sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Lula vê Dilma 'abatida', e TV vai vender 'favoritismo'

Folha.com

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva externa, em privado, preocupação com o "abatimento'' de sua candidata à sucessão, Dilma Rousseff, nos últimos dias.

Para mudar esse quadro, a reestreia do programa eleitoral na TV, hoje, irá classificar como "vitória" com "votação expressiva" o resultado de Dilma no primeiro turno.

Para o presidente, a "prioridade zero" da campanha é reavivar o semblante de "favorita" que sua candidata exibia até domingo.

Em conversa com um governador aliado, Lula recorreu a uma analogia futebolística para explicar sua apreensão. Ele disse que no sábado, véspera da eleição, postou-se diante da TV em São Bernardo para assistir ao jogo Corinthians x Ceará.

Corintiano fanático, Lula diz que imaginou que seu time venceria "de lavada".

No intervalo, a equipe do Ceará vencia por dois a zero. Só aos 24 minutos do segundo tempo o Corinthians reagiu. Placar final: dois a dois.
Lula resumiu ao interlocutor: "Eu, que esperava do Corinthians uma vitória de lavada, recebi o empate com o Ceará como uma vitória".

Lula compara o rival José Serra (PSDB) ao Corinthians. E Dilma ao Ceará. Acha que o segundo turno deu ao tucano ares de "falso vitorioso".

"FAVORITA"

Avalia que é essencial repor "a verdade dos fatos". O presidente realça que Dilma amealhou 47,6 milhões de votos, 14,5 milhões a mais que os 33,1 milhões de Serra.

O fato de não ter prevalecido no primeiro turno, diz, não lhe tirou a condição de "favorita". Lula recordou que, em 2002 e 2006, também disputou segundo turno, mas venceu.

Lula disse que o Corinthians estava desfalcado, sem Ronaldo e Dentinho. "O time da Dilma está completo. O Fenômeno está em campo", disse, num autoelogio.

Para acentuar o suposto favoritismo de Dilma, a propaganda mostrará lideranças políticas aliadas na TV.

Governadores e senadores eleitos irão aparecer em depoimentos em que defendem a importância da vitória.

A intenção é mostrar Dilma como grande favorita. Ao citar os 47,7 milhões de votos recebidos nas urnas, a campanha quer mostrar a petista como "uma das mulheres mais votadas da história da humanidade", conforme disse ontem o presidente da sigla, José Eduardo Dutra.

Ficarão de fora temas que levaram a disputa para o segundo turno, como a denúncia de tráfico de influência na Casa Civil e a mudança de posição de Dilma sobre aborto.

Gravaram os governadores reeleitos Eduardo Campos (PE), Cid Gomes (CE) e Jaques Wagner (BA) e os recém-eleitos Tarso Genro (RS) e Renato Casagrande (ES).

Gravados na segunda, em Brasília, os depoimentos foram livres, sem que os políticos seguissem um roteiro.

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