terça-feira, 8 de março de 2011

Richa não vê necessidade de intervenção no PSDB de Curitiba

Principal liderança tucana no Paraná, o governador Beto Richa (PSDB) vive o dilema de apoiar um colega de partido (o ex-deputado Gustavo Fruet) na eleição de 2012 à prefeitura de Curitiba ou o ex-vice, fiel aliado e atual prefeito Luciano Ducci, que é de um partido diferente, o PSB. Nessa corrida pela preferência de Richa, Ducci parece ter largado na frente. Em entrevista à Gazeta do Povo, o governador demonstrou ser contra uma intervenção no diretório municipal do PSDB de Curitiba – atualmente com fortíssima tendência a dar suporte à reeleição de Ducci em detrimento de Fruet.

A intervenção chegou a ser cogitada pelo presidente estadual do PSDB, o deputado Valdir Rossoni. Isso evitaria que os tucanos de Curitiba, liderados pelo vereador João Cláudio Derosso (presidente municipal do PSDB), fechassem desde já o apoio a Ducci.

Apesar disso, na avaliação de Richa, não existe motivo para a medida. “Seria um gesto traumático e a pergunta que fica no ar é: que argumentos consistentes haveria para justificar uma intervenção?”, questionou o governador. O posicionamento de Richa seria um sinal de que ele não estaria tão disposto a abandonar o projeto de apoiar a reeleição de Ducci para apostar numa candidatura própria do PSDB.

Os integrantes do partido que defendem a intervenção afirmam que, se mantida a eleição do novo diretório municipal, marcada para o dia 20, o destino do PSDB em 2012 já estaria selado: apoiar a reeleição de Ducci. Nos próximos dias, Richa deve se reunir com Rossoni e com Derosso para tratar do assunto.

Derosso seria um dos principais defensores da aliança com o PSB e já teria orquestrado o diretório municipal para isso. Os comentários nos bastidores são de que o vereador estaria interessado na vaga de vice da chapa de Ducci. Derosso, no entanto, nega. “Em nenhum lugar você vê uma declaração minha de que o partido deve apoiar o Luciano. O que eu defendo é que sejam cumpridas as regras partidárias e tenhamos a eleição interna para definir o novo diretório.”

Apesar da negativa de Derosso, é evidente a preocupação de parte dos tucanos com a reeleição dele para a presidência do diretório municipal. Na semana passada, o deputado estadual Mauro Moraes – candidato tucano à Assembleia Legislativa mais votado na capital – se reuniu com Rossoni para tratar do assunto. Moraes faz parte do grupo que acredita que a eleição do diretório significará o apoio automático a Ducci.

Gustavo Fruet faz a mesma avaliação. “Se houver a definição do diretório, ficará evidente que há pouco espaço para uma candidatura própria do PSDB”, afirma Fruet, que cobra um posicionamento do partido. “Se eu não for candidato, tem que ficar claro o motivo. E só não serei candidato se não houver vontade e apoio do partido.” Rossoni já afirmou que o PSDB não poderá negar a legenda a Fruet caso ele realmente queira ser candidato. Mas o ex-deputado só admite se candidatar caso conte com o apoio de todo o PSDB. Por isso, na avaliação dele, a intervenção no diretório neste momento é tão importante.

A pressa e preocupação de Fruet por uma definição do partido se explica pela experiência do ano passado. Os tucanos esperaram até o último momento por uma resposta de Osmar Dias (PDT) ao convite para que ele disputasse a reeleição ao Senado na chapa de Richa. Apenas depois da negativa de Osmar – que preferiu ir para a disputa pelo Palácio Iguaçu, mas só anunciou isso no último momento –, o partido abriu espaço para Fruet se candidatar ao Senado. O tucano considera que essa demora foi um dos motivos para sua derrota nas urnas.

No entanto, embora não tenha saído vitorioso, Fruet se cacifou para a disputa do ano que vem. Na capital, foi o primeiro colocado entre os candidatos ao Senado, com 646,8 mil votos. Além disso, ele conta com a orientação da cúpula nacional do PSDB, de que o partido deve lançar candidatos em todas as cidades em que tiver chances de vencer em 2012.

Entrevista

Beto Richa (PSDB), governador do Paraná

O PSDB vive hoje uma polêmica sobre a eleição de 2012, se terá candidato próprio ou se apoiará a candidatura à reeleição do prefeito Luciano Ducci (PSB). Na avaliação do senhor, qual deve ser a tendência do partido?

É muito cedo para trazer essa discussão, que na minha avaliação é até extemporânea. Eu aposto – e vou concentrar todos os meus esforços e minha energia – na busca da conciliação. Todos concordam que o nosso grupo político é muito grande, muito forte e posso dizer, sem falsa modéstia, o favorito das eleições de 2012. Compreendemos também que, divididos, somos um tanto mais fracos e isso desperta o interesse de partidos que são nossos adversários.

O senhor acredita na possibilidade de intervenção no diretório municipal do PSDB?

Intervenção é uma palavra meio pesada. Seria um gesto traumático e a pergunta que fica no ar é: que argumentos consistentes teriam para justificar uma intervenção? O PSDB de Curitiba é tido como um dos melhores ou o melhor e mais bem organizado do Brasil. Basta ver o desempenho do PSDB nas três últimas eleições aqui na capital. Então, é bom evitar falar em intervenção porque não há motivo para isso. Eu concentro as minhas energias para ter a união do grupo.

O ex-deputado Gustavo Fruet tem dito que, se for eleito o diretório municipal, a candidatura dele fica inviável. Como o senhor encara esse posicionamento?

Eu entendo essa colocação do Gustavo. Mas é por isso que eu falo que devemos buscar o entendimento. A intervenção iria fragilizar o partido, fragmentá-lo. Outros ficariam insatisfeitos com a intervenção.

Quem ficaria insatisfeito com a intervenção?

O que foi dito pelos vereadores [de Curitiba] é que eles não aceitam a intervenção. Eles afirmam que trabalharam pelo partido, pelo crescimento e o fortalecimento das zonais por toda a cidade. Eles se sentiriam agredidos com um gesto traumático como a intervenção. O importante, então, seria buscarmos o entendimento. Acredito que para ao próprio Gustavo não interessa ser candidato de qualquer forma, com o partido dividido. Então, ao meu ver, não interessa a ninguém, nem a Luciano, nem a ele [Fruet], uma intervenção dentro do PSDB. E o meu papel hoje é lutar por esse entendimento. Eu aposto nisso e acho que é a medida mais inteligente. Tanto para o grupo que tem mais simpatia pelo Luciano como pelos simpatizantes do Gustavo.(GP)

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