domingo, 28 de novembro de 2010

Pesquisa revela perfil de algoz feminino

VANESSA PRATEANO/GP


Uma pesquisa realizada por estudantes de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), divulgada neste fim de semana, retrata, pela primeira vez, o perfil dos homens que cometem agressão contra a mulher na capital do estado. O estudo Perfil do autor de violência doméstica contra a mulher em Curitiba é de autoria das estudantes And’gelica Schneider, Angeli Löwen e Damaris Schwalb. Os dados foram recolhidos a partir de casos atendidos pelo Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Curitiba.

A pequisa mostra que a maioria dos agressores é jovem: 42% têm entre 24 e 36 anos e 65% trabalham – a metade em um emprego formal. “Os números mostram que, mesmo com todos os problemas que a agressão e a possível prisão trazem para a vida profissional, a maioria não se sente intimidada por isso e comete a agressão”, afirma a professora Maria Cristina Carvalho, coautora da pesquisa.

De acordo com Maria Cristina, tais consequências não são levadas em consideração por conta de outro fator que tem grande influência nas agressões: o uso de drogas e álcool, utilizados por 71% dos agressores – 85% ingerem álcool e 45% também usam drogas. “O álcool está diretamente relacionado aos incidentes”. A escolaridade também é baixa: apenas 10% têm ensino fundamental completo e 49% não chegaram a concluí-lo.

Tratamento

A pesquisa vai ajudar a conhecer melhor o homem agressor e, a partir disso, contribuir para a formulação de estratégias que permitam tratá-lo e reeducá-lo, como prevê a Lei Maria da Penha. Mas, sem informação sobre o perfil do algoz, a medida é pouco aplicada nos juizados brasileiros. A iniciativa de realizar a pesquisa em Curitiba partiu da titular do juizado da capital, Luciane Bortoleto.

Imagem feminina

Atualmente, o juizado paranaense já oferece tratamento psicológico aos agressores presos em flagrante que respondem ao processo em liberdade. O tratamento é coordenado pela professora Maria Cristina e abrange desde a orientação jurídica até esclarecimentos sobre a influência das drogas no comportamento agressivo. “Também trabalhamos a representação que o agressor faz do sexo feminino, pois muitos ainda acreditam que mulher deve apanhar, e que eles devem exercer poder sobre ela”. Para Maria Cristina, a pesquisa aponta que tratar somente a vítima não traz resultados. “É uma relação complementar. Muitas vezes, o próprio algoz também é uma vítima”.

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