sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

VIVÍAMOS TEMPOS DIFÍCEIS

Vivíamos tempos difíceis, embora cheios de esperança. Cada um lutando a seu modo contra a ditadura militar, para instituir a democracia no Brasil. 

Fragmentos de uma carta escrita, em 12 de abril de 1976, na prisão – “Operação Barriga Verde”, em Florianópolis - SC, por Edésio Ferreira (pai)

     
Na visita do ditador general Figueiredo a Curitiba a repressão bateu a porta da CEU. O Black (Edésio) aparece ao fundo

Vim de  São  Francisco do Sul, Santa Catarina, em agosto de 1978, para Curitiba. Viver naquele estado estava sendo muito difícil, após a prisão de meu pai, Edésio Ferreira, durante a “Operação Barriga Verde”, pelo aparelho de repressão da ditadura militar. Em São Francisco do Sul, lecionava Técnicas Agrícolas e outras disciplinas em escolas de Ensino Fundamental e Médio. Fazia cinco anos que havia terminado o Curso Técnico Agrícola.
   Devido ao que havia acontecido com meu pai, muitas situações aflitivas passaram a acontecer com todos os componentes de nossa família. No meu caso, não conseguia aulas suficientes para suprir financeiramente minhas necessidades básicas. Encontrava-me praticamente vivendo da ajuda de uma querida tia.

Durante a ditadura militar, no estado de Santa Catarina, praticamente todos os cargos e aulas no setor da Educação eram distribuídos por decisão dos chefes políticos locais. Transformando a maioria dos professores favorecidos em lacaios da ditadura militar. Ambiente político desta natureza não era muito diferente, neste estado, antes do golpe militar de 1964. Minha mãe, Jenelice da Costa Ferreira, professora na cidade de Itajaí onde morávamos na época, não escapou aos desmandos políticos da oligarquia dominante, devido às posições políticas de meu pai, militante do Partido Comunista Brasileiro [partidão].
     Por anos seguidos, ela teve de trabalhar em locais distante de nossa casa, sendo removida anualmente de escola, além de chatear-se com situações típicas de  perseguição política. Não tendo a quem recorrer, ficando a mercê da falta de arbítrio. 
Para mim, vir para Curitiba, acabou sendo uma oportunidade para “começar de novo”. Residir na Casa do Estudante Universitário do Paraná foi encontrar não somente um lugar para morar, mais desfrutar de um espaço de convivência para refazer a vida, crescer como pessoa, rodeado de amigos que se apoiavam mutuamente, em “tempos de luta e de camaradagem”. 

Abraços,

Edésio Ferreira Filho


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