quinta-feira, 3 de março de 2011

Perigo na pista do Bacacheri


A queda de um avião monotor em cima de uma casa da Rua Paulo Ildefonso de Assumpção, na cabeceira da pista do Aeroporto do Bacacheri, em Curitiba, ontem, colocou em evidência o risco causado pela proximidade de residências e a falta de uma zona de escape. A aeronave Beechcraft A36 Bonanza caiu por volta das 9h30 e o piloto, Vitor Ascânio Caldonazo, 65 anos, morreu no local. O Aeroporto do Bacacheri é o quarto mais movimentado do sul país, com cerca de 930 pousos e decolagens mensais de aeronaves de pequeno e médio portes.

As recomendações da Portaria 1.141/GM5, do Minstério da Aeronáutica, de 1987, e da Instrução de Aviação Civil 2328, de 1990, é que pistas de comprimento entre 1,2 mil e 1,8 mil metros tenham uma zona livre de obstáculos altos de 60 metros. Do fim da pista de 1.390 metros do Bacacheri até a casa atingida a distância é de cerca de 30 metros, mas a residência fica abaixo do nível da pista, portanto não haveria nenhuma infração. O problema está na ausência de qualquer zona de escape após o fim da pista.

A Federação Internacional das Associações de Pilotos de Linhas Aéreas (Ifalpa, na sigla em inglês) recomenda uma área de segurança de 300 metros para tornar pousos e decolagens mais seguros. “A situação do Aeroporto do Bacache­ri não representa obstáculos para a aviação, mas traz riscos à população vizinha frente a fatalidades como esta”, avaliou o perito e especialista em acidentes aéreos Roberto Peterka. Segundo ele, seria necessário desapropriar alguns imóveis ou reduzir o comprimento útil de pista (e consequentemente a capacidade dos aviões), como foi feito em Congo­nhas. No aeroporto de São Paulo o uso da pista foi reduzido em 150 metros depois do acidente com o JJ 3054, da TAM, em 2007.

Histórico

Desde 2001, oito aciden­tes foram registrados com aviões que pousa­ram ou decolaram do aeroporto do Bacacheri:

Junho de 2001 – O piloto do avião de uma empresa de táxi aéreo perde o controle e sai da pista. Chovia no momento. O avião bate no muro do aeródromo e os três ocupantes – dois tripulantes e um passageiro – ficam feridos.

Dezembro de 2001 – Dois ocupantes de uma aeronave que treinava acrobacias no aeroporto morrem após o avião colidir com o solo. O motor sofre uma pane e o piloto tenta pousar sem atingir as árvores. Durante a manobra, o avião perde sustentação.

Junho de 2003 – Após decolar, um avião tem uma pane no caminho para Santa Catarina e precisa pousar perto da Ceasa. O procedimento dá certo, mas, após a nova decolagem, o avião perde altura, cai em uma lagoa e afunda. Os dois ocupantes ficam feridos.

Outubro de 2003 – Uma aeronave que seguia em direção a Santa Catarina com quatro passageiros pede permissão para seguir para Paranaguá. A permissão é dada, mas o avião perde contato com o radar. Os destroços são localizados no dia seguinte, em Guaratuba. Todos os ocupantes morrem.

Dezembro de 2003 – Após decolar, uma aeronave tem uma falha no motor. Ao tentar pousar, o avião tem a cauda cortada por um fio de alta tensão e cai. Os cinco ocupantes saem ilesos.

Março de 2005 – Durante a decolagem, a cabine de uma aero­nave com três ocupantes se abre e o piloto tenta abortar o procedi­men­to. Ele não consegue e o avião sai da pista, batendo no muro do aeródromo. O avião pega fogo, mas os ocupantes não ficam feridos.

Maio de 2005 – Um funcionário tenta remover os calços da roda do avião, durante uma decolagem, e é atingido pela hélice. Ele fica gravemente ferido.

Outubro de 2008 – Ao tentar pousar, um avião perde o controle e derrapa, deslocando-se para a pista lateral. Os dois ocupantes não ficam feridos.(GP)

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