quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Corrupção nas ligas deixa Fifa assustada

O crime organizado estaria trocando o tráfico de drogas por "investimentos" no futebol e pelo menos 50 campeonatos nacionais poderiam estar sendo alvo da ação desses grupos. O alerta foi lançado ontem pela Fifa, às vésperas de um encontro hoje em Roma sobre a manipulação de resultados e a compra de jogadores, técnicos e árbitros pelo crime. A entidade quer reforçar a luta contra a prática diante da aproximação da Copa de 2014.


Segundo o chefe de segurança da Fifa, Ralf Mutschke, nenhuma federação está protegida diante dos lucros que o futebol vem gerando aos grupos criminosos. Mutschke revelou ter se reunido com integrante de uma quadrilha, já condenado por pagar por resultados de partidas, e se surpreendeu com o tamanho das operações pelo mundo.
"Conheci um agente condenado aqui em Zurique e ele me disse que os criminosos estão migrando do tráfico de drogas para a manipulação de resultados por causa do baixo risco e do alto lucro", afirmou Mutschke.
Segundo ele, aliados de criminosos hoje já estão infiltrados em federações em todo o mundo, ajudando a comprar resultados. "Eu diria que cerca de 50 diferentes ligas nacionais de fora da Europa estão sendo analisadas por organizações criminosas para o mercado de apostas", indicou o ex-funcionário da polícia federal da Alemanha e ex-funcionário da Interpol.
Há um ano, a Fifa confirmou ao Estado que a situação no Brasil era considerada preocupante, especialmente nas divisões inferiores de campeonatos regionais. A entidade, naquele momento, indicou que enviaria um agente para investigar a situação no Brasil e na América do Sul. O resultado jamais foi divulgado.
De acordo com a Fifa, já existem casos pelo mundo de árbitros sendo promovidos justamente por estarem colaborando com os grupos criminosos, enquanto clubes passaram a ser controlados por mafiosos.
Nos últimos anos, a Fifa vem alertando que a manipulação de resultados se transformou em uma das maiores ameaças ao futebol. Já entidades como a OCDE indicaram que o crime já usa o fato de o futebol ter pouco controle financeiro para ampliar seus lucros.
Prova da audácia dos criminosos é o envolvimento da Finlândia, um país considerado como o menos corrupto do mundo e exemplo de democracia. Ainda assim, um agente em Cingapura conseguiu manipular os resultados no campeonato nacional.
Provas reais do envolvimento do crime organizado já foram dadas também em 2006, quando a Juventus chegou a ser rebaixada por conta de estar envolvida na compra de resultados. Em 2011, uma vez mais o calcio foi tomado por um escândalo que acabou obrigando a suspensão do técnico Antonio Conte, da Juve, e até na prisão do jogador Stefano Mauri, da Lazio.
Outro exemplo foi a investigação lançada na Alemanha e que conseguiu destruir uma vasta rede de apostadores e criminosos na Europa.
Ainda assim, Mutschke admite que a Fifa nem sonha com a ideia de estar vencendo a batalha. Em 2012, a entidade lançou cerca de 20 investigações e o agente de segurança admitiu que o número pode explodir, diante do fato de que cem ligas nacionais estariam vulneráveis.
Para ele, não há como a Fifa lidar com o fenômeno sozinha e precisará da ajuda das polícias nacionais, com garantias de que os culpados serão punidos. A entidade já pediu que a Interpol coloque o assunto no centro de suas estratégias. Segundo ele, só a Fifa teria de monitorar 1,5 mil jogos internacionais por ano.
Na investigação na Alemanha, um árbitro bósnio foi identificado como tendo recebido dinheiro para manipular o resultado do jogo válido pelas Eliminatórias da Copa de 2010, entre Liechtenstein e Finlândia.

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