quinta-feira, 26 de maio de 2011

No Senado, a CPI do Palocci está por sete assinaturas

Do Josias de Souza

Em dois dias, a oposição obteve no Senado o apoio de 20 senadores à abertura de uma CPI para investigar o ‘Paloccigate’.

Para que a investigação seja inaugurada, são necessárias as assinaturas de 27 senadores. Faltam, portanto, sete.

A marca de duas dezenas foi alcançada nesta quarta (26), graças a uma adesão inesperada.

Levou o jamegão ao requerimento da CPI o senador governista Clésio Andrade (PR-MG), presidente da Confederação Nacional do Transporte.

Coube ao líder tucano Alvaro Dias (PR) coletar a assinatura de Clésio, um insurgente com o qual o Planalto não contava.

Além de Clésio, já assinaram o documento 11 senadores do PSDB, quatro do DEM, dois do PSOL e um do PMDB, o dissidente Jarbas Vasconcelos (PE).

Itamar Franco (PPS-MG), internado em São Paulo para tatar-se de uma leucemia diagnosticada na semana passada, avisou que assinará.

Contactados, outros dois senadores de legendas do condomínio governista acenaram com a hipótese de aderir à CPI: Ana Amélia (PP-RS) e Pedro Taques (PDT-MT).

Amélia e Taques disseram às lideranças da oposição que aguardam pelas explicações de Antonio Palocci à Procuradoria-Geral da República antes de decidir.

Procurada, Kátia Abreu (ex-DEM) também preferiu condicionar a cessão de sua assinatura às justificativas de Palocci.

De resto, a oposição considera factíveis as adesões de outros três senadores do consórcio partidário do governo.

Dois são filiados ao PMDB: Roberto Requião (PR) e Pedro Simon (RS). Um é membro do PDT: Cristovam Buarque (DF).

No esforço para completar as 27 assinaturas, tucanos e ‘demos’ assediam, entre outros, Ricardo Ferraço (PMDB-ES).

O plano do bloco da oposição prevê uma CPI mista, com deputados e senadores. Na Câmara, exigem-se 171 assinaturas de apoio. Algo mais difícil de obter.

Caso o número mínimo de senadores seja atingido, cogita-se circunscrever a investigação apenas ao Senado.

É o que admitem Alvaro Dias, o líder do PSDB, e o colega Demóstenes Torres (GO), líder do DEM.

Na noite passada, o senador Magno Malta (ES), líder do PR do rebelado Clésio Andrade, pronunciou um discurso sintomático.

Da tribuna do Senado, Malta fez um alerta ao governo. Disse que são reais as chances de a oposição pôr de pé a CPI.

“Faltam cinco assinaturas”, disse Malta, dando de barato que pelo menos mais dois governistas assinarão o requerimento.

Malta disse que é grande a insatisfação dos senadores pró-Dilma com o “descaso” de certos auxiliares do governo.

“Alguns ministros deveriam fazer uma cesariana por dia, para tirar o rei da barriga”, ironizou o senador.

Malta anda abespinhado com Antonio Palocci, que se negava a responder aos seus telefonemas.

Nesta quarta (26), após queixar-se a Lula, Malta recebeu um telefonema de Palocci. Não atendeu.

A adesão de Clésio Andrade à CPI é atribuída a um veto imposto por Dilma Rousseff a artigo inserido pelo Senado numa medida provisória.

A MP tratava da concessão de incentivos fiscais a fabricantes de carros, caminhões e tratores que se instalassem nas regiões Nordeste e Norte.

Concebida sob Lula, a medida visava beneficiar Pernambuco, Estado do ex-presidente, que se prepara para receber uma unidade da Fiat.

Para azeitar a aprovação da MP, os governistas negociaram com a oposição uma emenda que incluiu Minas Gerais no rol de Estados beneficiados.

Entenderam-se os benefícios fiscais a toda a área de abrangência da Sudene, que inclui um pedaço de Minas, o Vale do Jequitinhonha.

O diabo é que Dilma vetou a novidade, restabelecendo o texto original da medida provisória. Daí a irritação de Clésio.

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