segunda-feira, 23 de abril de 2012

Jacob do Bandolim em versões raras e inéditas

Time da pesada, da esquerda para a direita: Ismael Silva, Jacob do Bandolim, Mozart de Araújo, Cristina Maristany, Arminda Villa-Lobos, Hermínio Bello e Carvalho, Mônica Távora, Jodacil Damaceno, Turíbio Santos e Mário Cabral - 1962.


Depois de quarenta anos guardado, o instrumento volta a produzir som. Trata-se de um dos dois bandolins de Jacob do Bandolim, datado de 1937 e aposentado após a morte do mestre. O bandolinista Déo Rian, atual presidente do Instituto Jacob do Bandolim, herdou a preciosidade da filha do compositor, Elena Bittencourt, falecida em 2011. Rian tira o bandolim da caixa e dedilha alguns acordes de choro. O som é perfeito.

“Quarenta anos fechado, me diziam que o bandolim não tinha mais uso”, conta Rian. “Mas nem precisou restaurá-lo. Quer dizer, foi preciso fazer uma limpezinha, só. O som é maravilhoso”.

O bandolim histórico de Jacob é apenas mais uma dos tesouros recuperados pelo Instituto. Rian o tirou da aposentadoria para uma série de shows que celebrarão o lançamento dos dois volumes do Caderno de Composições de Jacob do Bandolim, fruto de uma pesquisa de dois anos do Instituto e de uma equipe de estudiosos, como os instrumentistas e pesquisadores Sérgio Prata, Marcílio Lopes e o próprio Rian.

O livro só foi possível graças a um longo processo de identificação, catalogação e transcrição de todas as composições de Jacob. Assim como o antigo bandolim, algumas músicas já aposentadas e totalmente desconhecidas ganham uma nova vida graças às partituras. Novas gerações de chorões poderão tocar novamente raridades como “Se alguém soffreu”, a primeira composição de Jacob gravada em disco.

Pela sua importância (foi gravada em 1938 por uma Aracy de Almeida então no auge do sucesso), é difícil entender como este samba pode ter permanecido tanto tempo no anonimato. O próprio Jacob nunca havia se referido a ele em entrevistas e nem mesmo seus filhos, sempre zelosos em preservar a obra musical de seu pai, sabiam de sua existência. Na mesma faixa, é possível ouvir um bandolim que muito provavelmente também foi sua primeira performance como instrumentista em disco. Estrear com uma artista como Aracy, que ele apreciava bastante, deveria ser considerado uma honra por Jacob – o que apenas aumenta o mistério do seu “esquecimento”.

“É um ótimo samba, se fosse gravado hoje, faria sucesso”, opina Sergio Prata, vice-presidente do Instituto e um dos integrantes do projeto.

Além dos tesouros esquecidos, há também as obras desconhecidas. Em meio ao processo, os pesquisadores acharam os manuscritos de nada menos do que 15 músicas inéditas de Jacob. A lista inclui uma parceria rara com Amador Pinho, única que se tem notícia com o bandolinista paulista, valsas e estudos dedicados a sua filha e ao seu médico, além de um tango, chamado “Pensando em você”. (ON)

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