segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Delator chega à PF com áudios de suposto esquema no Esporte

Após ter prometido um "nocaute" com novas provas que denunciariam um esquema de corrupção no Ministério do Esporte, o policial militar e principal delator do caso, João Dias Ferreira, chegou na manhã desta segunda-feira à Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, com 13 arquivos de áudio que comprovariam as acusações. Entre eles estaria a gravação de um reunião da qual teria participado quatro secretários da pasta. "As provas estão se materializando", disse ele ao chegar ao prédio.

Além dos áudios, Ferreira afirma ter levado cópias de documentos que teriam sido forjados na época da operação Shaolin, na qual ele mesmo responde inquérito. No entanto, nenhuma das provas apontaria para uma possível participação direta do ministro Orlando Silva no suposto esquema, questão que foi rebatida pelo acusador. "Se a reunião é feita no 7º andar (do prédio do ministério), na secretaria-executiva, se a reunião é feita sobre o assunto Segundo Tempo, se a reunião é feita com a cúpula, não tem para onde correr, é diretamente interesse do ministério", disse ele, sugerindo a participação do ministro.

Um dos áudios levados por Ferreira seria o de uma conversa de abril de 2008 entre ele, o chefe de gabinete da Secretaria de Esporte Educacional, Fábio Hansen, e o chefe de gabinete da secretaria executiva do Ministério do Esporte, Charles Rocha. De acordo com a revista Veja, o arquivo mostra que foi feita uma fraude para evitar que o policial fosse acusado de desvio de dinheiro de um convênio da Organização Não Governamental (ONG) que presidia com o programa esportivo federal Segundo Tempo.

Ferreira disse ter uma relação de 300 entidades que teriam se beneficiado do esquema, as quais ele chama de "caixas-pretas". O PM também confirmou que prestará esclarecimentos a deputados na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados. Ele foi convidado a falar nesta quarta-feira, em um cochilo da base aliada do governo.

O delator ainda prometeu divulgar, até quarta-feira, oito vídeos que mostrariam o ex-funcionário do Instituto Novo Horizonte Michael Vieira negociando delação premiada com autoridades locais do Distrito Federal em troca de acusações supostamente falsas contra o policial.

Não é a primeira vez que Vieira aparece em denúncias sobre o programa Segundo Tempo. No ano passado, durante campanha eleitoral da candidata Weslian Roriz (que assumiu a corrida eleitoral após seu marido, Joaquim Roriz, ser barrado pela lei da Ficha Limpa), Michael Vieira havia apontado o PCdoB como operador de um esquema de corrupção no programa esportivo, na época, comandado pelo então ministro Agnelo Queiroz. Weslian era a principal candidata de Agnelo na disputa pelo governo do DF.

As acusações contra Orlando Silva


Reportagem da revista Veja de outubro afirmou que o ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), lideraria um esquema de corrupção na pasta que pode ter desviado mais de R$ 40 milhões em oito anos. Segundo o delator, o policial militar e militante do partido João Dias Ferreira, organizações não-governamentais (ONGs) recebiam verbas mediante o pagamento de uma taxa que podia chegar a 20% do valor dos convênios. Orlando teria recebido, dentro da garagem do ministério, uma caixa de papelão cheia de cédulas de R$ 50 e R$ 100 provenientes dos desvios que envolveriam o programa Segundo Tempo - iniciativa de promoção de práticas esportivas voltada a jovens expostos a riscos sociais.

João Dias Ferreira foi um dos cinco presos no ano passado pela polícia de Brasília sob acusação de participar dos desvios. Investigações passadas apontavam diversos membros do PCdoB como protagonistas das irregularidades, na época da Operação Shaolin, mas é a primeira vez que o nome do ministro é mencionado por um dos suspeitos. Ferreira, por meio da Associação João Dias de Kung Fu e da Federação Brasiliense de Kung Fu, firmou dois convênios, em 2005 e 2006, com o Ministério do Esporte.

O ministro nega as acusações e afirmou não haver provas contra ele, atribuindo as denúncias a um processo que corre na Justiça. Segundo ele, o ministério exige judicialmente a devolução do dinheiro repassado aos convênios firmados com Ferreira. Ainda conforme Orlando, os convênios vigentes vão expirar em 2012 e não serão renovados. (Terra)

0 comentários :

Postar um comentário

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | belt buckles