terça-feira, 17 de abril de 2012



Se tem alguém realmente, mas realmente feliz em Brasília pelos apuros em que está metido o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), esta pessoa é o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Sua alegria já é pública. Na noite do sábado 14, sentado com a família e amigos numa mesa do restaurante Soho, no Pontão, em Brasília, Renan não economizava no tom de voz, nas gargalhadas e nas historietas que contava sobre seu adversário.

- A nota que eu passei para o Cláudio sobre a operação do Demóstenes foi uma das mais engraçadas que ele já publicou, divertia-se Renan, na conversa entre sushis e sashimis, referindo-se ao colunista Cláudio Humberto Rosa e Silva e a uma intervenção cirúrgica a que o senador que deixou o DEM foi submetido tempos atrás.

Momentos antes, Renan, ao lado de sua mulher, lembrava aos amigos como foi tratado por Demóstenes, ao tempo em que teve de renunciar ao cargo de presidente do Senado, em 2007, como forma de preservar o seu próprio mandato:

- Demóstenes mostrava fitas contra mim, fez o que quis, mas agora está ai, sem rumo.

O senador avisou aos interlocutores que sobre todos os fatos políticos recentes vinha conversando com o presidente do Senado, José Sarney, para alinhar a si próprio e ao PMDB numa mesma posição em relação ao julgamento de Demóstenes na Comissão de Ética. Pelo tanto que Renan se divertia, era perceptível para quem estava próximo que, a depender dele, não há escapatória para o senador por Goiás.

Há, ainda, um motivo adicional, e não menos importante, para que Renan viva um momento politicamente tão feliz. Na recente troca da liderança do governo no Senado feita pela presidente Dilma Rousseff, na qual o senador Romero Jucá (PMDB-RR) deu lugar senador Eduardo Braga (PMDB-AM), Renan viu seu grupo político mais próximo perder poder. Ele, afinal, forma, com Jucá e Sarney, um trio com posições indivisíveis. O chega para lá em Jucá significou, naquele momento, um gesto pelo esvaziamento no poder desse grupo.

A CPI mista, entre deputados e senadores, que será instalada para apurar as ramificações do contraventor Carlinhos Cachoeira, porém, fez ressurgir a influência dos três sobre a bancada e outros políticos. Em Brasília, as apostas são de que esse grupo, com Renan à frente, é o que tem mais capacidade para dar o tom da CPI, guiando-a politicamente. A presidente Dilma, que desconfia que a comissão poderá trazer problemas para a sua administração e o seu partido, uma vez que a Delta Engenharia, ligada a Cachoeria, é uma das grandes empreiteiras do PAC, voltará a precisar dos serviços da trinca se não quiser perder o controle sobre os rumos das investigações. Sem dúvida, mais um motivo para Renan sair rindo, leve e solto, pela noite de Brasília. (247)

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