quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A POSTURA DA GLOBO NA ENTREVISTA DO JORNAL NACIONAL COM A “DELICADA” DILMA E EM RELAÇÃO A FEITA COM O SERRA

A socialite Lily Marinho e a candidata Dilma

Carlos Molina

Nunca apreciei a programação da Globo e sempre tive uma forte rejeição ao conteúdo ideológico repassado pela emissora.

A Globo surgiu como o meio de comunicação oficial da ditadura civil e militar, sendo que o seu fundador Roberto Marinho foi um dos grandes expoentes da mesma. As empresas do conglomerado Globo a partir do regime militar capitalizaram e cresceram economicamente como empresa privada, o que não foi diferente depois da “queda” da mesma com o início do processo de redemocratização do país, já que todo governante acaba por se submeter à forte pressão midiática desta rede de comunicação. O único que ousou a enfrentar, o Leonel de Moura Brizola, que hoje deve revirar na sepultura pelo fato da sua ex-correligionária Dilma estar frequentado a mansão dos Marinhos.

Na entrevista com a Dilma, por causa de uma pergunta do Bonner, o presidente Lula disse que o entrevistador tinha que ter tido mais “delicadeza” em relação a sua candidata e o PT surtou dizendo que a Globo pela grosseria do Bonner havia tentado truncar o raciocínio da Dilma. O jornalista só interveio porque ela tinha disparado a falar como tática para evitar perguntas. A todo custo à despreparada Dilma tentou transformar o que era para ser uma entrevista em um mero palanque eletrônico.

Se a TV Globo, que tanto se beneficiou no governo Lula ao receber centenas de milhões em verbas publicitárias, o que também ocorreu nas outras empresas que fazem parte deste conglomerado empresarial (editora, jornais, etc.), como também pelo erário que foi canalizado para a Fundação Roberto Marinho, fosse inimiga deste governo a matriarca do clã Marinho não teria recebido a candidata para um almoço em sua mansão e feito elogios a mesma ao afirmar que a candidata petista tinha "a coragem de fazer política", como também ao bajulando dizer:

"Vivemos um momento de grande importância, estamos prestes a enfrentar o desafio cívico de fazer, nas urnas, a escolha certa daquele ou daquela que irá conduzir nosso país nos próximos quatro anos.

Convidei-as para, juntas, homenagearmos a 'senhora D'. Sim, esta grande dama, a senhora Democracia. Pois, graças a ela, a senhora Democracia, nos é permitido esse convívio de diferença de opiniões, de troca de experiências, de questionamentos. Poucos têm a oportunidade de ouvir diretamente os candidatos, sem intermediários ou interferências de pré-julgamentos.

Poucos têm a oportunidade de ouvir diretamente os candidatos, sem intermediários nem interferências de pré-julgamento. Hoje, este privilégio nos foi dado por outra srª D, a senhora Dilma Rousseff, candidata da situação que se propõe a ser a primeira mulher presidente da República do Brasil, que gentilmente comparece a este almoço."

Neste almoço compareceu as representantes de muitas famílias que formam o topo da elite nacional. Nele estiveram presentes a Andréa Agnelli, mulher do Roger, presidente da Vale do Rio Doce, Maria do Carmo, a sra. Marcos Vilaça, presidente da ABL, Angela Gutierrez, a embaixatriz Maria Thereza Castelo Branco, Carmem Mayrink Veiga, etc..

Em relação ao Lula o comportamento bajulador da socialite e primeira dama da Globo não foi diferente:

"Tenho gostado muito do Lula. Nesses oito anos ele conseguiu se fazer aparecer na Europa, nos Estados Unidos, e sabe falar ao povo".

Com o Serra de cara o Bonner e a Fátima, talvez no intuito de melhorar a imagem da emissora junto ao governo, além de citarem mais de uma dezena de vezes o nome do presidente ainda tentaram encurralar o candidato do PSDB pelo fato deste não estar fazendo um discurso de oposição radicalizado em relação ao presidente. Caso o Serra tivesse caído na armadilha isto serviria para desfocar o debate em relação ao questão de que é realmente o candidato do PT, no caso a Dilma e não o Lula.

É público e notório o fato de que a Dilma tentará ficar escondida atrás da imagem do presidente até quando possa. A alta popularidade do Lula não é fruto das ações de seu governo, que só foi mediano, mas sim da alta exposição de uma imagem “positiva” construída com o uso de uma máquina publicitária envolvendo mais de 7.500 meios de comunicação de massa e tudo ao custo de mais de um bilhão de reais ao ano em verbas federais.

Para anular o discurso crítico da oposição sobre o principal tema que envolve o governo federal com casos de corrupção o Bonner tentou colar este triste episódio na coligação do Serra ao perguntar o porquê do Serra se coligar com o PTB do Roberto Jefferson, o que foi o estopim deste escândalo ao ser envolvido denunciar o “Valérioduto” patrocinado pela alta direção petista encastelada no governo Lula. O Serra se saiu bem ao afirmar que não é conivente com a corrupção, mas que não cabe a ele o ato de julgar. Em relação ao PTB ele foi claro ao afirmar que os partidos são heterogêneos em suas composições, no que está certo já que todos os partidos no Brasil possuem o caráter de ser frente política.

Para não me alongar muito mais sobre este assunto quero citar a atitude do Lula ocorrida no comício da “Dilmalula” em Belo Horizonte, onde o presidente transformou o mesmo em um “ato de solidariedade a indefesa Dilma” e contra a “grosseria do Bonner”. Lá ele ao entregar uma rosa para a candidata disse que “a flor simboliza a calma e a tranqüilidade para aguentar supostas indelicadezas do jornalista William Bonner”, como disse "Eu, que conheço debates há muitos anos, esperava que pelo fato de você ser mulher e ser candidata, o entrevistador tivesse um pouco mais de gentileza”. Este foi um discurso machista do presidente ao tentar impor a imagem de fragilidade em relação às mulheres, já que a própria Dilma, que não aceita este papel frágil, é de trombar de frente com qualquer pessoa com que tenha discordância. O presidente também recomendou que Dilma “não fique nervosa nunca, não perca as estribeiras nunca e não aceite provocação nunca”, como se isto fosse servir para compensar o despreparo político técnico e o desequilíbrio emocional da candidata.

Na entrevista o Serra foi democrático ao se deixar na plenitude ser entrevistado, foi firme e sintético nas suas colocações e demonstrou de forma simples e objetiva um grande preparo técnico ao fazer as suas explanações.

2 comentários :

Borba disse...

Molina, tudo tem limite. O que você diz neste artigo não se sustenta vendo as entrevistas. Seria mais justo você nem tocar neste assunto do que expor de maneira tão ridícula tua tendencia explícita neo-tucana.

Molina com muita prosa & muitos versos disse...

O governo Lula gasta mais de um bilhão e quatrocentos milhões ao ano para ter ao seu lado mais de 7.500 meios de comunicação, entre eles a Globo!

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