segunda-feira, 6 de junho de 2011

A população demonstrou solidariedade quando os ombeiros detidos no Rio foram levados para Charitas

Durante o trajeto as pessoas nas ruas acenavam demonstrando solidariedade e gritando palavras de apoio aos os cerca de 400 bombeiros detidos pela Polícia Militar

Na manhã deste domingo, os cerca de 400 bombeiros que passaram o sábado e a madrugada de domingo detidos na Corregedoria da Polícia Militar, em São Gonçalo, foram transferidos para a 3ª Policlínica do Corpo de Bombeiros de Niterói, em Charitas. Os militares chegaram à unidade por volta das 12h30, em mais de 10 ônibus escoltados por viaturas do Batalhão de Choque e pelo Bope.

Durante o trajeto, várias pessoas nas ruas acenavam demonstrando solidariedade e gritando palavras de apoio aos bombeiros detidos. Os militares, das janelas dos ônibus, antes de entrarem na unidade de Charitas, contaram que muitos passaram a noite dentro dos veículos, enquanto outros dormiram no chão das salas da Corregedoria.

“Estamos sem tomar banho, sem escovar os dentes e só com a roupa que entramos aqui. A única coisa que recebemos lá foi uma quentinha que chegou por volta das 3 horas, com macarrão e linguiça. E mesmo assim, não deu para todo mundo. Isso não é digno”, protestou o militar que pediu para não ser identificado.

Ainda na entrada da unidade de Charitas, bombeiros que estavam em um dos ônibus entregaram uma carta para a equipe de reportagem, onde escreveram sobre a invasão da polícia ao Quartel Central na noite de sexta-feira e o clima de preocupação entre eles.

“Sobre o fato no quartel central entramos para manifestar a nossa indignação com o descaso de nossa corporação. Não quebramos nada por que reconhecemos que o quartel é uma extensão de nossas casas (...). Hoje estamos preocupados, mas tranquilos. Preocupados pela situação em que nos encontramos (...)”, escreveram em um dos trechos da carta.

A porta da unidade de Charitas, muitos parentes aguardavam ansiosos na tentativa de conseguir ver os bombeiros e ter notícias dos detidos. Eles foram recebidos com aplausos, fogos e gritos de “heróis”.

Casados há oito anos, a mulher de um dos militares conseguiu localizar o marido em um dos ônibus.

“Agora estou um pouco mais tranquila, já que consegui vê-lo e sei que ele está bem”, disse a jovem que pediu para não ser identificada. Ela estava ao lado de uma amiga, também mulher de outro bombeiro, que estava aflita por não ter conseguido achar o marido em nenhum dos ônibus.

Ao entrar na unidade, todos de mãos dadas, os militares cantaram o hino nacional. Vestindo a farda da corporação, um bombeiro da unidade de Campo Grande foi até Charitas para dar apoio aos colegas. Emocionado, ele lembrou a coragem de todos para salvar vidas diariamente. Maria da Penha de Oliveira, 58 anos, mãe de um dos militares detidos, também estava bastante emocionada e indignada com a prisão do filho.

“Meu filho trabalhou no resgate das famílias do Morro do Bumba e em Teresópolis salvando vidas. Quando é para salvar vidas eles precisam quase fazer um milagre, mas, realmente, para viver com um salário de R$ 950 não dá para fazer milagre. E é só isso que eles estão pedindo, um salário um pouco mais digno. Eles não são bandidos para estarem presos. Eles são heróis”, argumentou Maria da Penha.

Por voltas das 6 horas deste domingo, outros três ônibus da PM fizeram a transferência de uma primeira parte do grupo de presos. Segundo os detidos, praticamente todos que estavam na Corregedoria foram levados para a unidade de Charitas. Porém, segundo eles, algumas pessoas foram encaminhadas para o Grupamento Especial Prisional (GEP), em São Cristóvão.

O senador Lindberg Farias esteve na unidade de Charitas para acompanhar o processo de transferência dos detidos. Lindberg afirmou que busca diálogo com o Governo do Estado. Para ele, "este é um movimento legítimo da categoria e não tem politicagem". O senador pediu que os parentes dos bombeiros ficassem tranquilos e afirmou que todos estavam bem, que receberam colchonetes, lençol e kits de higiene pessoal. O senador frisou que "neste momento, as questões mais importantes são o início de uma negociação salarial e a tentativa, junto aos advogados, da retirada das ações criminais".

Muitos familiares foram à unidade de Charitas com a esperança de poder visitar os bombeiros detidos. No entanto, eles foram reunidos no auditório da unidade e informados pelo coronel Marcos Tadeu de que as visitadas só serão liberadas às terças, quintas e sábados à tarde. Muitos parentes, que vieram de cidade como Campos e Friburgo, trazendo roupas, cobertores, e alimentos, ficaram inconformados com a determinação

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