segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Sinal amarelo para as pílulas de anticoncepcionais

O alerta feito em outubro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em relação ao aumento do risco de tromboembolismo venoso (TEV) e embolia pulmonar em mulheres que usam contraceptivos orais combinados (COCs) com o hormônio drospirenona –, uma variação da progesterona – levou desconfiança sobre medicamentos populares entre as brasileiras como o Yasmin e o Yaz, ambos fabricados pelo laboratório farmacêutico Bayer.

O pedido para que médicos e pacientes fiquem atentos a estes efeitos colaterais foi feito após dados de um estudo da Univer­sidade de Copenhagen serem publicados pelo British Medical Journal (BMJ) e pela Agência Reguladora de Alimentos e Medi­­ca­­mentos dos Estados Uni­­­dos (FDA). Eles mostram que usuárias de drospirenona têm de duas a três vezes mais riscos de sofrerem problemas vasculares do que aquelas que utilizam um tipo mais antigo de progesterona, o levonorgestrel.

Em dezembro, o FDA apresentará os resultados finais de outro estudo feito entre 2001 e 2007 que comparou a drospirenona com vários contraceptivos hormonais. Dados preliminares desta análise mostram que o risco de problemas vasculares é uma vez e meia maior em mulheres que usam drospirenona. Em geral, segundo a agência americana, o risco de uma paciente que utiliza qualquer tipo de contraceptivo hormonal desenvolver um coágulo gira em torno de seis a cada 10 mil (0,06%). Em usuárias de COCs com drospirenona, este risco sobe para 10 a cada 10 mil (0,1%). Ainda que a incidência de problemas venosos seja rara, a atenção especial à drospirenona é justificada pelo FDA por expor mulheres jovens a um maior risco de efeitos colaterais.

Apesar disso, os médicos afirmam que as usuárias de drospirenona não devem ficar alarmadas, pois estudos que apresentam e revisam os riscos envolvidos na utilização de medicamentos são comuns. “Em relação à drospirenona, trata-se apenas de um sinal de alerta para que se observe o que pode acontecer e para que os bancos de dados do governo e dos laboratórios estejam atentos. Porém, todos os anticoncepcionais hormonais apresentam riscos de problemas vasculares”, esclarece a ginecologista e membro da Comissão de Anticon­­cepção da Federação Brasileira das Asso­­ciações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) Arícia Giribela.

Segundo a Anvisa, ainda não há informações suficientes que impeçam a venda de anticoncepcionais com drospirenona no Brasil. Na falta de certezas, a agência recomenda que os médicos prestem atenção às reclamações de suas pacientes e que elas fiquem atentas a sinais de desconforto.

Em nota, o laboratório Bayer diz que a companhia está avaliando o conteúdo da publicação feita pelo BMJ e por isso ainda não pode comentá-lo. “Dados clínicos de um período de mais de 15 anos e resultados de estudos de segurança realizados pós-comercialização de até 10 anos dão suporte à conclusão da Bayer de que esses COCs são seguros e eficazes quando utilizados conforme indicação médica”, declara a nota.

Prescrição não se limita a evitar ovulação

Ainda que os dados em relação à drospirenona soem alarmantes para leigos, a conduta dos médicos em relação à prescrição de anticoncepcionais com o hormônio não será alterada. “As pacientes devem continuar tomando os medicamentos, principalmente se já passaram do primeiro ano de uso, período em que o organismo se adapta à droga”, explica a ginecologista Arícia Giribela, que assinala outros benefícios da drospirenona como o controle da tensão pré-menstrual e a diminuição da retenção de líquidos. Segundo o professor de reprodução humana do curso de Medicina da UFPR Rosires Pereira de An­­­drade, os contraceptivos orais combinados protegem a mulher contra o câncer de endométrio e de ovário, contra a anemia, inflamação das trompas, além de trazerem alívio para as cólicas menstruais, diminuírem a acne e a oleosidade da pele. (GP)

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