sexta-feira, 22 de junho de 2012

Comissão da Verdade toma depoimento de Harry Shibata, legista da ditadura





Sob sigilo, a Comissão da Verdade colheu seu primeiro testemunho de um agente público que atuou para a ditadura militar (1964-85).

Harry Shibata, médico legista que atuou no IML (Instituto Médico Legal) de São Paulo nos anos 1970, foi ouvido na semana passada por integrantes do colegiado no Centro Cultural Banco do Brasil, no centro da capital.

Aos 85 anos, Shibata foi convidado para falar sobre os laudos e atestados de óbitos que ele assinava para os militares, supostamente falseando assassinatos e torturas que ocorriam nos porões da ditadura -o que ele nega.

Um deles foi a autópsia no cadáver do jornalista Vladimir Herzog, morto sob tortura, no DOI-Codi (centro de repressão do Exército) de São Paulo, mas apresentado pelos militares -e pelo médico legista- como suicida.

No mês passado, em entrevista ao jornal "O Globo", Shibata havia prometido fazer revelações à comissão.

Mas o depoimento frustrou o colegiado. Segundo relato feito à Folha, Chibata negou responsabilidade nos episódios, limitando-se a dizer que apenas cumpria ordens.
 Ressaltou que, em muitos casos, atuava apenas como "segundo perito", não tendo a responsabilidade de atestar a causa da morte.

Recentemente, Shibata foi alvo de manifestações organizadas por movimentos sociais a favor da punição a agentes da ditadura -hoje barrada pela Lei da Anistia.

Integrantes da comissão dizem que o sigilo é estratégia de trabalho, já que muitos agentes só aceitam falar nessas condições. Apesar do testemunho, os trabalhos da comissão ainda engatinham.

Um mês depois de instalada pela presidente Dilma Rousseff, o colegiado ainda não definiu o cronograma de trabalho, regimento interno e também não escolheu todos os 14 assessores.

Ela terá prazo de dois anos e levantará violações aos direitos humanos entre 1946 e 1988, com foco na ditadura.

Os integrantes dizem que a comissão está trabalhando no ritmo adequado.

"O que posso garantir é que estamos trabalhando diariamente e não estamos presos a formalismos", disse Gilson Dipp, o coordenador.

"É precipitado fazer qualquer julgamento agora, a comissão só poderá ser julgada no final, quando apresentar o relatório", disse outro membro, José Paulo Cavalcanti Jr. (Uol)

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