sexta-feira, 5 de março de 2010

A esquerda e a educação





A direitona nada esclarecida não aceita que a educação tenha o papel central no homem enquanto agente transformador da sociedade.

Os que são considerados como os maiores estudiosos da educação e do aprendizado no século XX, Piaget, Vygotski e o nosso Paulo Freire usaram Marx como um dos métodos de análise ao estruturarem as suas concepções.

Piaget em seus estudos sobre estruturalismo genético abordou a questão da "equlibração", o que foi uma de suas maiores contribuições, ao colocar ela como um fator que considerava essencial no desenvolvimento cognitivo. Ele abordou que para compreender o papel deste fator, devemos relacioná-lo a outros fatores que sempre foram considerados essenciais no desenvolvimento cognitivo do estudante. Segundo ele seriam três os fatores anteriores:

- as influências do ambiente físico, a experiência externa dos objetos

- o que é inato, a herança genética

- transmissão social, os efeitos de influências sociais

O quarto fator, a equilibração, seria o que teria o papel de exercer a coordenação entre eles, assim integrando os mesmos, pois na construção de qualquer estrutura operacional ou pré-operacional, um indivíduo passa por muitas tentativas e erros e muitas regulações que envolvem em grande parte a auto-regulação. Auto-regulação é a própria natureza da equilibração. Essas auto-regulações entram em cena em todos os níveis da cognição, incluindo o próprio nível mais inferior da percepção.

A regulação permite uma síntese entre a compreensão dos processos lógicos e operatórios sugeridos pelo racionalismo, das regulações sociais através da negociação e contratos entre os interlocutores conforme a análise do discurso e dos ritmos observados pela antropologia.

A perspectiva piagetiana se refere à estrutura como algo que existe através das interações. Em segundo lugar, são construídas pelos sujeitos, mesmo que não tenham consciência da obra construída ( metodologia de análise marxista). Em terceiro lugar, são genéticas: toda estrutura tem uma gênese, e toda a gênese resulta de uma estrutura. Em quarto lugar, tem um funcionamento, sendo a dialética entre estrutura e funcionamento central na compreensão do desenvolvimento.

Já Vygotsky, o que não vai contra o que foi dito por Piaget considera o papel da instrução um fator positivo, no qual a criança aprende conceitos socialmente adquiridos de experiências passadas e passarão a trabalhar com essas situações de forma consciente. Se uma transformação social pode alterar o funcionamento cognitivo e pode reduzir o preconceito e conflitos sociais, então esses processos psicológicos são de natureza social. Devem ser analisados e trabalhados através de fatores sociais.
Eles discutem que a divisão do social e o indivíduo não se perdem porque Vygotsky e Piaget avaliaram as forças individuais e sociais em desenvolvimento. Ambos relacionam social-individual, mas é Vygotsky que focaliza mais o social, dando ao social um papel específico no desenvolvimento.

Para Piaget, as crianças individuais constroem conhecimento através de suas próprias ações: entender é inventar. Para Vigotsky é a compreensão através do contraste social e origem. Entretanto Piaget nunca negou o papel da igualdade social na construção do conhecimento. É possível encontrar em Piaget afirmações em que a individualidade e o social são importantes.
Paulo Freire, embora tenha encontrado seus próprios caminhos ao fazer a crítica, como Vygotski e Piaget também usou da análise dialética marxista como uma das bases de seu método de educação, a ‘Pedagogia do Oprimido”.

Como ele disse:

“Em outras palavras, ensinar é uma forma que o professor ou educador possui de trazer evidências para o estudante sobre o que é conhecer, de forma que o estudante também venha a conhecer em vez de simplesmente aprender. Por esse motivo, o processo de aprendizagem implica a aprendizagem do objeto que deve ser aprendido. Essa preocupação não tem nada a ver com o ensino exclusivo de habilidades de alfabetização. Essa preocupação estabelece o ato de ensinar e o ato de aprender como momentos fundamentais no processo geral de conhecimento, processo do qual o educador, de um lado, e o educando, de outro, fazem parte. E esse processo implica uma instância subjetiva. É impossível que uma pessoa, não sendo o sujeito de sua própria curiosidade, possa realmente compreender o objeto de seu conhecimento.
A prática educacional, a despeito de sua importância fundamental nos processos sócio-históricos de transformação das sociedades, não é por si mesma a chave para a transformação, mesmo que seja fundamental. Dialeticamente, a educação não é a chave para a transformação, mas a transformação é por si mesma educacional.”

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