terça-feira, 25 de setembro de 2012

Gleisi Hoffmann é quem precisa descer do palanque

Ademar Traiano

A Polícia Federal desencadeou uma operação espalhafatosa contra a Sanepar - Companhia de Saneamento do Paraná, na última quinta-feira (20). A empresa tem 50 anos e atende a 345 dos 399 municípios paranaenses, é modelo na área de saneamento e recebe prêmios nacionais. Apesar disso ela foi acusada, pelo delegado da Polícia Federal que comandava a Operação Iguaçu-Água Grande, de poluir deliberadamente os rios do Paraná e de ser uma “empresa de fachada”



O episódio provocou a mais justa revolta dos funcionários da Sanepar - tratados como membros de uma facção criminosa - e do governador Beto Richa. O governador se indignou com a agressão a Sanepar e estranhou que uma investigação - que estaria em curso há quatro anos - tivesse sido divulgada em um momento em que a Polícia Federal estava em greve, com sensacionalismo irresponsável, quando faltam apenas duas semanas para as eleições.



A ministra Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, em visita ao Sudoeste, criticou a reação do governador contra essa agressão a uma das mais importantes empresas públicas do Estado. Ela não viu nada de estranho na ação da Polícia Federal, que enxovalhou a imagem de uma empresa que presta bons serviços ao Paraná há meio século. Ao contrário. Afirmou que Beto Richa estava “politizando a questão” e disse que o governador precisa “descer do palanque”.



Ora, ministra Gleisi Hoffmann, com todo o respeito, quem precisa descer do palanque não é o governador. Nunca antes tantos paranaenses comandaram ministérios importantes quanto agora e nunca antes na história deste Estado o Paraná foi alvo de tantas ações discriminatórias, prejudiciais e hostis. Na origem de todas essas ações foi identificado o seu grupo político.



São ministros paranaenses, além da própria Gleisi, que comanda a Casa Civil da Presidência, seu marido, Paulo Bernardo, nas Comunicações, e Gilberto Carvalho, na Secretaria-Geral da Presidência da República. São todos do PT, partido da presidente, o que deve aumentar seu poder. No entanto, o Paraná não para de sofrer prejuízos quando esse grupo entra em ação.



Só posso atribuir esse fenômeno ao fato de a própria Gleisi ser candidata ao governo do Paraná em 2014 e planejar sua ação no ministério em cima do palanque. Para o projeto político da ministra, quanto pior o Paraná estiver, melhor. O grupo político do qual Gleisi faz parte se tornou um time do gol contra, que joga contra nosso Estado e que comemora quando o Paraná sofre um prejuízo.



Vou citar alguns exemplos. Começo com algo que aconteceu no Sudoeste do Paraná - justamente onde Gleisi acusou o governador Beto Richa de não descer do palanque. Depois de muita luta trouxemos o curso de Medicina para Francisco Beltrão graças ao governador. Pois a emenda ao Orçamento de R$ 12 milhões destinada a construção do prédio que abrigaria o curso, dos deputados Nelson Meurer (PP) e Assis Couto (PT), apesar de aprovada, não foi empenhada por interferência política da ministra Gleisi Hoffmann. Nem mesmo o fato de um dos autores ser do PT, impediu Gleisi - que não desce do palanque de 2014 - de agir contra o Paraná. Pois bem, o prédio será construído pelo governo do Estado.



Outro caso, muito mais grave, envolve o PAC das concessões. Um programa de R$ 133 bilhões, que prevê a duplicação de 7,5 mil quilômetros de rodovias e a construção de 10 mil quilômetros de ferrovias. Pois esse projeto não destinou um único real para atender as demandas do Paraná. Ao contrário. O PAC projeta ferrovias que parecem ter sido concebidas deliberadamente para excluir o Paraná do mapa brasileiro e para fulminar a importância do Porto de Paranaguá, hoje o maior porto graneleiro do país.



O Paraná está liderando um movimento dos Estados do Sul junto ao governo federal para repensar o PAC das Concessões. Um projeto que, se é desastroso para o Paraná, também não é bom para os outros Estados da região. Acreditamos que seremos ouvidos pela presidente Dilma Rousseff. O Paraná, apesar do que vem enfrentando em termos de “fogo amigo”, contribui muito para o país e apresenta indicadores que ajudam o país a melhorar.



No rol de prejuízos do Paraná não dá para esquecer ainda a perda de R$ 450 milhões que o Estado terá com o corte no ICMS da energia. Somos favoráveis a medida, mas o Paraná precisa de uma compensação. Esperamos uma atitude paranista na ministra Gleisi na busca de outras alternativas para compensar o nosso Estado. 



Também vale citar a distribuição de recursos federais na Região Sul. O Paraná é o terceiro estado que menos recebe recursos do governo federal. Cada paranaense, em termos de verba da União, ganha a metade que recebe um catarinense e um terço do que ganha um gaúcho.



Estou certo que a presidente Dilma, que mantém uma relação respeitosa e republicana com o governador Beto Richa, uma relação que tem rendido – quando o trato é pessoal - projetos importantes e benefícios para o Estado, não sabe do que se passa no Paraná.



A presidente tem revelado ser uma estadista capaz de enxergar o Brasil acima das conveniências político-partidárias. É lamentável que alguns de seus auxiliares não compartilhem esse tipo de grandeza e pautem suas ações pela ótica dos palanques. Seja no palanque de 2012, seja no de 2014. Está mais do que na hora que desçam de lá e passem a trabalhar pelo Paraná e pelo Brasil.



Ademar Traiano é líder do governo na Assembleia Legislativa

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