quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Berlinenses protestam contra visita de Bento XVI à Alemanha


Deputados da oposição, homossexuais, vítimas de abusos sexuais em escolas religiosas e católicos críticos marcharam nesta quinta-feira por Berlim sob o lema "Keine Macht den Dogmen" (Nenhum poder aos dogmas), por ocasião da primeira visita de Joseph Ratzinger, como papa, à capital de seu país natal.

Um caminhão equipado com uma potente aparelhagem de som abriu passagem à manifestação, a maior das seis convocadas contra o discurso de Bento XVI no Parlamento (Bundestag), um episódio inédito nesse plenário.

Cerca de 20 deputados - entre os quase 100 parlamentares que boicotaram o discurso por considerar que quebra o princípio de neutralidade religiosa - se misturaram à colorida passeata, integrada por aproximadamente 15 mil manifestantes de todas as idades e ideologias.

"Somos contra a falsa moral sexual do Vaticano", afirmou à Agência Efe Wiltrud Schenk, de 65 anos e fantasiada de preservativo lilás.

"As desculpas protocolares não apagarão os 14 anos de abusos sexuais sofridos como coroinha", afirmava Eckhard O., de 62 anos, ao lado de um cartaz que denunciava os estupros em orfanatos.

As reivindicações não se limitaram às ruas de Berlim, cuja porcentagem de católicos é de 9,3% e onde a maioria dos cidadãos não tem religião.

O primeiro dos anfitriões do papa, o presidente Christian Wulff, católico que está em seu segundo casamento e que, portanto, é excluído dos sacramentos, já havia reivindicado em seu discurso o fim dessa determinação.

Outro anfitrião, o prefeito-governador de Berlim, Klaus Wowereit, social-democrata, católico e homossexual, gostaria de ter participado do protesto, mas foi impedido pelas atribuições de seu cargo.

No dia anterior, a chanceler Angela Merkel, filha de um pastor protestante, havia feito um apelo em um ato da União Democrata-Cristã (CDU) pela abertura religiosa.

Enquanto Merkel, Wulff e Wowereit escutavam o discurso do papa no Bundestag, a passeata se movimentava ao ritmo de uma grande boneca que representava uma freira tirânica.

No final da manifestação, duas religiosas do movimento católico "Wir sind die Kirche" (Nós somos a Igreja) expressavam sua decepção pela falta de avanços no movimento ecumênico, seis anos depois da escolha de Ratzinger.

"Não deveria causar estranhamento o fato de haver mais apóstatas (pessoas que abandonam a vida religiosa) do que batismos", argumentava Christa Eichinger, um pouco incomodada pelo barulho, mas decidida a seguir entre os diferentes coletivos de manifestantes.

Quase 500 anos depois que outro alemão, Lutero, cravou em 31 de outubro de 1517 suas teses na igreja de Wittenberg, dando origem à reforma protestante, os católicos críticos exigem um esforço maior rumo ao ecumenismo.

"O papa chegou se queixando da crescente indiferença religiosa. Não é justo. Deveria interpretar esta manifestação como prova de respeito, pelo menos nós não o ignoramos", dizia James, um transexual americano maquiado como Freddy Mercury.

Enquanto isso, um grupo do chamado "Bloco negro", a esquerda radical violenta, avançava sob a mira de um poderoso contingente policial.

A manifestação percorreu Berlim gerando um engarrafamento fenomenal, que também chegou a bairros afastados como Kreuzberg e Neuköln, onde vive uma numerosa população imigrante muçulmana e que será o local onde o papa pernoitará.

"Não tenho absolutamente nada contra o seu papa. Mas poderia pelo menos quebrar esse protocolo e dormir no (hotel) Adlon, como toda visita de Estado", lamentava Ahmed, morador do bairro, cujas escolas, entre elas a de seus filhos, foram fechadas nesta quinta-feira por razões de segurança. (EFE)

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