domingo, 14 de março de 2010

Preocupante: O crédito a juro altos responde por 40% da alta do PIB

Está onda de “crescimento da economia” tanto alardeada pelo governo Lula é falsa e a médio e longo prazo perigosa. Ela ocorre não pelo fortalecimento da economia nacional pelo acúmulo da poupança nacional causado pelo aumento da produção industrial e a consequente melhor distribuição de renda e sim de forma artificial pelo endividamento do povo.

Segundo o economista-chefe da LCA Consultores o aumento do crédito foi responsável por quase 40% da taxa de crescimento do Brasil nos últimos seis anos. Nas contas dele, a expansão média de 4% ao ano do Produto Interno Bruto (PIB) no período 2004-2009 teria sido de 2,5% se o crédito não tivesse avançado como avançou - a participação no PIB foi de 23% para 45%.

Ao mesmo tempo e quem o crédito foi crucial para a retomada do crescimento e levou ao endividamento da população, desde os empresários como dos trabalhadores e aposentados pelo crédito consignado, que deu mais segurança a quem concede o empréstimo.

Para o analista Alexandre Andrade, da Tendências Consultoria Integrada o consignado, regulamentado pelo governo em 2004, apresentava, no fim de janeiro, estoque de R$ 110 bilhões, um terço dos empréstimos concedidos às pessoas físicas no Brasil.
"O consignado colocou no mercado um contingente enorme de aposentados que não participavam do sistema de crédito", afirma o analista de instituições financeiras da Austin Rating, Luís Miguel Santacreu.

Toda forma de crescimento via o endividamento público ou privado é falso e de curta duração, pois existem limites para estes endividamentos e do ponto de vista popular chegamos ao teto e isto já se reflete na vida dos aposentados e trabalhadores.
Os aposentados, pensionistas e idosos sofrem, nos últimos anos, de incapacidade financeira para fazer frente às suas despesas cotidianas. O elevado custo de vida e a defasagem salarial são os principais fatores que levam os aposentados e pensionistas a recorrer à armadilha dos empréstimos consignados.

O custo de vida dos aposentados e dos pensionistas é superior ao dos trabalhadores da ativa, devido aos índices diferenciados de custo de vida, calculados por órgãos oficiais, como o IBGE, por exemplo.

O quadro atual do país contribui para que o aposentado e o pensionista recorram às armadilhas dos empréstimos consignados disponíveis no mercado financeiro, o que leva, na maioria das vezes, a um endividamento crescente e preocupante, pois estes engolem os já parcos recursos necessários as suas sobrevivências.

O custo de vida de um aposentado, de acordo com o índice consumo, no caso o Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i) é, em média, 0,20% acima do índice oficial do país. Isso demonstra claramente que os aposentados acumulam um percentual de perda superior de 0,20% ao ano.

A diferença entre os percentuais se dá porque o IPC-3i leva em consideração os hábitos dos idosos, como a necessidade de compra de remédios e exames periódicos de saúde, por exemplo. Tais hábitos geram um gasto maior no orçamento doméstico, causando uma redução do poder aquisitivo ao longo do tempo, obrigando-os a utilizar alternativas para suprir suas necessidades, por vezes essenciais.

Outro ponto a ser considerado é que o sistema público de saúde permanece sucateado e não supre as necessidades da população brasileira, em especial, no atendimento aos aposentados, pensionistas e idosos. Não é raro observar idosos enfrentando filas em hospitais e nos postos de saúde, e estes estarem superlotados.

Dados fornecidos pelo INSS demonstram que a primeira face perversa dos empréstimos consignados se dá por faixa de renda. Podemos verificar por estes que a maior concentração das operações bancárias se situa na faixa de renda de um até três salários mínimos.

Esses estudos realizados pelo INSS afirmam que os empréstimos consignados afetam mais os aposentados de menor renda salarial. Os aposentados e pensionistas que recebem até um salário mínimo representam 25% dos contratos contraídos com os bancos, e a faixa salarial de um até dois salários mínimos representa 43% desses contratos.

Concluindo, 68% dos empréstimos consignados se encontram na faixa salarial até dois salários mínimos.

O empréstimo consignado tornou-se uma alternativa oferecida pelo governo, para disfarçar a falta de uma política de remuneração para os aposentados e pensionistas que enfrentam o alto custo de vida.

Além destes aspectos sobre o endividamento diretamente ligados a terceira idade estes idosos, que tanto contribuíram para o desenvolvimento do país e hoje são marginalizados, não podemos esquecer de que estes ainda são obrigados a socorrer os filhos e netos hoje afetados pela crise, que sem crédito recorrem ao crédito consignado oferecido aos pais, avós e tios.

Do ponto de vista da nossa economia nacional vejo com muita preocupação os incentivos dados pelo governo para o empréstimo financeiro em folha de pagamento de aposentados ou de trabalhadores.

Com certeza está falsa onda de otimismo e as facilidades para concessão de crédito podem e vão futuramente se transformar num tiro no pé tanto do aposentado, do trabalhador quanto do setor produtivo, já que não é calcada no aumento da produção e da distribuição de renda, mas sim no endividamento dos que estão descapitalizados.

O brasileiro já está acostumado a se endividar, além de lutar por melhorias de vida e estas passam por uma política distributiva mais justa e pelo aumento da produção e isto está sujeito a baixa das taxas de juros, a mudança da política econômica, ao contrário do que o governo prega, é preciso aprender a consumir com os recursos disponíveis e não se endividar, pois enquanto os banqueiros lucram com os créditos consignados a nossa insolvência individual e coletiva bate a porta.

Carlos Molina

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