sexta-feira, 5 de março de 2010

A BAIXA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DOS JOVENS É A ORIGEM DA MARGINALIDADE.




O desemprego e o não emprego são um grave problema social que vem afetando a toda a sociedade pelos efeitos que gera.

Podemos dizer que os índices de desemprego representam a falta de capacidade da economia de um país em prover ocupação produtiva para todos que a desejam. Nas últimas décadas, houve uma deterioração do mercado de trabalho em todo o Brasil e em Curitiba não foi diferente, como o aumento da taxa de desemprego e diminuição da taxa de emprego, o que leva uma grande parte de nossa juventude a ir buscar fora outras alternativas, que nem sempre são as melhores.

Tendo o conhecimento das razões do não emprego juvenil nos é permitido identificar o perfil dos jovens desempregados e as suas necessidades e assim pela qualificação integrá-los ao mercado, melhor focando políticas de geração de emprego.

A taxa de desemprego juvenil sempre foi mais alta que a de adultos e idosos, não só em Curitiba, mas em todo país, e, mesmo em períodos que apresentam crescimento econômico e queda dos níveis de desemprego, o juvenil não diminui, pelo menos na mesma proporção, sendo também comum a sua expansão pela baixa qualificação exatamente nestes períodos.

É nessa faixa etária que se concentra a maior parte das pessoas que procuram incorporar-se ao mercado de trabalho pela primeira vez. Um argumento recorrente é que a causa do alto desemprego juvenil está na dificuldade do jovem em conseguir o primeiro emprego é associado a um sistema de educação inadequado diante das exigências do mercado de trabalho e a uma incapacidade de muitos jovens por motivos econômicos permanecerem na escola.

As atitudes preconceituosas por parte dos empresários ao preferirem trabalhadores adultos, que somam experiências e hábitos de trabalho tecnicamente melhores em um mercado com excedente de mão de obra, é mais um obstáculo para a colocação dos jovens no mercado de trabalho, principalmente para a obtenção do primeiro emprego, o que leva a muitos destes a perderem a esperança e caírem na marginalidade e até na criminalidade.

O desemprego entre jovens de 15 a 29 anos atinge 46% do total de indivíduos nesta situação no país!

Existem atualmente 51 milhões de jovens, com idade entre 15 anos e 29 anos, que enfrentam pela falta de perspectiva grandes riscos e problemas em seu cotidiano. Entre eles ocorre uma elevada incidência de mortes por homicídios, já que os homicídios correspondem a 38% das mortes juvenis.
Apenas 48% das pessoas entre 15 anos e 17 anos cursam o ensino médio, sendo que este embora importante não os qualifique para o mercado de trabalho por não terem o cunho profissionalizante, e somente 13% daquelas entre 18 anos e 24 anos estão cursando o ensino superior, o que revela o importante desequilíbrio existente entre a idade e a escolarização entre estes jovens alijados da qualificação técnica.

Chega a alcançar 18% à porcentagem de indivíduos entre 15 anos e 17 anos que estão fora da escola, percentual que atinge 66% entre aqueles que têm de 18 anos a 24 anos, sendo que a principal causa de abandono da escola entre os homens é o trabalho e, entre as mulheres, a gravidez antecipada e não programada.

O desemprego é um problema cada vez mais grave para os jovens entre 15 anos e 29 anos, que respondem por 46% do total de indivíduos nesta situação no Brasil.

A qualidade da ocupação causada pela baixa qualificação é outro problema grave, já que 50% dos ocupados entre 18 anos e 24 anos são assalariados sem carteira, porcentagem que se mantêm em 30% entre os que estão entre os da faixa dos 25 anos aos 29 anos de idade.

A insuficiência de rendas coloca na faixa de risco de cometerem crimes uma boa parcela da juventude, já que 31% dos indivíduos entre 15 anos e 29 anos podem ser considerados vivendo na miserabilidade, pois a renda domiciliar per capita é inferior a meio salário mínimo sendo que o risco de viver na pobreza absoluta é mais presente para as mulheres e para os negros, já que 70% dos jovens na extrema pobreza são afros descendentes.

Essa triste realidade enfrentada pela juventude desperta preocupações em toda a sociedade civil e também por parte do Estado brasileiro, que apesar de desencadearem uma série de ações afirmativas as mesmas não são o suficiente por não ser ainda objeto da importância que deveria ter.

A juventude é mais do que uma etapa crítica na trajetória de vida dos indivíduos e, paralelamente, mais do que uma fase preparatória para a vida adulta, a condição juvenil possui "valor" por si mesma por se tratar do futuro de uma sociedade.

Em qualquer sociedade que se preze enquanto tal ela exige uma série de políticas públicas estratégicas, que se mostrem aptas a encontrarem soluções para que não ocorram os riscos e os problemas citados pela falta da maximilização das oportunidades de inserção econômica, social, política e cultural para os jovens.

No sentido de possibilitar a estruturação de uma Política Municipal de Juventude para Curitiba devíamos criar a Secretaria Municipal da Juventude, que atuaria com o apoio do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) na implementação do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem) em nosso município.

Este programa estratégico pela gravidade que apresenta a questão será direcionado para a população juvenil entre 15 anos e 29 anos que está fora da escola e do mercado de trabalho, que não concluíram o ensino fundamental, que não estão no mercado de trabalho formal e habitam em áreas carentes da cidade.

Com a intenção de oferecer uma maior proteção contra os riscos sociais por que passam, bem como um maior leque de oportunidades de desenvolvimento para estes jovens será criada a Universidade Livre do Ofício, que além de melhorar o nível de alfabetização para a ampliação do universo cultural em conjunto irá oferecer a formação técnicas nas mais diversas áreas, tal qual a qualificação para as indústrias de confecção, metalurgia (torno, solda, etc.), construção civil (pedreiros, carpinteiros, encanadores, etc.), móveis (torno, carpintaria, entalhamento, etc.) como também para a agroindústria manufatureira da alimentação (laticínios, embutidos, conservas, etc.), vestuário, etc..

Estes cursos serão ministrados nas escolas municipais que serão readequadas para serem utilizadas no período noturno para este novo modelo de educação.

Os estudantes receberão uma bolsa para estudarem e como contrapartidas em seus treinamentos contribuirão prestando serviços a Prefeitura nas áreas específicas que estejam cursando, assim tirando a perspectiva meramente assistencialista no aprendizado recebido ao devolverem a comunidade o esforço por ela despendido para que a Universidade Livre do Ofício venha a ser uma realidade.

A condição juvenil demanda a articulação de políticas gerais com políticas específicas, além da integração de políticas coordenadas por diversas instituições tanto governamentais como das ONGs (Igrejas, Associações de Moradores, Sindicatos, etc.).

Temos que considerar os jovens como sujeitos de direitos em seu relacionamento cotidiano com a Prefeitura em seu poder de mobilização de forças e, que os problemas a que eles enfrentam só serão superados com a mobilização social e políticas de todas as organizações da sociedade civil pela via da estruturação de políticas públicas de diversas origens e naturezas para este importante segmento da nossa sociedade, que devem se articular e integrar para a abertura de oportunidades de inserção dos jovens na sociedade.



Antonio Carlos Molina

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