sábado, 14 de janeiro de 2012

Ensino Superior Federal: Baixo investimento afeta meta de matrículas do Reuni

A construção do novo campus Rebouças, da UFPR

O Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) completa quatro anos sem superar a principal meta estabelecida em 2007, quando foi criado: atingir 1 milhão de matrículas no ensino superior federal. O Ministério da Educação (MEC) queria chegar em 2010 com exatamente 1.054.650 universitários, mas esse número foi de 833.934, segundo o Censo do Ensino Superior.

O MEC ainda investiu menos do que havia previsto. Até 2011, a expectativa era de que fossem aplicados R$ 5,2 bilhões, mas dados do Portal da Transparência indicam que esse montante ficou em apenas R$ 2,8 bilhões. O plano original previa aplicar aproximadamente R$ 7 bilhões nas instituições federais até o fim de 2012. Os recursos são destinados a obras de infraestrutura, abertura de novos cursos, contratação de professores, servidores e concessão de bolsas de pós-graduação.

Para especialistas, ainda que registre alguns percalços, o Reuni caminha para seu último ano dentro da perspectiva de ampliar o acesso e a permanência no ensino superior. O plano conseguiu superar as expectativas em outros dois objetivos: ampliar o número de vagas e de cursos. No período 2008-2011 foram criadas mais 79 mil vagas presenciais (23% a mais do que o planejado) e abertos 1,7 mil novos cursos de graduação (89% a mais) nas universidades federais.

Para o secretário de Educação Superior do MEC, Luiz Cláudio Costa, o saldo do programa até agora é positivo. “Nós conseguimos superar nossas metas, não apenas em termos quantitativos como qualitativos. Promovemos a interiorização do ensino superior e conseguimos democratizar o acesso à universidade”, destaca. Ele contesta os números do Portal da Transparência e garante que o volume de recursos do Reuni já superou a marca dos R$ 5 bilhões, entre investimentos e custeio. A assessoria de comunicação do ministério, contudo, não disponibilizou a relação desses valores.

Democratização

Para o secretário geral da Asso­­ciação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de En­­sino Superior (Andifes), Gustavo Balduíno, um dos principais avanços do Reuni foi justamente a interiorização da educação superior. “As instituições deixaram de se concentrar apenas nas capitais e na faixa de litoral para entrar também no interior. Isso permite que os jovens não precisem deixar suas cidades para estudar, além de alavancar o desenvolvimento dessas localidades”, aponta.

Em contrapartida, ele critica o fato de que muitas vagas foram abertas de forma acelerada, fazendo com que alunos ingressassem nas universidades sem a devida estrutura. Nesse caso, o não cumprimento do orçamento previsto foi um agravante.

A expansão do ensino superior através do Reuni é tida como representativa por Remi Cas­­tioni, professor da Faculdade Educação da Universidade de Brasília (UnB). No entanto, ele acredita que é preciso repensar também os mecanismos de ingresso na faculdade. “Além de abrir novas vagas, o governo deveria induzir as universidades a experimentar outras modalidades de acesso. Fazer um jovem de 17 anos decidir a profissão que vai seguir pelo resto da vida é algo inaceitável”, opina.

UFPR e Tecnológica receberão R$ 380 mi

As duas universidades federais paranaenses têm programado para receber através do Reuni um montante de R$ 382 milhões. O resultado desses investimentos por enquanto é o aumento no número de cursos e vagas, e de professores em atividade. Enquanto a Universidade Federal do Paraná (UFPR) tem a previsão de receber R$ 250 milhões até o final de 2012, para a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) esse montante é de R$ 132 milhões.

O coordenador do Reuni na UFPR, Adriano Ribeiro, aponta um salto nos números da universidade através do programa. De 2008 para cá, a universidade contratou 236 professores, abriu 16 cursos e ampliou em 30% as vagas de graduação. Além disso, ampliou sua estrutura física, com obras como a do câmpus Rebouças, em Curitiba, cuja primeira fase deverá ser concluída neste ano. “Hoje se vê uma diferença muito grande em relação a anos anteriores, quando a universidade não conseguia nem pagar água, luz e telefone”, compara.

Na UTFPR, foram criadas mais 2,7 mil vagas e 6,7 mil novos alunos ingressaram na instituição desde o início do programa. O vice-reitor Paulo Barbosa, coordenador do Reuni, ressalta ainda a ampliação das atividades da instituição no interior, com a implantação de novos câmpus. “Chegamos ao último ano com 85% das contratações realizadas”, observa. (GP)

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