quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Crianças são principal alvo de crime sexual

Crianças de até 11 anos de idade, seguidas de adolescentes entre 12 e 18, são as maiores vítimas de violência sexual em Curitiba. Essas faixas etárias respondem por oito entre 10 dos casos de conjunção carnal e ato libidinoso registrados neste e no ano passado pelo Instituto Médico Legal (IML). Já as mulheres entre 19 e 50 anos são as principais vítimas de lesão corporal, respondendo por 73% das ocorrências. Do total de casos de conjunção carnal registrados neste ano, 42% tiveram como vítimas crianças de até 11 anos e 38%, adolescentes de até 18. Os atos libidinosos, por sua vez, são mais frequente na faixa dos 12 aos 18 anos. Os exames feitos neste ano em adolescentes superam o ano inteiro de 2010. Até agora foram 131, contra 112 de janeiro a dezembro de 2010.

O levantamento só foi possível porque a presidente da As­­sociação dos Médicos Legistas do Paraná, Maria Letícia Fa­­gundes, criou junto com a Companhia de Informática do Paraná (Celepar) uma metologia capaz de contabilizar os exames feitos pelo IML. Os dados não permitiam saber nem a faixa etária em que o problema era mais recorrente. As informações estavam disponíveis, porque o IML é informatizado, mas não havia uma maneira de estratificá-las. Em março, Maria Letícia reformulou os questionários de pesquisa com as vítimas e propôs à Celepar a criação de um sistema próprio para análise dos dados.

Para a médica, que é ginecologista e há 17 anos trabalha no IML, essas estatísticas permitem uma postura analítica para a segurança pública. “Se há crianças e adolescentes mais molestadas, não adianta au­­mentar o policiamento na rua, porque o problema está dentro de casa”, diz. Essa violência, salienta a médica, só será reduzida quando a família tiver melhores condições de subsistência, como moradia, educação, emprego e lazer.

Para a médica, a constatação de que as maiores vítimas têm menos de 18 anos representa um revés no senso comum. “A sociedade imagina que as mulheres entre 20 e 30 anos são os alvos preferenciais porque já são mulheres formadas. Com esses dados vemos que não. Diariamente recebemos crianças de 1, 2, 3 anos se submetendo a perícias para comprovar abuso sexual”, diz.

As estatísticas, no entanto, não retratam toda a realidade. “Esse número deve ser maior, se pensarmos que entre dar queixa e ir ao IML grande parte desiste. Isso sem contar os casos em que as mulheres nem chegam a prestar queixa por medo”, avalia a médica. Ainda assim, a nova estatística é um avanço para a melhor compreensão de um problema que não distingue classe social. O sistema ainda será aperfeiçoado de forma a expandir o perfil da vítima, mas, pela percepção de Maria Letícia, embora pessoas de condições culturais e socioeconômicas desfavoráveis sejam a maioria, há casos de famílias com diploma de curso superior.

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