domingo, 28 de novembro de 2010

Tesouro inca volta para casa


Há um século, Hiram Bingham, um explorador norte-americano apoiado pela Universidade de Yale, cortou seu caminho através de montanhas e florestas e chegou às ruínas da mística cidadela inca de Machu Picchu, até então conhecida apenas por fazendeiros locais. Ele retornou posteriormente para escavar o local, onde juntou aproximadamente 46 mil peças, desde cerâmica a artefatos de metal e ossos humanos, e as enviou de volta para Yale para serem analisadas e exibidas. Sua exportação teve permissão do presidente do Peru, mas deveria ser temporária. Em vez disso, as peças permaneceram em Yale desde então, o que, recentemente, irritou o povo peruano.

Alan García, presidente do Peru desde 2006, continuou uma campanha lançada por seu predecessor, Alejando Toledo, para persuadir a universidade a devolver as peças. Com o objetivo de conseguir a devolução a tempo do centenário da primeira expedição de Bingham, em julho, García recentemente liderou uma marcha de protesto em Lima, capital do Peru, e publicou uma carta que enviou a Barack Obama pedindo para o presidente norte-americano interceder no caso.

Yale sentiu a pressão e, este mês, enviou o ex-presidente mexicano Ernesto Zedillo, que mantém um centro de pesquisas na universidade, ao Peru. Zedillo prometeu que a universidade devolveria a coleção por partes, ao longo dos próximos dois anos. García imediatamente foi a público a respeito dessa oferta, ao mesmo tempo em que deu crédito a Yale por preservar a coleção e prevenir que fosse espalhada entre donos privados.

Sob o acordo, confirmado por Yale alguns dias depois, 370 das melhores peças serão devolvidas a tempo de serem exibidas durante o centenário. O novo lar da coleção será a universidade principal de Cuzco, antiga capital Inca. De acordo com o plano, Yale irá colaborar com a criação de um centro de pesquisa em Cuzco para o resto do material — ao qual os pesquisadores norte-americanos terão acesso.

A maioria das peças é só de interesse exclusivo de pesquisadores especialistas. Contudo, os melhores irão criar uma nova atração em um país onde o turismo está crescendo rapidamente, com Machu Picchu como principal ponto. O acordo também pode mandar uma mensagem para colecionadores menos honrados ao redor do mundo, que continuam a comprar e negociar ilegalmente objetos exportados que fazem parte da rica — embora muitas vezes oficialmente negligenciada — herança cultural peruana.

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