sábado, 10 de março de 2012

A arqueologia subaquática encontra em águas catarinenses uma nau espanhola, possivelmente de 1583

Canhão de bronze da La Provedora

É no fundo do oceano onde se encontra uma boa parte da história das navegações que passaram pelo Brasil, principalmente no período do Descobrimento e da ocupação do território nacional. Esses cemitérios arqueológicos intactos aos poucos são desvendados por arqueólogos que aderiram ao mergulho como uma forma de desvendar o que há nesse mundo submerso. Em Santa Catarina, foi recentemente descoberto um naufrágio de uma nau espanhola possivelmente de 1583. Ela trazia material (roupas, armas, munições e alimentos) para abastecer os colonizadores da região. “Os objetos encontrados mostram que se trata da nau La Provedora, que fazia parte de uma armada de 23 navios. Precisamos fazer mais escavações e investigar outros objetos para confirmar estas informações”, afirma a arqueóloga Deisi Scunderlick Eloy de Farias, da Unisul, universidade parceira na pesquisa junto com a ONG Projeto Barra Sul.

A nau naufragada estaria abastecida com suprimentos capazes de manter 3 mil pessoas por cerca de 18 meses. O diário de bordo de Pedro Sarmiento de Gamboa, um dos comandantes da armada, narra que em La Provedora estariam embarcados 1,4 mil soldados e cerca de 300 pessoas entre padres, franciscanos, crianças, mulheres, ferreiros e carpinteiros saídos da Europa e que iriam se fixar na América do Sul.

Até agora, quatro artefatos foram retirados do fundo do mar. O mais curioso é uma lápide de cerca de 800 kg com entalhe de dois leões e dois castelos e um símbolo de cinco quinas que é usado na bandeira de Portugal. “Isso nos remete à era Filipina, quando Felipe II da Espanha assume os dois reinados [de León y Castilla]”, diz o coordenador do Projeto da ONG Barra Sul, Bruno Gerner. Felipe II teria enviado a armada também com o objetivo de construir duas fortalezas no Estreito de Magalhães – passagem entre os oceanos Pacífico e Atlântico – para conter o avanço dos piratas ingleses.

Resgate

Nos próximos meses, a equipe pretende retirar da região pesquisada – uma área submersa de 660 metros quadrados – um canhão de bronze que pode ter sido usado para a proteção da nau. Já se estuda levar os objetos a um museu para, futuramente, expô-los em caráter permanente.

O litoral de Santa Catarina foi rota de várias expedições espanholas no século 16. Elas costumavam parar naquele estado porque era o último porto seguro (para quem seguia ao extremo sul) para conseguir água e comprar alimentos. Há duas hipóteses para o naufrágio do La Provedora: ela ter encalhado em um banco de areia ou ter batido no canal que precisa ser ultrapassado nas proximidades de Florianópolis, uma região complicada para navegação, porque é bem estreita. (GP)



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