A presidente Dilma Rousseff, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Broch, durante encontro com representantes Contag no Palácio do Planalto.
Representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) criticaram nesta sexta-feira, em reunião com a presidente Dilma Rousseff, o texto do Código Florestal aprovado na Câmara dos Deputados, no último dia 25. Conforme os sindicalistas, a presidente não falou em decisão de veto, mas garantiu que vai "estudar o caso".
"Dissemos para a presidenta que dois pontos nos desagradam: a multa dos grandes produtores, que foi anistiada; e (o fato de) o Congresso Nacional ter igualado todo mundo, pequenos e grandes. Sempre lutamos por uma diferenciação", disse Alberto Broch, presidente da Contag, após se reunir com a presidente e ministros para entregar a pauta de reivindicações do Grito da Terra 2012.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, reiterou a posição de que o texto aprovado anteriormente no Senado tinha a preferência do governo. Ele também defendeu que deve haver uma diferenciação entre grandes e pequenos agricultores.
"Nesse processo, é importante preservar a questão ambiental e preservar a produção das pequenas propriedades. Não podemos tratar da mesma forma uma propriedade que tem 10 mil hectares e uma que tem 5 hectares. Numa primeira leitura, parece que esse equilíbrio não foi dado nesse texto (aprovado) do Código Florestal', afirmou.
O ministro foi questionado por jornalistas se, em caso de o governo decidir por vetar total ou parcialmente o texto aprovado, não haveria risco de derrubada do veto pelo parlamento e, consequentemente, de desmoralização para o governo da presidente Dilma Rousseff.
Pepe Vargas, entretanto, respondeu que a votação do Código Florestal deu uma indicação sobre a dificuldade de uma decisão desse tipo. "A votação (do Código Florestal) mostrou que é extremamente difícil derrubar um veto. A última votação nominal que aconteceu mostra que não é bem assim que se derrubam vetos", respondeu. (JB)
A posição da Contag:
NOVO CÓDIGO FLORESTAL PENALIZA AGRICULTURA FAMILIAR 26/04/2012 | |||
Terminou na noite desta quarta-feira (25 de abril) a
votação do novo Código Florestal Brasileiro. A maioria dos partidos aprovou o
relatório apresentado pelo deputado federal Paulo Piau (PMDB-MG), decisão
contestada pela CONTAG. Para a secretária de Meio Ambiente da Confederação,
Rosicléia dos Santos, o texto substitutivo representa um retrocesso em relação
a tudo o que foi debatido e construído nos últimos anos. “O principal ponto
para nós era o tratamento diferenciado para a agricultura familiar. Essa proposta
sumiu do relatório do Piau. O texto aprovado trata todos da mesma forma e nisso
nos sentimos prejudicados”, avalia.
A CONTAG sempre defendeu a versão aprovada no Senado
Federal por entender que o documento apresentava muitos avanços. “Portanto, na
visão da entidade, o texto aprovado hoje na Câmara significa um risco e
entendemos que o mesmo apresenta várias brechas que são perigosas para a
agricultura familiar e o meio ambiente”, alerta Rosy.
Depois da votação, foram apresentados ainda 15 destaques por
alguns partidos com o intuito de alterar o texto do relator. Mas, nenhum foi
aprovado. A CONTAG aguarda o posicionamento da presidenta Dilma Rousseff sobre
o resultado dessa votação. “Existe a expectativa de a presidenta vetar esse
texto para que sejam inseridas questões fundamentais para o futuro do nosso
país, como as questões que tratam das Áreas de Proteção Ambiental (APPs), por
exemplo”, opina.
Nesta quinta-feira a CONTAG divulgará uma avaliação
completa dessa votação e dos riscos lançados à sociedade brasileira,
principalmente à população trabalhadora rural, que depende da terra para viver
e produzir.
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