quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Lupi, o desastrado, o PT e o PDT


Leandro Mazzini

A queda de Carlos Lupi do Ministério do Trabalho foi causada por uma sucessão de fatos desastrosos causados pelo próprio. Na política, você se alça à glória ou se enterra por conta de cada palavra e ato, sempre destacados ou nunca perdoados. Lupi, por exemplo, já entrou errando quando aceitou ser ministro do então presidente Lula. Porque esqueceu, da noite para o dia, todas as críticas ferrenhas que fazia às políticas monetária e econômica do governo. Calou-se. Lula o neutralizou, e conseguiu todo o PDT para seu governo – que não tem lá seu grande peso político mais.

Lupi ainda emendou uma série de gafes quando viu-se, há pouco, cercado pela mídia. Simplesmente esnobou as denúncias contra a sua administração – engavetou centenas de apurações internas sobre indícios de irregularidades nos repasses milionários para ONGs – fechou os ouvidos para os apelos do Tribunal de Contas da União, mentiu no Congresso, e fez desastradas declarações de bajulação, logo a quem, à presidente Dilma Rousseff, que detesta puxas-sacos. Lupi cavou sua demissão.

Não bastassem esses itens para uma demissão, outros ingredientes, no entanto, reforçam a saída do ministro. Uma briga interna no governo entre centrais sindicais, com sede para o bilionário pote do imposto sindical, contribuição esta direcionada às centrais e sem a lupa do TCU e do próprio ministério. A Força Sindical, ligada ao PDT, continuará dominando a pasta. Mas a Central Única dos Trabalhadores, o berço do PT, se mobiliza. Cada qual com seus padrinhos e atores. O deputado Paulinho da Força faz gestões para que sua central fique no comando da divisão do bolo. Por outro lado, do outro lado da avenida, no Palácio do Planalto, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, associado ao deputado Ricardo Berzoini, ex-presidente do PT e ligado à CUT, trabalham para derrubar a Força do ministério. É briga grande. Apontam, na Esplanada, Gilberto Carvalho como o tutor da provocação à Comissão de Ética da Presidência pelo parecer pela demissão de Lupi, à revelia de Dilma.

Mas, a meu ver, Lupi começou a cair bem antes, num movimento discreto e pouco elucidado, tanto por ele quanto pela imprensa. Quando ano passado derrubou do conselho deliberativo do FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador os representantes da classe patronal. O FAT é uma mina de ouro, dinheiro do FGTS que irriga fundos de pensão e investimentos diversos do governo federal , através da única caneta do ministro no cargo.

Foi um claro movimento de Lupi de que ele queria muito mais que gerar empregos com carteira assinada. Queria controlar o saldo extra do trabalhador. E conseguiu. Até há poucos dias.

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