quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Selo da OAB vai recomendar 90 cursos de Direito no país

O ensino jurídico no Brasil está sucateado. E a culpa é do Ministério da Educação (MEC). Essa foi a conclusão do painel dedicado ao “Direito Social à Educação”, realizado ontem na 21.ª Conferência Nacional dos Advogados, promovida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Curitiba. Para pressionar a melhoria dos cursos de Direito no Brasil, a Ordem decidiu voltar a indicar instituições bem avaliadas por meio do selo “OAB Recomenda”, que divulgará hoje uma lista com 90 instituições aprovadas pela entidade. “O ensino jurídico no Brasil registra hoje um estado caótico e o MEC, reduzindo cada vez mais as exigências de qualidade dos cursos, só favorece os donos das indústrias de diplomas”, lamentou o presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante Júnior. “Temos de privilegiar o ensino superior no Brasil, mas sem prejudicar a qualidade com o afrouxamento das regras, como tem acontecido”, continuou. O ministro da Edu­cação, Fernando Haddad, confirmou a presença no evento, mas não compareceu.

As 90 instituições que recebem hoje o selo da OAB passaram por uma avaliação técnica feita a partir de um conceito formado pela média ponderada da nota nos últimos três Exames de Ordem mais a pontuação do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). “Na lista estarão todas as universidades que obtiveram a nota mínima de “5” em um intervalo de 0 a 7,25”, explica o membro das comissões de Educação Jurídica e do Selo da OAB Álvaro Melo Filho.

Sobre a possibilidade de acabar excluindo da lista alguma instituição de qualidade, que teve problemas com a participação dos alunos no Exame de Ordem ou no Enade, Melo Filho insistiu que o objetivo da OAB não é punir ninguém. “O selo não pode ser injusto. O selo existe apenas para premiar as instituições exemplares que levam em conta a qualidade e não a quantidade do ensino jurídico”, afirma.

Expansão

O Brasil conta hoje com 1.219 cursos de Direito e 655 mil alunos matriculados. Por ano, formam-se entre 80 e 100 mil bacharéis – o equivalente a dez alunos por hora. O crescimento desse exército de bacharéis foi responsável pelo aumento em 310% no número de inscritos nos últimos dez Exames Unificados de Ordem. Nesse mesmo período, a aprovação no Exame caiu 50% – na última edição apenas 15% dos 121 mil inscritos superaram as provas.

De acordo com Melo Filho, o argumento utilizado pelo Con­­selho Nacional de Educação (CNE) – o da necessidade social – não pode ser utilizado para justificar a criação de novos cursos de Direito. “A necessidade social deve atender aos postulados constitucionais da razoabilidade e da proporcionalidade. Se uma cidade tem apenas 100 mil habitantes, não se justificam mais de 100 vagas para cursos de Direito. E não é só isso, é preciso ver se a instituição contemplada tem capacidade para oferecer cursos de qualidade com todos os re­­quisitos para que o curso de Direito seja como se espera, o que não acontece em muitas instituições”, afirmou. “Mesmo assim os cursos são aprovados e o MEC é conivente com isso”, complementou.

Ausências

O ministro do Supremo (STF) Luiz Fux e o ministro da Educação, Fernando Haddad, entraram na lista de faltosos da conferência. Na segunda-feira, já havia se sentido a ausência dos ministros do STF Gilmar Mendes e José Dias Tóffoli. Todos eles haviam confirmado presença. (GP)


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