As prefeituras de Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte vão unir forças para tentar garantir que seus projetos de mobilidade sejam contemplados com recursos federais. O objetivo da capital paranaense é obter o repasse de 80% dos R$ 2,25 bilhões (cerca de R$ 1,8 bilhão) necessários à construção da primeira fase do metrô, entre o terminal do CIC-Sul e a Rua das Flores, no Centro, por meio do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) Mobilidade Grandes Cidades.
Os detalhes da “negociação conjunta” não foram especificados, mas o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, faz hoje a primeira reunião com os prefeitos de Porto Alegre, José Fortunati, e de Belo Horizonte, Mário Lacerda. Eles se encontrarão a partir das 11h30, na Secretaria Municipal do Meio Ambiente, no Parque Barigui. O resultado da avaliação federal será divulgado em 12 de junho.
Ao todo, nove capitais disputam R$ 6 bilhões a fundo perdido (dinheiro que não precisa ser devolvido) e outros R$ 12 bilhões em financiamentos. Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Recife, Fortaleza e Salvador são as outras interessadas.
Ontem, a prefeitura de Curitiba apresentou o projeto do metrô a entidades da sociedade civil. Como no próximo dia 15 deve haver audiência pública para garantir a Licença Prévia da obra, o objetivo é manter o diálogo aberto com as entidades. “Em nenhum momento da história, Curitiba esteve tão próxima de ter o metrô. Estamos com o projeto básico concluído e há a intenção de o governo federal financiar obras desse tipo”, disse o prefeito Luciano Ducci. Caso a engenharia financeira funcione, a intenção é iniciar as obras em 2012 e terminar em 2016.Além da tentativa de obter quase R$ 1,8 bilhão, Curitiba espera bancar os 20% restantes – cerca de R$ 400 milhões – com financiamento do governo federal. Ducci disse que a prefeitura não trabalha com a possibilidade de conseguir menos que 80% de recursos a fundo perdido. “É uma discussão subjetiva tratar de outros porcentuais”, despistou o prefeito.
Os trunfos são o projeto básico e o processo de licença prévia, que está em andamento. “Há viabilidade econômica e número de passageiros suficiente para instalar o sistema”, disse Ducci. Dos cerca de 2,5 milhões de deslocamentos diários em Curitiba, 20% da demanda está no eixo Norte-Sul. Ducci também espera obter isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do governo estadual, o que diminuiria o custo em até R$ 200 milhões.
“Curitiba não pode ser penalizada por ser responsável com seus gastos. Todas as outras cidades do Brasil tiveram o governo federal como parceiro para viabilizar o metrô, nós desejamos o mesmo”, afirmou o presidente da Câmara Municipal de Curitiba, João Cláudio Derosso (PSDB). Cada carro terá cinco vagões e capacidade para transportar 1.450 passageiros (o equivalente a cinco biarticulados) ao custo de R$ 85 milhões o quilômetro da obra.
Integração e comércio preocupam entidades
Representantes das entidades que participaram da reunião em que a prefeitura apresentou o projeto do metrô, ontem, revelaram preocupações. O presidente da Federação do Comércio do Paraná (Fecomercio), Darci Piana, demonstrou preocupação com os comerciantes instalados ao longo das canaletas de ônibus – a revitalização desses espaços, com a construção de ciclovias e espaços de convivência, é uma das intenções do projeto. “É preciso conversar para evitar uma repetição da Marechal Floriano, onde o comércio morreu pela falta de estacionamento”, afirmou Piana. Ele apoia o a construção do metrô. “O metrô é fundamental para Curitiba. Em razão do volume de veículos na cidade, é preciso viabilizar outra forma de transporte.”
Na avaliação do presidente do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), Jaime Sunyé Neto, uma opinião definitiva requer análise mais profunda. “Temos posição crítica em relação ao projeto. É um avanço, mas pode ser mais bem discutido o momento de enterrar e de ser de superfície”, disse. Apesar de o presidente do Ippuc, Clever Almeida, ter falado sobre a integração com outros modais, Sunyé diz que esse tema o preocupa. “Mesmo que se diga que isso consta no planejamento, as soluções técnicas não são simples. O metrô só se justifica com a integração bem feita.”
Também participaram da reunião representantes da Câmara Municipal de Curitiba e membros do Sindicato da Habitação e Condomínios (Secovi), do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (Crea-PR), da Associação Comercial do Paraná (ACP), da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon) e da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (Asbea). A intenção da prefeitura, ao conversar com as entidades, era conseguir um empenho das entidades na defesa do metrô.(GP)
quinta-feira, 3 de março de 2011
Capitais se unem para ter o metrô


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