domingo, 20 de novembro de 2011

Índios do MS se preparam para resistir a ação de fazendeiros

Cerca de 70 índios guarani-caiuá das aldeias de Amambai, a 342 quilômetros de Campo Grande (MS), na fronteira com o Paraguai, engrossaram o contingente de indígenas do acampamento Guaviry, palco do episódio que as entidades ligadas à questão indígena classificaram de “massacre”. Na manhã da última sexta-feira, cerca de 40 pistoleiros teriam atacado o acampamento, matado a tiros o cacique Nísio Gomes e sequestrado dois adolescentes de 12 anos e um criança de 5 anos. De acordo com informações do coordenador estadual do Conselho Idigenista Missionário (Cimi), Flávio Vicente Machado, os índios afirmam que não vão deixar a área e prometem resistir.

O clima voltou a ficar tenso no final da tarde de sábado. Flávio Machado disse que recebeu informação dos índios que os dois ônibus que transportavam os moradores da aldeia de Amambai foram interceptados por fazendeiros, quando seguiam para o acampamento.

- Os ocupantes das caminhonetes tentaram impedir que eles passassem. Houve uma escolta ostensiva aos ônibus. A intimidação só não se concretizou porque haviam policiais na região, mas o risco de novos ataques ao acampamento indígena é iminente e real – afirmou Flávio Machado.

Segundo o coordenador do Cimi, cerca de 200 índios estão no acampamento Guaviry, aguardando a localização do corpo de Nísio Gomes, para que ele seja enterrado conforme a tradição dos guarani-caiuá. Flávio Machado afirmou que desde o início da mobilização para a retomada da área de onde foram expulsos no final da década de 70, eles estão determinados a resistir e não deixar o local. O acampamento fica próximo às fazendas que seriam áreas indígenas e estão em processo de demarcação.

- Desde o início da ocupação eles sempre diziam que só saem de lá mortos. O Nísio dizia isso sempre, antes de morrer – disse Machado.

Segundo Egon Heck, do Cimi de Dourados, o índio Valmir Cabreira, que viu o pai sendo morto pelos pistoleiros, disse que ferido Nísio Gomes ainda mandou recado a ele, Valmir, dizendo: “Vocês não deixem esse lugar. Cuidem com coragem essa terra. Essa terra é nossa. Ninguém vai tirar vocês...cuidem bem da minha neta e de todas as crianças. Essa terra deixo na tua mão (Valmir). Guaviry já é terra indígena”.

Flávio Machado disse que existe uma outra preocupação além da investigação para descobrir onde está o corpo do cacique e também quem são os autores do “massacre”. É a segurança dos índios que estão no acampamento. O coordenador do Cimi defende que esse trabalho seja feito por policiais de fora do Estado, preferencialmente pela Força Nacional.

- Os policiais daqui também podem sofrer intimidações. Afinal, estão mexendo com o grande capital – afirmou. (AG)




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