sexta-feira, 6 de agosto de 2010

As minhas conclusões sobre o debate na Band


Gostei muito do formato do debate por ter sido democrático ao ser aberto ao afloramento dos contraditórios, direto em relação a escolha dos debatedores entre os próprios debatedores e pouco impositivo no sentido da quase não interferência do mediador e dos jornalistas da emissora no conteúdo do mesmo.

A Marina em sua forma simples e humilde e pouco erudita de ser fez o melhor que pode, embora as suas conclusões do ponto de vista da estratégia de desenvolvimento para o Brasil do ponto de vista social, político e econômico tenham deixado a desejar por seu discurso, embora progressista, a maior parte do tempo ter sido mais permeado pelos posicionamentos pontuais táticos do que calcados em um projeto integrado desenvolvimento, que nos leve a romper com séculos de atraso. Só utilizar o bordão do Brasil do século 21 não fará mudar a nossa pobre e triste realidade de pouco desenvolvimento social, político, cultural e tecnológico.

Quando questionada pelo jornalista que artificialmente criou do ponto de vista do que é prioritário para o meio ambiente a divisão entre preservar as florestas ou investir em saneamento ela desmascarou este discurso ao dizer que uma ação não anula a outra e que ambas são necessárias e devem ser desenvolvidas ao mesmo tempo.

A grande dificuldade da Marina permanece latente, já que pelas fortes ligações partidárias que um dia teve mentalmente ainda não oconseguiu romper com o seu passado petista.

A Dilma não mostrou a sua verdadeira natureza política, que acredito que seja melhor do que apenas exercer a função enquanto garota propaganda do governo Lula, pois isto a fez menor em relação ao papel que poderia e deveria ter cumprido neste debate se levarmos em conta a sua trajetória histórica. Está vale mais do que o papel que a Dilma representou no debate ou tem desempenhado nestes últimos anos junto ao atual governo.

A candidata do PT ao tentar defender políticas que nem ela mesma acredita acabou travando e se perdendo em números e outros dados, pois estes são frios e não expressão a realidades dos fatos. Uma hora ela disse que o atual governo tina tirado da pobreza 25 milhões de pessoas e na outra disse que eram 31 milhões, o que implica em uma diferença de seis milhões de pessoas. Tirar da pobreza, que não é igual à miséria, seria necessário que estas pessoas acendessem ao patamar econômico e social de ser classe média, o que não ocorreu.

Qualquer pessoa com um mínimo de senso crítico não aceita o dado de que quem ganha 1250 reais possa ser considero classe média, pois para isto fosse verdade está renda teria de ser minimamente considerada enquanto renda individual, o que não é verdade, pois é raro que em uma família de origem popular a renda individual esteja no patamar superior a 600 reais, sendo que em grande parte delas existe um número grande de crianças, velhos e adultos desempregados e por estes motivos está divisão per capita da renda familiar é muito inferior.

Quando o Serra respondeu a inquirição da Dilma a respeito da questão da indústria naval, dizendo que está não fabrica os componentes aqui e assim são apenas montadoras e que no Brasil para termos realmente uma indústria naval teríamos de investir em tecnologia de ponta que nos torne alto suficientes do ponto de vista da produção, ela se perdeu. Ela também se perdeu, e acredito que até se chocou com a realidade, quando o Serra abordou a pouca atenção dada pelo governo em relação aos cidadãos com necessidades especiais. O governo Lula além de não ter ampliados os recursos de repasses as entidades, tal qual a APAE, que trabalham com este público alvo, cortou o mesmo, assim não atendendo nem ao menos a necessidade de estes terem acesso a educação especial e a um transporte especial de qualidade.

Outro ponto do debate onde a Dilma derrapou se deu quando o Serra abordou a questão dos Correios afirmando que no governo Lula a ingerência política de pessoas desqualificadas para dirigir a Instituição quase a destruiu.

Do ponto de vista das emoções ela passava de momentos em que arrogantemente falava eu, eu antes de despejar um monte de termos técnicos de pouca compreensão para a maioria da população para outros em que gaguejava e se perdia em dados pouco memorizados. No final para se esconder das próprias debilidades mais uma vez tentou buscar o refúgio seguro em ser a “preferida do Lula”.

Ao buscar o voto da esquerda o Plínio se saiu bem, pois é do ponto de vista da análise marxista um quadro muito bem preparado, culto e ideologizado. Embora ele tenha claro de que estejamos dentro do sistema capitalista disse que para o PSOL só as reformas sociais não bastam e assim apontou como solução aos problemas de origem social a ruptura com a sociedade burguesa pela redistribuição das riquezas e o estabelecimento de novos paradigmas no ponto de vista da organização e da relação social. Ao defender as suas idéias bateu de frente com os demais candidatos, pois nem a Marina poupou ao chamar a mesma de eco-capitalista. Outra crítica pontual que fez foi em relação ao programa de reforma agrária do governo Lula, o qual inicialmente foi de sua autoria, mas depois sofrendo sérios corte, sendo que isto foi o motivo de seu rompimento com o PT. Ele considerou o programa de reforma agraria do governo Lula pior do que o que foi executado pelo governo FHC.

O Serra, social democrata convicto por ser um fabianista seguidor das idéias de Keynes, além das reformas sociais defendeu as teses do fortalecimento do Estado como instrumento regulador da economia, que para ele deve ser nacionalizada não pelo impedimento da entrada do capital. Para ele dever haver a obrigação deste capital aqui ser investido não na especulação e sim de forma produtiva, pois o mercado financeiro especulativo é estimulado pela atual política econômica do governo Lula. Nele está é voltada para a acumulação de superávits da balança comercial em vez de priorizar investimentos em educação, pesquisa e no financiamento do desenvolvimento de novas tecnologias e sim para o desaquecimento artificial da economia. Isto ocorre pelo pouco dinheiro circulante por causa da economia continuar recessiva e pela manutenção das altas taxas de juros, que deixam o dinheiro caro e assim impedem o financiamento do setor produtivo e a posterior redistribuição de rendas pela melhoria dos empregos que ocorrerão ao agregarmos novos valores aos nossos produtos primários. Para ele com a produção local teremos acesso a troca de conhecimentos e as novas tecnologias, o que para ele isto ainda na ocorre, pois o Brasil a cada dia importa mais produtos industrializados e assim vira mero exportador de commodities e se desindustrializa.

O Serra se perdeu um pouco no debate não por defender o governo FHC, com o qual os seus opositores o tentam vincular, sendo que este embora tenha tido alguns pontos positivos teve enormes obstáculos pela frente ao ter tido de enfrentar varias crises econômicas globais e por ter tornado a nossa economia mais desnacionalizada e dependente, mas sim por questões partidárias não poder deixar claro o quanto o seu pensamento é diferente do FHC, com o qual o governo Lula e a Dilma, regidos pela batuta do Meirelles, possuem mais afinidades do que ele próprio.

No governo do FHC por ter tido sérias divergências com os rumos tomados pela política econômica o Serra foi afastado do Ministério do Planejamento e remanejado para o da Saúde, onde apesar das limitações orçamentárias a ele impostas teve um desempenho razoável.

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