sexta-feira, 20 de maio de 2011

COM 20 PUNHALADAS, MORRE EX-ESPIÃO DE PINOCHET


Vinte profundas punhaladas no peito, mandíbula, pescoço e nas costas acabaram com a vida de Enrique Arancibia Clavel, ex-assassino e ex-espião do governo do ex-ditador chileno Augusto RampíPinochet (1973-90). O corpo do ex-integrante da Dina – o serviço secreto da ditadura chilena – foi encontrado coberto de sangue ressecada em seu apartamento na rua Lavalle, em pleno centro de Buenos Aires. A primeira pessoa em encontrar o cadáver do protagonista de diversos atos terroristas foi seu namorado, um jovem de vinte e poucos anos. Nas horas seguintes, o assassinato do ex-torturador era o assunto preferido dos vizinhos do prédio e de todo o quarteirão. Um deles pontificou: “a la pucha… o chileno tinha mais facadas do que furos em um coador de macarrão”.
Muitos anos antes de ser comparado com um utensílio de cozinha, Arancibia Clavel foi o organizador do atentado que em 1974 na rua Malabia, no bairro de Palermo, matou o general Carlos Prats, ex-chefe do Exército do Chile durante o governo do presidente socialista Salvador Allende (1970-74), e sua esposa, Sofia Cuthbert. A bomba que matou o casal exilado em Buenos Aires havia sido colocada sob o veículo dos Prats pelo americano Michael Townley, agente da CIA que nos anos 80 delatou perante a Justiça dos EUA seu ex-colega chileno. A explosão espalhou os pedaços dos corpos dos Prats em um raio de 50 metros.
Arancibia Clavel também havia sido o autor do assassinato do anterior comandante em chefe do exército chileno, o general René Schneider, em 1970, em Santiago do Chile. Schneider havia resistido às pressões para protagonizar um golpe de Estado que impedisse a posse de Salvador Allende.

Quatro anos após o assassinato de Prats, Arancibia Clavel – um dos espiões preferidos de Pinochet – recebeu a missão de descobrir detalhes dos planos militares das forças armadas argentinas, que estavam prestes a entrar em guerra com o Chile por causa da disputa do canal de Beagle.
Descoberto em 1978 Buenos Aires, foi preso. No entanto, poucos anos depois foi beneficiado com uma anistia. A partir dali, Arancibia Clavel optou por permanecer em Buenos Aires.
No entanto, em 1996, foi detido pela Justiça argentina pelo crime cometido 22 anos antes em Buenos. Pelo assassinato de Prats e sua esposa foi condenado à prisão perpétua. Na época, o caso estabeleceu precedentes jurídicos para a reabertura de processos contra ex-integrantes da ditadura na região, já que a Corte Suprema argentina determinou que o assassinato fora um crime contra a Humanidade, e portanto, não prescrevia.
No entanto, em 2007 conseguiu a liberdade condicional. De lá para cá, vivia da renda do aluguel de três veículos que havia transformado em táxis e morava em um quarteirão famoso por estar coalhado de pequenos escritórios de empresas-fantasma e de estabelecimentos de prestação de serviços sexuais.
A polícia em Buenos Aires deteve dois “táxi-boys”, isto é, “garotos de programa”, suspeitos de terem assassinado o ex-espião, que constantemente requeria serviços sexuais masculinos em seu apartamento. Tudo indica que os dois rapazes teriam roubado US$ 40 mil do autor da morte do general Prats.

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