domingo, 26 de setembro de 2010

Dekasseguis tentam a sorte de novo no Japão

Edson Xavier

Com a crise, dois anos atrás, tornaram-se escassas as ofertas de emprego a migrantes brasileiros no Japão, os chamados dekasseguis. Houve queda na produção das indústrias em vários segmentos e por consequência, demissões, redução de salários e de horas-extras. Sem emprego e sem poupança para esperar a volta da estabilidade, muitos decidiram arrumar as malas e fazer o caminho de volta ao Brasil - o que por sua vez abalou o comércio brasileiro estabelecido e setores de prestação de serviços aos migrantes.

Em 2008, o Japão tinha registrados 320 mil brasileiros. Hoje são 250 mil, segundo o Departamento de Imigração local. Transcorridos dois anos desde o abalo econômico americano que chacoalhou o Japão, já se registra aumento na demanda por mão de obra nas fábricas, circula mais dinheiro, e vários segmentos do comércio e prestação de serviços dão sinais de aquecimento.

"Mas é preciso cautela porque muitas indústrias só fazem contratos temporários, de em média 6 meses", diz Romeu Funatsumaru, 37 anos, encarregado de empreiteira que aloca mão de obra de mais de mil migrantes brasileiros.

Ele revela que sobram vagas em determinadas regiões, e que empreiteiras voltaram a arregimentar pessoas no Brasil: "Existem ainda muitos brasileiros desempregados no Japão, na maioria pessoas com residência fixa em determinadas cidades e que não concordam em se mudar para regiões do interior do país, onde predominam vagas disponíveis."

Outra situação, segundo Funatsumaru, é que no pós-crise as indústrias contratantes estão mais exigentes na qualificação de seus operários. Pedem que o migrante domine o idioma japonês, avaliam o comportamento e solicitam habilitação para operar guindastes e empilhadeiras ou que tenham cursos de solda, entre outros. "Existe também no mercado a concorrência de migrantes vindos da China, Indonésia e Filipinas, e que trabalham como estagiários, com contratos cujo salário é menos da metade do recebido pelos brasileiros", explica.

Há consenso que vai demorar ainda bom tempo para a economia nipônica voltar ao que era. Mas a crise deixou lição às comunidades migrantes: é preciso poupar, planejar o futuro, gastar com moderação e estar capacitado para o emprego. Brasileiros que desembarcam hoje no Japão, trazem tal pensamento na bagagem.

É o que garante Erica Terumi Kawanishi, 27 anos. Ela estava no Japão havia cinco anos quando eclodiu a crise. Perdeu o emprego e regressou ao Brasil com o marido com destino a Londrina (PR). Quatro meses atrás fez o caminho inverso, de volta a Okazaki, no Estado de Aichi. O marido de Erica está empregado, mas ela ainda aguarda uma vaga. Enquanto espera, estuda informática e recebe do governo japonês bolsa-estudo de US$ 1.000 por mês (cerca de R$ 1.710) durante o semestre do curso.

Observação:

A palavra DEKASSEGUI vem de deru ( 出る), que significa sair, e kassegu (稼ぐ), para trabalho, para ganhar dinheiro trabalhando. os dekasseguis são as pessoas que se mudam para um lugar longe por causa do trabalho. assim são chamados os estrangeiros que vêm ao Japão para trabalhar e os próprios japoneses que saem do interior para trabalhar na cidade grande.

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