quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Ex-diretor porto de Paranaguá diz que falcatruas no porto são antigas


O Estado do Paraná

Exonerado da Diretoria Técnica do porto de Paranaguá pelo ex-governador Roberto Requião (PMDB) após denunciar irregularidades no terminal marítimo, o engenheiro Leopoldo Campos disse ontem que os esquemas desvendados pela Operação Dallas já ocorriam antes mesmo de Daniel Lúcio de Oliveira Souza assumir a superintendência do Porto, em 2008.

Campos disse que muitos dos crimes cometidos foram denunciados por ele a Requião, à Polícia Federal e ao Ministério Público (MP) em 2007, durante a gestão de Eduardo Requião.

“De tudo isso, a única coisa diferente é a compra da draga, que ocorreu depois que eu já saí. Mas o resto, já acontecia tudo antes e foram denunciados por mim à Polícia Federal e ao Ministério Público”, disse Campos que aponta Eduardo com líder do esquema. “Denunciei fraudes em licitações, cobrança de propina, comportamentos inadequados, fraudulentos, tudo visando o lucro. Até propina da cantina eles cobravam”, disse. “E tem gente que continua lá que era cérebro desse esquema”, alertou.

Leopoldo Campos disse que no dossiê que entregou a Requião e, posteriormente ao MP alertava para o desvio de cargas, fraudes nas licitações, irregularidades nos procedimentos de dragagem, empresas construindo em áreas públicas após pagar propina, obras realizadas com equipamentos inadequados, aditivos contratuais fraudulentos, entre outras irregularidades.

“Nenhum engenheiro assinava nenhuma licitação, não era consultado sobre nada. A equipe técnica não participava de nenhum desses procedimentos, que são fundamentais para o porto”, disse.

Leopoldo Campos disse que nunca foi convidado para participar do esquema. “O que eles queriam era que eu assinasse pareceres técnicos referendando a falcatrua deles, mas nunca assinei”, disse. “O superintendente me chamou para reunião eu disse que não ia participar de reunião de quadrilha”, emendou.

Apesar de não estar no porto na época da tentativa da compra de uma draga chinesa, que levou a PF a pedir a prisão de Eduardo e do ex-secretário Luiz Mussi pela cobrança de US$ 5 milhões em propina, Lepoldo Campos disse que o processo de dragagem do Canal da Galheta, que o governo nunca conseguiu concluir, era sempre pretexto para esquemas fraudulentos. “Todas aquelas licitações eram viciadas”, contou.

O engenheiro disse estar satisfeito com os desdobramentos da Operação Dallas, mesmo quase quatro anos depois de sua denúncia. “Não tem preço. Estou muito satisfeito de a sociedade estar descobrindo quem são essas pessoas. De ver que está acontecendo Justiça. Eu fui para Paranaguá para arrumar o porto, mas isso não interessava a eles, pois, quanto mais bagunçado, mais fácil para a corrupção”.

Ele disse que mesmo que não tenha participado do esquema, o ex-governador Roberto Requião sabia das irregularidades, já que foi comunicado pessoalmente pelo próprio Leopoldo Campos, “mas ele preferiu me exonerar”.

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