segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Água escassa em 33 cidades do PR. Estas cidades terão de achar novos mananciais

Um estudo feito pela Agência Nacional de Águas (ANA), publicado recentemente, revela que 33 municípios do Paraná vão precisar de novas fontes de água para o abastecimento público até 2015 – incluindo algumas das maiores regiões metropolitanas do estado, como as de Curitiba, Londrina, Foz do Iguaçu e Cascavel. O investimento é necessário para evitar futuros déficits no abastecimento público, principalmente nos períodos de pouca chuva.

Neste cenário, seis cidades da região metropolitana da capital (RMC) vão necessitar de novos mananciais (rios, aquíferos, poços, reservatórios) e outras sete precisarão ampliar os sistemas existentes. No total do estado, além das 33 novas fontes, 113 municípios devem ampliar seus sistemas até 2015 para garantir água o ano todo.

Dos 399 municípios paranaenses, 344 (86%) são atendidos pela Companhia de San­­e­­amento do Paraná (Sanepar), enquanto os sistemas das demais cidades são operados pelas próprias prefeituras. Apenas o sistema de Paranaguá é administrado por empresa privada. A maior parte da água usada para o abastecimento desses municípios é retirada de mananciais subterrâneos (aquíferos e poços – 56%), enquanto 22% das sedes urbanas são atendidas por mananciais superficiais (rios e reservatórios). Outros 22% têm regimes mistos (superficiais e subterrâneos).

Desabastecimento

Para Elizabeth Juliatto, especialista em recursos hídricos da ANA, não há risco de haver desabastecimento de água nas cidades paranaenses. “As operadoras de saneamento têm tomado todas as providências. Foram feitos estudos de disponibilidade hídrica, por isso se constatou a necessidade de novos mananciais. De qualquer forma, ao longo dos próximos anos, vamos ter um crescimento populacional e será preciso ter água para abastecer essa população”, esclarece.

Os dados enviados à agência são das próprias companhias de saneamento, geralmente responsáveis por estudar e explorar os mananciais existentes. De qualquer forma, segundo Juliatto, o levantamento é importante para dar aos ministérios do Plane­­jamento e das Cidades – financiadores do saneamento no país – indicativos para priorizar investimentos.

Péricles Weber, diretor de Meio Ambiente da Sanepar, também afasta a possibilidade imediata de faltar água nas cidades paranaenses, mas observa que a água de boa qualidade não é um produto tão abundante no Paraná. “Não diria que corremos o risco de desabastecimento, mas a ONU considera que cada habitante deveria ter à disposição 1,7 mil metros cúbicos (m³) de água ao ano. Na RMC, por exemplo, esse índice é de apenas 500 m³ por habitante/ano. Isso significa que temos uma situação de escassez hídrica. Ou seja, estamos tirando o máximo de água disponível”, explica.

Segundo Weber, em regiões como Curitiba e Cascavel, onde os rios são pequenos e há concentrações populacionais elevadas, é preciso buscar água de fontes mais longínquas, a um custo operacional mais alto. “Como sociedade, vamos ter que tomar ações para o gerenciamento das bacias hidrográficas para não comprometer a disponibilidade hídrica. A água não vai acabar, mas você compromete muitas vezes essa disponibilidade por causa da poluição. Pode haver água em quantidade, mas não em qualidade para poder usar.” (GP)



Paraná vai precisar investir R$ 645 milhões até 2025

As obras para a adequação dos sistemas de abastecimento de água e adoção de novos mananciais para as cidades paranaenses até 2025 consumiriam R$ 644,48 milhões em investimentos, segundo dados do Atlas Brasil – Abastecimento Urbano de Água, da Agência Nacional de Águas. A Região Sul do país vai precisar de R$ 2 bilhões em investimentos distribuídos em 483 municípios. O estudo não prevê o volume de investimentos para 2015.

De acordo com Péricles Weber, da Sanepar, os números estão desatualizados. “Prevemos um investimento maior que isso. Só a região metropolitana de Curitiba vai precisar de R$ 500 milhões para abastecimento até 2030”, revela. Segundo ele, os maiores consumidores de água nas grandes cidades são os domicílios, incluindo aí pequenas indústrias e comércio que utilizam água da rede pública de abastecimento. Cabe às próprias companhias de saneamento buscar os recursos – seja do próprio bolso ou através de financiamentos – para investir na ampliação dos sistemas, segundo Weber.

Para o engenheiro ambiental Eduardo Gobbi, diretor de Recursos Hídricos e Atmosféricos da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), os sistemas de abastecimento de água são muito caros e, normalmente, as companhias trabalham no limite operacional. “Elas ficam de olho no crescimento da população e vão implementando o sistema. Andam pouco acima da curva populacional”, explica.

Segundo ele, o ritmo de crescimento da população nas grandes cidades do Paraná deve diminuir nos próximos anos. Por outro lado, a melhora no nível de vida das pessoas também pressiona o abastecimento de água. (GP)

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