sexta-feira, 5 de março de 2010

Idiotia




“Idiotia é na psiquiatria o grau mais elevado da tríade oligofrênica, e os indivíduos portadores possuem o menor grau de desenvolvimento intelectual.”

É assim que querem no tratar, já que em vez de respeitarem o nosso intelecto e nos verem como cidadãos nos tentam empurrar goela abaixo um amontoado de meias verdade relacionadas ao passado para fugirem da discussão sobre o que será o nosso futuro.

Às vezes fico cansado e até desanimado em relação a participação nos debates, que deveriam ocorrer no campo das idéias e com um mínimo de imparcialidade, mas não ocorrem e outros tentam transformar um debate sério, pois nele está sendo construído o nosso futuro, em uma gincana.

Para começar o Serra não é o FHC e a Dilma não é um Lula e neste quadro partidário os partidos são verdadeiras confederações de tendências ideológicas. O debate ideológico programático não ocorre e os petistas fogem dele como o diabo da cruz, já que ao empurrarem a discussão para o passado eles não têm de darem as respostas sobre os seus rompimentos com os seus discursos históricos desenvolvimentistas.

O que está mais do que claro é que no governo Lula ocorre a falta de projeto desenvolvimentista para o país, e este do ponto de vista de rompermos com o processo de desindustrialização por que passa o Brasil, que está estagnado como aponta os baixos índices de desenvolvimento industrial,no governo Lula acelerou.

O governo Lula é responsável pela perda da oportunidade extraordinária criada pelo contexto internacional pós-2002 que permitiria colocar o país em trajetória de desenvolvimento econômico estável e dinâmico, por este motivo a vulnerabilidade externa comparada do Governo Lula é maior do que a média dos governos anteriores.

No governo Lula o Brasil andou para trás, visto que há hiato de crescimento negativo, ou seja, a economia brasileira cresceu a taxas significativamente menores do que a economia mundial.

Este governo nos empurrou de volta a sermos principalmente meros exportadores de commodities o que fica claro com a diminuição das exportações de produtos industrializados causados pela falta de competitividade de nossos produtos por causa dos altos custos de financiamento da produção como pela alta tributação. Assim o governo do PT asfixia a economia, o que garante altos lucros aos banqueiros, fazendeiros e empreiteiros amigos do Lula.

Embora algumas medidas tenham sido meio radicais, o FHC não errou ao estabilizar a moeda, mas somente manter as políticas econômicas dele, que é o que o Lula fez, não bastava, pois com a moeda estabilizada o segundo passo era a implantação de políticas públicas que nos levassem ao desenvolvimento tecnológico industrial exportador, mas isto não ocorreu, pois as medidas monetárias necessárias para estabilizarem a economia se tornaram definitiva durante o governo Lula, o que tanto veio de agrado ao atendimento dos interesses dos banqueiros.

No campo em vez se investir pesado na agro industrialização, na democratização do acesso a terra pela reforma agrária, na segurança alimentar, no apoio ao micro e pequeno produtor, já que estes comprovadamente são os que são responsáveis pela maior parte dos alimentos em nossas mesas, inclusive pela maior qualificação técnica dos mesmos, preferiu chamar os grande fazendeiros de heróis. Não que estes não tenham importância do ponto de vista do nosso desenvolvimento econômico, pois a possuem, mas sim que em primeiro em vez de só priorizar as commodities como foi feito e deveria ter cumprido o compromisso de manter o homem no campo e dar a maioria da população o direito a uma alimentação farta e barata.

Chega de sermos meros exportadores de matéria prima. Para o Brasil poder se desenvolver o centro da atividade econômica tem de ser a indústria, pois com ela além de agregarmos novos valores a nossa produção de produtos primários iremos gerar empregos com melhor remuneração, o que é vital para fortalecermos o mercado interno pela melhora do consumo.

No governo Lula o aumento do consumo não está relacionado com o aumento da renda e da poupança, mas sim no endividamento da maior parte da população, que para comprar um produto a prazo é obrigada no final a ter pagado o valor de três.


Em vez de baixar os juros o Lula para que os industriais tivessem como buscar dinheiro junto ao mercado como também reduzir de forma permanente as altas taxas de juros, o que faria o mercado por si só s estabilizar ele manteve os juros altos e os impostos só foram reduzidos de forma momentânea, contingencial.

Com a enorme propaganda falsa da baixa dos preços, que só serviu para quem estava capitalizado, o que não era o caso da maioria da população, o povo se endividou além do limite e só a dívida popular gerada com a compra de carros atingiu a marca de 160 bilhões de reais. Com os mais pobres não ocorreu diferente, pois iludidos todos foram se endividar comprando geladeiras, fogões, etc. nas grandes lojas de rede.

Com o povo sem dinheiro e endividado a tendência é de que o consumo seja reduzido ao mínimo necessário para a sobrevivência (comida, produtos de higiene, etc.), assim logo este baixo consumo irá refletir em queda de produção e em deflação, o que acarretará mais desemprego e fechamento de portas de indústrias.

Enquanto a Dilma tenta a todo o momento afirmar que ela será uma mera continuidade do governo Lula o Serra começa a formular um discurso diferente, desenvolvimentista industrial:

"É importante que a indústria se desenvolva também exportando, não apenas atendendo o mercado interno. São falaciosas as teses de que o Brasil deve permanecer exportador de produtos primários ou focar a economia de serviços.”

“grande parte da força de trabalho está subempregada. Não vamos conseguir gerar os empregos num país de 180 milhões de habitantes sem indústria.”

Não que aqui esteja defendendo o Serra, ao qual também tenho muito a criticar, mas reconheço que quando ele por este discurso aponta o caminho do desenvolvimentismo e a Dilma fala em manter o que este governo tem feito e da forma como tem feito e vejo aqueles que antes defendiam a monetarização da economia virem com o discurso em defesa da industrialização, da baixa das taxas de juros, da educação, etc. vejo que na política tudo é mutável e as vezes para melhor.

Uma grande parte dos bens de consumo duráveis ou não duráveis é importada, o que não gera empregos, não agrega valores pela industrialização local e faz saírem divisas. A China, a Coréia e o Japão agradecem.
Só em Janeiro o aumento das importações de janeiro em relação a dezembro de 2009 teve alta de 2,7% na média diária do total de valores desembarcados:

"As importações estão mostrando fôlego suficiente para manter nos próximos meses um valor médio total de US$ 600 milhões ao dia"

José Augusto de Castro (vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil - AEB)

Este excesso de compras, que endividou a população além do limite permitido não foi pelo fato da mesma estar capitalizada e sim por causa da propaganda oficial dizendo que tínhamos de consumir para manter os empregos.
O governo veio e baixou alguns impostos para estimular o consumo e manter os empregos, mas os empresários não assumiram o discurso do governo e além de faturarem mais continuaram a demitir.
O resultado é que o povo gastou o que não podia, não manteve os empregos e irá ter de submeter aos juros extorsivos praticados pelo mercado.
Daqui a pouco em vez de termos uma bolha imobiliária tal quais os americanos estão tendo de enfrentar teremos a “bolha dos carros”, “bolha do liquidificador”, a “bolha do fogão”, etc., pois a inadimplência inevitavelmente será uma realidade.

O Lula disse que a crise não atravessaria o Atlântico, depois disse que ela era uma e marolinha para depois dizer que a crise era real e que o governo teria de agir.

Enquanto o governo norte americano e demais governos do primeiro mundo intervêm nos bancos, acaba com o mercado especulativo inclusive fechando estabelecimentos bancários por terem agido de má fé aqui o governo socorre os mesmos. Com foi o caso do Banco Votorantin, onde o Lula comprou parte das ações do estabelecimento bancário por mais de 4 bilhões, sendo que o valor total de mercado do mesmo era de menos de 1,5 bilhão. O mais grave neste caso é o fato de que a família Ermírio de Moraes embora minoritária do ponto de vista do controle acionário ficou com a direção do Banco.

Que blindagem é está que só favorece ao grande capital e para os pobres gera dívidas e desemprego?

Mesmo com as taxas de desemprego tendo baixado no segundo semestre de 2.009 por causa do incentivo por parte do governo ao endividamento da população, os que conseguiram voltar ao mercado de trabalho tiveram de se sujeitar a salários muito inferiores e também se sujeitarem a contratos temporários. Segundo a pesquisa da Fundação Seade nas seis regiões metropolitanas - Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Distrito Federal, sem contar as demais regiões metropolitanas e o resto do Brasil, o total de desempregados somava até novembro do ano passado 2,6 milhões.

Não custa lembrar que a nossa economia é dependente do mercado internacional e que a atual crise americana foi apenas a ponta do iceberg - menos de 10% da crise total que pode vingar por lá. Toda a energia global para salvar os EUA foi apenas para salvar os maiores bancos e ainda muitos estão quebrando sem liquidez, pois o povo americano empobreceu, os salários diminuíram, como aqui também para evitar milhões de desempregados, porém as empresas brasileiras que têm lucro pra investimentos e capitalizações vivem de exportações, pois o mercado interno é só para pagar a atividade da empresa (custos fixos e variáveis), não estão investindo um real sequer na ampliação.

O mercado internacional para os nossos produtos industrializados refluiu, o que não é diferente do que ocorre com as commodities, mas isto o IBGE não fala.
Com o dólar baixo fica ainda pior, pois os nossos produtos perdem ainda mais a competitividade com a política cambial atual. Só com o consumo interno em um país onde o povo está desempregado, descapitalizado e endividado como irá ocorrer um PIB positivo?

O mercado internacional para os nossos produtos industrializados refluiu, o que não é diferente do que ocorre com as commodities, mas isto o IBGE não fala.

Com o dólar baixo fica ainda pior, pois os nossos produtos perdem ainda mais a competitividade com a política cambial atual. Só com o consumo interno em um país onde o povo está desempregado, descapitalizado e endividado como irá ocorrer um PIB positivo?

O governo diz que os juros agora estão baixos se os praticados aqui estão entre os maiores do mundo?

Em matéria de liderança em relação aos juros altos somos o quarto país no mundo!

Só para se ter uma idéia, com as atuais taxas, o cidadão que compra uma geladeira à vista por R$ 1.500,00, se for financiar em 12 vezes sem entrada, com a taxa de 101,68% ao ano ou 6,02% ao mês, vai pagar R$ 179,11 por mês, com gasto final de R$ 2.149,32.

Os consumidores que costumam rolar parte de suas faturas de cartão de crédito estão cometendo um suicídio financeiro. Os juros cobrados pelos bancos chegam a 600,73% ao ano. Esse encargo, praticamente impagável, corresponde a quase 70 vezes a taxa básica de juros (Selic) de 8,75% anuais. Não há consumidor que consiga honrar seus compromissos em dia.

Segundo dados da Anefac os juros no comércio continuam extremamente altos, com queda média de 102,59% para 101,68% ao ano. Em média, os juros cobrados da pessoa física estão em 131,87% ao ano.

O governo Lula diz que o nosso crescimento é sustentável, mas que sustentabilidade existe em um país em que a dívida interna beira a casa de R$ 1,49 trilhão?

Assim que tomou posse em janeiro de 2003, o presidente Lula celebrizou a expressão “herança maldita” numa clara referência ao tamanho da dívida pública (R$ 892,94 bilhões) que recebeu do governo Fernando Henrique Cardoso. Pois, a se confirmarem as previsões do Tesouro Nacional de que a dívida interna federal pode fechar 2010 em até R$ 1,73 trilhão, Lula repetirá a maldição do antecessor.

Este governo também diz que hoje temos uma maior independência econômica, mas que independência existe em um país cuja principal função junto ao mercado internacional é a produção de commodities?

Com dizem que hoje existe maior autonomia do executivo para tomar decisões sem interferência do capital externo. Existe AUTONOMIA em um país onde o presidente Lula contrariando todo o seu discurso histórico paga a dívida externa, que antes dizia estar mais do que paga, sem ao menos auditar os valores?

Se houve o crescimento dos investimentos estrangeiros ele se deu e se dá pela entrada do capital especulativo!

Para alguns o tal do “reconhecimento internacional” é o fato do Obama ter dito que “o Lula é o cara”?

Para mim isto só aumenta as minhas preocupações!

Carlos Molina

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