domingo, 15 de abril de 2012

Tadeu Veneri agradecendo a militância e a carta aberta do professor Romeu dirigida ao Johnny Stica

Caro Johnny.

Permita-me, em primeiro lugar, uma breve apresentação. Sou Romeu Gomesde Miranda, professor da Rede Pública Estadual , fundador do PT presidente da APP de 1996 a 2002 e Presidente do Conselho Estadual de Educação de 2007 a fevereiro de 2012. Estimado Johnny. Em 1979, aqui no Paraná, iniciamos os primeiros movimentos para fundar o Partido dos
Trabalhadores. E fundamos, contra todas as adversidades, contra todas as perseguições e intimidações da Polícia da Ditadura Militar, ainda
em pleno vigor, contra toda a falta de estrutura, literalmente, andando contra a correnteza, pusemos na cena política brasileira o Partido dos Trabalhadores, numa memorável sessão no Instituto Sedes Sapientiae, em São Paulo, instituição fundada em 1975, voltada à
defesa dos direitos humanos , liderado pela Madre Cristina Dória, que
não teve medo de desafiar o poder da ditadura e ceder o espaço para a
fundação do nosso glorioso PT. A delegação do Paraná, composta de três
ônibus bancados exclusivamente pelos trabalhadores, que se cotizaram
para passagens, estadia, alimentação, etc, etc. Era vital que assim
fosse pois tinhamos clareza que um partido construido com nossas mãos,
nosso suor e nossas dificuldades, seria, de fato, um Partido dos
Trabalhadores e não seria facilmente manipulado por agentes estranhos
aos interesses da classe trabalhadora. Foi um momento grandioso. Na
volta, com a auto-estima em alto grau, pusemo-nos a implementar o
crescimento do Partido. Tinhamos um princípio a nortear todas as
nossas ações: impulsionar o desenvolvimento político e ideológico da
classe trabalhadora da cidade e do campo, dos assalariados em geral,
dos estudantes, do povo brasileiro. Enfim, a gente tinha um sonho de “
no nosso destino mandar”. E em todas as lutas sociais e populares,
sempre estávamos lá, mostrando nossa bandeira, expondo nossas idéias,
disputando posições. E nos momentos eleitorais, ainda que sem
dinheiro, ainda que sem estrutura, ainda que sem espaço na mídia,
íamos ensinando e aprendendo, descobrindo o caminho e refazendo mapas,
confiantes de que nosso povo que andava “ falando de lado e olhando
pro chão” ainda ia ter o dia da grande euforia. E olha Johnny, esse
dia ainda não chegou, mas estamos no caminho. É preciso considerar o
que disse Antônio Gramsci: “ uma classe pode e deve ser dirigente
antes de tomar o poder”. E para cumprir este preceito, caro Johnny, é
fundamental, inadiável e básico para quem se propõe a ser dirigente na
sociedade, apresentar-se para essa sociedade, formular com a maior
clareza possível seus primados, seus princípios, suas idéias e seus
objetivos. E caso prevaleça seu ponto de vista, manifestado nas redes
sociais, de que o partido deve abrir mão de lançar candidatura própria
à Prefeitura de Curitiba, pergunto-lhe, fraternalmente: Em que momento
o PT dirá à população a que veio? Em que momento da campanha falaremos
à população, especialmente aos que vivem excluídos dos benefícios
desta “ cidade de primeiro mundo” que não concordamos com essa
exclusão sistemática? Em que momento diremos aos trabalhadores,
estudantes, donas de casa que sacolejam diariamente como sardinha em
lata nos ônibus, que não podemos concordar com esse maltrato diário?
Em que momento falaremos a toda a população que ainda vive em
casebres, cortiços, fundos de vale, que todos têm direito a uma
habitação digna, especialmente quando existem recursos, instrumentos e
políticas públicas destinadas a solucionar este problema, embora nunca
solucionem? E como falaremos para a população curitibana sobre nossa
indignação com a escandalosa falta de creches em Curitiba ,que obriga
centenas de mães a abandonar seus filhos pequenos à própria sorte.? E
por que, perderemos a oportunidade de falar para todos que os jovens
martirizados pela enorme periferia, morrem como moscas por absoluta
falta de políticas que dêem abrigo às suas necessidades de esporte,
cultura, lazer e escola de qualidade?
Como você pode ver, caro Johnny, tua posição negando obstinadamente a
candidatura própria, significa, se vitoriosa, um grave prejuízo ao
Partido e muito mais à população pobre, aos trabalhadores, aos
assalariados, à imensa juventude pobre de nossas periferias que só
poderia encontrar porta voz para suas angústias, num partido como o
PT. Mas você e todos os que pensam igual, negam –se a cumprir seu
papel: negam-se a por o partido no rumo de suas grandes tarefas
históricas para as quais foi criado. Acham melhor calar, acham melhor
esconder-se sob as asas largas e poderosas de partidos da ordem, de
candidaturas que nada têm em oposição ao sistema de exploração
capitalista. Façam uma declaração pública defendendo candidatura
própria. A história lembrará com honra esse momento. O contrário,
marcará de forma vergonhosa tão promissora biografia!

Com afeto

Professor Romeu

0 comentários :

Postar um comentário

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | belt buckles