quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Gaspari tem bola de cristal: Gleisi começou a encrencar Dilma


O colunista Elio Gaspari teve acesso a sua bola de cristal nesta semana. Na coluna de quarta-feira, publicada na Gazeta do Povo, ele escrevia um falso e-mail de Obama para Dilma com alguns recados.
Entre as dicas de Obama estava a de que ela devia ter cuidado com os assessores. A chefe da Casa Civil, por exemplo, "é candidata ao governo de um estado". Ou seja: o Paraná. E o falso Obama completava: "Esta é a receita da encrenca".
Dito e feito. No mesmo dia em que a coluna de Gaspari saiu, Gleisi foi comprar briga com o governador Beto Richa na inauguração de uma usina. Justo no estado em que pretende disputar o governo. E saiu tisnada.
A imagem de relacionamento institucional deu lugar a uma briga política local por má diplomacia de Gleisi, que não soube deixar para depois o enfrentamento com Beto. Richa respondeu e os dois se bicaram.
O problema é que Gleisi não representa só a sua candidatura, mas todo o governo federal. E se começar a fazer campanha dois anos antes pode sim virar encrenca para Dilma. (Caixa Zero)

O texto do Gaspari:

De Obama@org para Dilma@gov


Companheira Dilma,
Permita-me esse tratamento, apesar de estar atravessada na minha memória aquele dia de caça aos ovos de Páscoa nos jardins da Casa Branca em que a senhora veio aqui me dar aula de economia. Resta-lhe o crédito das minhas filhas terem adorado seu palácio, que o Ronald Reagan achou parecido com sede de empresa de seguros do Texas.
Decidi escrever-lhe porque há tempo suspeito que a senhora cometeu o mesmo erro que eu. Dispondo de três nomes para o Ministério da Fazenda, nomeei os três. Pus o Timothy Geithner no Tesouro, o Paul Volcker num conselho e o Larry Summers numa assessoria. (Imagine o que esse gênio de Harvard mandou pedir: um carro, presença em eventos e convites para jogar golfe comigo.) Deu tudo errado. Summers e Volcker foram-se embora e, se Deus me ajudar, troco o Geithner no ano que vem.
Esses jornalistas que sabem tudo dizem que eu quase capotei na curva por causa desse erro. Não foi assim. O Geithner garantiu-me um norte: a busca obsessiva pela confiança do empresariado. Sem isso, o país teria ido à breca. Sinceramente, sua turma está espancando essa gente. Aí, como cá, o sujeito tem uma sala no palácio e pensa que manda. Eu não sei o que a senhora quer fazer com as concessionárias de energia e de portos, mas sei que conseguiram produzir uma enorme confusão.
Lá pelo final de 2009, durante a discussão da política nacional de saúde, caiu-me a ficha. Meu problema não estava na economia, mas naquilo que vocês chamam de Casa Civil. A máquina da Presidência simplesmente não funcionava. Livrei-me de dois.
Sei que a senhora não tem sorte nesse tipo de escolha. Agora sua chefe da Casa Civil é candidata ao governo de um Estado. Essa é a receita da encrenca. Os êxitos caem por gravidade no colo do presidente, mas os fracassos dão-lhe a impressão que vão para a conta dos outros. É engano, companheira. Os fracassos grudam na gente com mais força que os sucessos. Enquanto estamos no palácio, todos nos dizem que isso não acontece. Quando vamos para rua pedir votos, vemos o tamanho do erro.
Redesenhe seu palácio, fuja dessas salas de eventos, vá para a rua, siga seus instintos, enquadre os ministros candidatos a governos. Sua tarefa é muito mais fácil que a minha. Se aqui houvesse uma oposição como a que há aí, eu passaria metade do meu tempo jogando basquete ou paparicando a Michelle. Antes que eu me esqueça, não perca tempo com a "The Economist". Desde 1848, quando foi fundada, ela ensina ao mundo que não há salvação fora da ortodoxia liberal. Que ninguém me ouça: a Inglaterra provou esse remédio e cada dia se parece mais com a Holanda.
Finalmente, um palpite, sem qualquer vestígio de torcida: admita que seu rival em 2014 será o juiz Barbosa. Quando eu lancei minha candidatura, o Vernon Jordan, respeitado líder negro, apoiava minha rival. A certa altura trocou de posição a explicou-se: "É duro disputar contra um movimento".
Lula, "o cara", representou um movimento.
Michelle, Malya e Sasha mandam-lhe um abraço. Marian, minha sogra, de quem talvez a senhora se lembre, acompanha-as, mas fala todo dia nesse juiz Barbosa.
Do companheiro Barack.

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