quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Site mantinha venda ilegal de fauna silvestre


Sete pessoas foram presas e aproximadamente 10 mil animais silvestres e exóticos foram apreendidos ontem na operação Ara­­pon­gas, comandada pela Polícia Fe­­deral (PF) e pelo Ibama. Arara-azul, pu­­ma, jaguatirica e outras espécies bra­­sileiras ameaçadas de extinção eram vendidas pela internet. O site oferecia promoções e parcelava a compra em até 18 vezes no cartão de crédito. Segundo a investigação, os animais eram criados em ca­­tiveiros clandestinos ou capturados na natureza. Os vendedores tam­­bém importavam espécies, como a cobra corn snake e antílopes. A operação ganhou o nome de Arapongas em alusão à cidade paranaense homônima que sediava as negociações. Os administradores do site, presos ontem de manhã, aceitavam encomendas de animais e depois providenciavam os pedidos, acionando contatos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Ceará e Paraíba. Aproximadamente 250 agentes, entre policiais e fiscais, participaram da operação.

A investigação, comandada pela Delegacia de Combate a Crimes Ambientais do Paraná, durou aproximadamente um ano. Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça embasaram o pedido de prisão temporária – por cinco dias – dos envolvidos.

Para conhecer os detalhes do esquema e até mesmo para comprovar as irregularidades, a Polícia Federal chegou a comprar animais. Os animais eram transportados por avião e o cliente recebia o animal em casa. Todas as compras, segundo a PF, passavam pelo aeroporto de Londrina, no Norte do Paraná.

As principais apreensões aconteceram em fazendas no interior de São Paulo, mas até mesmo na capital os agentes encontraram cativeiros. Os agentes localizaram vários animais machucados. Cada exemplar apreendido está sendo catalogado e será enviado para unidades de conservação ambiental. Foram localizados sapos de espécies até então desconhecidas pelos fiscais do Ibama.

Os valores das multas que serão aplicadas só serão definidos depois da conclusão do levantamento sobre as espécies encontradas. Os envolvidos devem responder por crimes de tráfico internacional de fauna, tráfico de animais silvestres, estelionato, sonegação fiscal, falsidade ideológica e biopirataria.

Filme Rio intensificou interesse por arara-azul

O interesse internacional em animais brasileiros tem aumentado, conta o delegado Rubens Lopes da Silva, da Delegacia de Combate a Crimes Ambientais do Paraná. A investigação apontou que o filme de animação Rio chamou muita atenção para a ararinha-azul. De acordo com o delegado, muitos compradores, especialmente norte-americanos, acreditam que o animal é inteligente e fala, tal qual no filme.

A ararinha-azul, que era encontrada no Norte da Bahia, é considerada extinta na natureza. Um último macho foi achado, mas não é visto desde 2000. Atualmente existem entre 60 e 70 exemplares em cativeiro, espalhados pelo mundo.

Substituição

Na falta da ararinha-azul, vendedores estariam oferecendo a arara-azul – que é maior, também está ameaçada de extinção e é originária da região amazônica e do Cerrado. O preço de mercado chega a R$ 55 mil. A confusão aumenta porque existem ainda a ararinha-azul-de-lear, do Nordeste brasileiro, e outra considerada extinta a arara-azul-pequen, que existia no Paraná, Uruguai e Paraguai.

Outros filmes já elevaram a procura por animais silvestres de estimação. A busca pela coruja de Harry Potter fez diminuir, na natureza, a quantidade de espécies na Índia. O comércio de peixe-palhaço, vindo do Pacífico, foi intensificado pelo filme Procurando Nemo.

O site

O site comandado por um casal de moradores de Arapongas informava que apenas negociava “animais legalizados pelo Ibama”, mas o órgão federal nega que houvesse autorização para a compra e venda das espécies. De acordo com o delegado Rubens Lopes da Silva, que comandou a investigação, boa parte dos animais oferecidos no site não tem o comércio liberado – nem mesmo para espécies com criação em cativeiro.

Os vendedores estariam atuando irregularmente há pelo menos três anos. Nas escutas telefônicas, a Polícia Federal conseguiu confirmar que pessoas que diziam proteger os animais, associadas a organizações ambientais, na verdade estavam preocupadas com o dinheiro vindo da venda dos bichos. Em um caso, um comprador encomenda uma queimada para facilitar a captura de animais. Em outro, um criador que recebe uma espécie apreendida pelo Ibama providencia a venda do animal. Até mesmo a decisão de matar um bicho para o qual não foi encontrado comprador foi gravada.

O comércio ilegal de animais silvestres movimenta mais de US$ 10 bilhões no mundo, volume menor apenas do que o do tráfico de drogas e de armas. Quem compra animais não legalizados também comete crime. O delegado lembra que ao trazer espécies de outros países os negociadores podiam também importar doenças.(GP)

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