A Polícia Civil de Pernambuco informou que uma das três pessoas acusadas de matar e praticar canibalismo em Garanhuns (230 km do Recife) recheava empadas com carne humana e as vendia nas ruas da cidade. A revelação foi feita ao UOL nesta sexta-feira (13) pelo delegado Wesley Fernandes, que está à frente do inquérito que investiga a seita e os supostos crimes praticados pelos acusados, que foram detidos na última quarta-feira (11). Pelo menos três mortes em rituais macabros são atribuídas ao grupo, que mantinha um triângulo amoroso.
Além de Isabel, também foram presos Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, 50, e Bruna Cristina Oliveira da Silva, 25. Eles são acusados do assassinato de duas mulheres em Garanhuns: Gisele Helena da Silva, 31, e Alexandra Falcão, 20, tiveram os restos mortais encontrados no quintal da casa onde o trio morava, no bairro Liberdade, em Garanhuns. As duas estavam desaparecidas desde o início do ano.
Além das duas mortes em Garanhuns, a polícia informou acreditar que o grupo é autor de outro crime, ocorrido em Olinda –região metropolitana do Recife--, em 2008. Segundo o delegado, o trio teria criado uma seita macabra, cujo objetivo seria “conter o avanço da humanidade.”
Além de matar, eles comiam a carne porque acreditavam na purificação. Parte da carne era servida a uma criança de cinco anos que morava com o trio e que seria filha da primeira vítima, Jéssica Camila, então com 17 anos. Uma das acusadas, Bruna usava os documentos de Jéssica e chegou a fazer compras usando identidade falsa em lojas de Garanhuns.
“Está “99% confirmado que esse primeiro crime, em 2008, foi praticado por eles. Se tratou de um mesmo ritual em que eles matavam a vítima com arma branca, drenavam o sangue, esquartejavam, comiam uma parte da carne e enterravam os demais pedaços”, disse Wesley.
A polícia já encontrou os familiares de Jéssica Camila, que confirmaram que a menor e o corpo da vítima estão desaparecidos desde 2008. A menor está sob guarda do Conselho Tutelar e já revelou que presenciava as mortes, dizendo que os pais "iriam mandar a mulher para o inferno."
“Úteros malditos”
O delegado explicou que as vítimas do grupo sempre eram mulheres, já que elas teriam “úteros malditos, que geravam filhos”. A atração das mulheres até os acusados se dava por meio de oferta de empregos.
“Eles dizem que era um ritual para purificar a alma, pois a ‘Bíblia’ diria para matar e comer. E eles não podiam desperdiçar. Eles faziam igual carne de boi: esticavam na geladeira de casa, desfiavam e comiam. Segundo depoimento, a carne durava quatro dias até o consumo total”, disse.
Uma quarta vítima –uma jovem do município de Lagoa do Ouro-- já estaria com data certa para morrer. “Ainda bem que essa nova vítima escapou, mas já existia todo um plano para matá-la, da mesma forma das outras vítimas.”
Na casa onde o trio vivia, em Garanhuns, a polícia também encontrou um livro com vários relatos macabros da morte. O texto chegou a ser registrado em cartório, no final do mês passado, com o título "Revelações de um esquizofrênico". O material está sendo analisado pelos policiais.
Os três presos já foram encaminhados para presídios na região e estão à disposição da Justiça. Negromonte está detido na cadeia pública de Garanhuns, enquanto as duas mulheres foram levadas para Colônia Penal Feminina de Buíque.
“Quando a Bruna chegou ao presídio feminino, ao ser oferecido a refeição, ela disse que não comia aquele tipo de carne, só comia carne humana. As outras presas de cela ficaram revoltadas, e já soube que as duas mulheres foram separadas para evitar problemas”, informou Wesley. (Uol)
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