas deverão se apresentar com o veículo na sede do instituto, para que seja feita uma perícia no sistema responsável pela cobrança. O órgão reconhece, entretanto, que a modificação que possibilita a cobrança além do normal pode ser desfeita antes que o infrator se prontifique para inspeção.

Também ontem, a polícia tomou o depoimento de um dos proprietários da empresa, que nega ser responsável pela adulteração do aparelho. A empresa e seus dois sócios foram igualmente indiciados por estelionato. À Gazeta do Povo, o engenheiro eletrônico Eude Alves Batista, um dos proprietários declarou que não é o responsável por inserir a modificação. Nos dois táxis apreendidos, o lacre colado pelo Ipem não havia sido rompido. “Não instalei os fios [que permitem aumentar o valor cobrado]. Mas a pessoa que fez entende de eletrônica e conhece o meu aparelho”, aponta. “Durante anos, tive vários funcionários qualificados com acesso à placa, alguém pode ter feito lá fora [depois de sair da empresa]”, justifica.

Eude não acredita que o aparelho tenha sido modificado sem que o lacre original do Ipem tenha sido removido. “Quem conhece eletrônica percebe que é impossível colocar uma solda pela fresta da caixa. O lacre deve ter, sim, sido fraudado em algum momento”, avalia.

Os modelos de taxímetro precisam ser homologados pelo Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro) antes de serem comercializados. Depois de instalados no veículo, passam por uma nova inspeção, que em Curitiba é feita pelo Ipem. O taxista ainda precisa se submeter a uma vistoria anual e toda vez que houver mudança de tarifa ou manutenção do taxímetro.

Equipamento alterado usa GPS para calcular o acréscimo na tarifa

Os dois táxis apreendidos pela polícia continham um botão oculto sob o painel que, quando acionado, acrescentava 30% sob o valor normal da corrida. Este botão era ligado ao circuito do taxímetro por meio de um fio inserido pelo lado da caixa, evitando o rompimento do lacre. A estratégia despistava qualquer suspeita por parte do passageiro.

O valor cobrado a mais se refere ao adicional para corridas que saem dos limites do município de Curitiba, mas supostamente estava sendo inserido em trechos dentro da cidade. O modelo TKS 56, produzido pela empresa curitibana B&P, contém um localizador GPS que identifica quando o carro sai da cidade e calcula o acréscimo automaticamente. Modificado, o taxímetro recebia a ordem para adicionar o valor assim que o condutor acionava o botão.

A portaria do Inmetro que permite a comercialização do TKS 56, datada de março de 2010, não autoriza a implantação do GPS. “O Inmetro avaliou que (a implantação do GPS) era uma alçada das autoridades municipais. Depois, concorrentes apresentaram reclamação e o Inmetro mandou retirar, mas nem todos os taxistas apareceram para a mudança”, afirma Eude Alves Batista, um dos sócios da B&P.

Batista diz que continuará a produzir e comercializar taxímetros. “Existem outros concorrentes que também têm o acréscimo automático da taxa, mas só os meus estão sendo investigados. Pegaram dois carros e generalizaram em cima dos 195 [que usam o modelo]”, critica. (GP)

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